Por que não precisamos gerar energia em centrais nucleares

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Joaquim Francisco de Carvalho
14/03/2011

 

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o potencial hidrelétrico brasileiro é de 261.000 MW, dos quais 172 mil anda não estão em aproveitamento.

 

Considerando que a Região Norte detém 65% do potencial a aproveitar e admitindo-se que, por motivos de caráter social e ambiental, os planos de expansão sejam reformulados, para se limitar a apenas 80% o potencial a aproveitar, ainda assim (incluindo-se as pequenas centrais hidrelétricas), o Brasil poderá adicionar uma capacidade hidrelétrica de 137,6 GW aos 71,2 GW já instalados, perfazendo uma capacidade hidrelétrica total de 226,5 GW.

 

A interligação do sistema hidrelétrico com o sistema eólico permitiria que parte da energia gerada pelas centrais eólicas fosse armazenada – isto é, acumulada na forma de água nos reservatórios hidrelétricos – de maneira semelhante às malhas termo-eólicas de alguns países europeus, nas quais a energia das eólicas permite que se economize gás natural ou óleo combustível.

 

Este sistema poderia operar em sinergia com usinas termelétricas a biomassa, pois a colheita da cana de açúcar ocorre durante as estações secas, e a frota automotiva brasileira é em grande parte alimentada com etanol, forçando a produção de bagaço de cana em escala suficiente para alimentar termelétricas de pequeno e médio porte, totalizando, em conjunto, uma capacidade da ordem de 10.000 MW por volta de 2012, segundo a ÚNICA. Como o esmagamento e demais etapas do processamento da cana para a produção de etanol ocorre ao longo de oito meses por ano, o fator de capacidade do conjunto das termelétricas a bagaço pode passar de 50%.

 

De acordo com o IBGE, a população brasileira deverá se estabilizar em 215 milhões de habitantes, por volta do ano 2040, assim, o sistema integrado hidro-eólico-térmico (a bagaço) teria um potencial suficiente para oferecer à população, em termos per capita, eletricidade em níveis equivalentes aos de países de alto padrão de qualidade de vida.

 

Portanto, ao contrário de países como a França e o Japão, que não têm outra alternativa, o Brasil não precisa correr o risco de gerar em centrais nucleares a energia elétrica de que precisa ou precisará. Isso não significa que se ponha em dúvida a importância das aplicações de radioisótopos na medicina, na agricultura e na indústria. Mas isso nada tem a ver com as centrais nucleares de produção de energia elétrica.

 

Veja, abaixo, os números publicados pela EPE, que confirmam o que afirmo.

 

150311_pot_hidreletrico.jpg

 

150311_pot_eolico.jpg

 

 

Joaquim Francisco de Carvalho, licenciado em Física e mestre em Engenharia Nuclear, foi engenheiro da CESP.

 

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