As Sem Terra
- Detalhes
- Julio Cesar de Castro
- 20/10/2008
Do Incra não se havia inda clicado o ar refrigerado
Nem metrópole formiguejado o dia, no entanto
Tampouco esnobe de toga o sem-terracídio julgado
Quando as guerreiras, fibras deste solo, a brado e canto
À bandeira erguida em cores de sangue e verde maná
– "Latifúndio à vista, companheirada! É socializar!"
Adentravam cercas para o plantio do sadio ganha-vida
E resgatar a Terra adorada do devastador transnacional.
São Olgas por natureza, Rosas camponesas à lida
Agroecológicas militantes, viçosas, prenhes do Ideal
Orgânicas transformadoras de "sina" ao deus-dará
Em seus lenços e chapéus sob a soalheira agrária
– "Que Bolsa Família, que nada! Mãos são pra semear!"
Tão 8 de Março, poder do gênero, beleza revolucionária!
As insurgentes Sem Terra... conscientemente destemidas
A estender superação para as parceiras da luta operária.
E na florada de violas canoras e sanfonas gemidas
Hinos, serestas, rebolado , sedução...quentes e cheirosas
Estão elas! Elas, formosas mulheres do acampamento
– "Hum! Vêm, vamos campear um amor, companheiros!"
Brotando aos olhos, acasalando os sonhos... as amorosas
Namoradas do campo, na mística de encantamento
Na fertilidade dos beijos, à fartura de sorrisos prazenteiros
Para a colheita de grãos da poesia no social da terra – ah!
Elas, na vigília e na formação dos Sem Terrinha fagueiros
Preparando-os, filhos e filhas da luta pela Soberania Popular
Na liberdade criadora de seres humanos fraternos e felizes
Sem alcoolismo, tabagismo, preconceitos, estresse depressivo
No exercício da universidade da Vida, eternos aprendizes.
As autênticas e valorosas Sem Terra, com essência singular
Que, instadas ao senso crítico, encantadoramente exatas, no crivo:
– "Pra escandalizar a burguesia, nós não somos mercadoria; tá!"
Julio Cesar de Castro presta assessoria técnica em construção civil.
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