É preciso superar a psicose belicosa

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Jaime Caicedo
15/01/2008

 

Reconhecer a insurgência como força beligerante é uma proposta razoável. A negação do contrário é uma atitude irracional.

 

A qualificação de "terroristas" para as organizações guerrilheiras colombianas foi imposta pelo governo estadunidense. O Plano Colômbia, de aparência inicial anti-narcóticos, tornou-se projeto anti-guerrilheiro com a mudança de Bush na política exterior ianque, em 2001. A União Européia adotou esse critério ulteriormente.

 

A política de "segurança democrática" fundamenta-se na teoria de que na Colômbia não existe um conflito político e social e sim uma "ameaça terrorista". Em 2008 o governo triplicou o orçamento de guerra para custear a ofensiva gera contra-insurgente. Não existe uma política de paz e sim de guerra. Uma nova lei pretende converter a contra-insurgência e a repressão social em política institucional.

 

A libertação de Clara Rojas e Consuelo González mostra fatos novos, não só a esperança de libertação para pessoas em poder da insurgência. Para vários governos da América Latina há na Colômbia um regime surdo, cego e insensível perante a dor humana e frente ao imperativo de uma saída não-militar ao conflito realmente existente. Esse regime nega-se a reconhecer esse conflito e os seus adversários políticos insurgentes. Simultaneamente, tenta dar status políticos aos chefes dos esquadrões da morte vinculados ao narco-paramilitarismo. A extrapolação da "segurança democrática" aos países limítrofes e a corrida armamentista estimulada pela ajuda militar dos Estados Unidos estende a preocupação pelo curso da situação colombiana ao resto do continente.

 

Desbloquear o fechamento do regime colombiano converte-se numa prioridade da América do Sul e áreas vizinhas. Trata-se de uma janela para a solução política, não-militar, de um problema real e inegável. O drama humanitário é a sua faceta mais aguda.

 

O ex-presidente Andrés Pastraña, o qual diz que o pedido de Chávez é "uma chantagem", dialogou com as FARC e o ELN nessa qualidade. O retrocesso que vivemos em termos de busca da paz é evidente.

 

A França e o México reconheceram a FMLN salvadorenha, em 1982. A partir daí uma solução dialogada, negociada entre as partes, e apoiada internacionalmente, foi possível.

 

Publicado originalmente por http://www.resistir.info.

 

 

Jaime Caicedo é secretário do Partido Comunista Colombiano.

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