A eleição de Obama

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Gilvan Rocha
09/11/2012

O capitalismo, apesar de exaurido, exerce uma hegemonia política quase absoluta em escala mundial. Não existem movimentos anticapitalistas que mereçam ser citados. No dia 06/11/2012, tivemos uma renhida disputa eleitoral nos EUA. Disputavam duas grandes correntes políticas: uma de extrema-direita, representada pelo Partido Republicano, e outra de direita moderada, representada pelo Partido Democrata.

 

O extremo direitismo dos republicanos vai tão longe que eles, em campanha, não se cansavam de acusar Barack Obama de socialista e até mesmo de bolchevique. Assim faziam porque as massas populares norte-americanas foram ganhas, política e ideologicamente, para o mais ferrenho e obstinado anticomunismo. Para esse trabalho de lavagem cerebral, foi de grande importância a contribuição que deu o stalinismo-trotskismo, quando de forma equivocada negou-se a reconhecer em tempo hábil a derrota da revolução socialista em escala mundial e, especificamente, na própria Rússia.

 

Usando, indevidamente, o carimbo de “marxismo-leninismo”, ou mesmo de “marxismo-leninismo- trotskismo”, esses senhores se negaram a ver que, ao invés de socialismo, o que se construía na URSS era o capitalismo de Estado, com todas as suas desastrosas consequências.

 

Diante desse quadro, sumamente trágico, a burguesia internacional, após criar um cordão de segurança anticomunista, através da implantação dos chamados Estados de Bem Estar Social, levou avante um eficaz trabalho de propaganda, expondo o totalitarismo praticado naqueles países que compunham um pretenso mundo socialista. Fieis às resoluções tomadas no X Congresso do Partido Comunista Russo em 1921, os marxistas-leninistas-trotskistas levaram até as últimas consequências a completa supressão do livre debate, a imposição do partido único, enfim, o Estado policial.

 

Assim, espertamente, as forças políticas do capitalismo exibiam aquele quadro como decorrência natural e imperativa do movimento socialista, e contra aqueles absurdos exibiam a democracia burguesa, amplamente exercitada nos países capitalistas avançados, como os da Europa Ocidental, o Japão e os Estados Unidos – isso após a Segunda Grande Guerra.

 

Ninguém fez tanto pelo “anticomunismo” como esses longos anos de stalinismo, e aí está: o mais avançado país capitalista acerbamente dividido entre uma direita fascista e outra moderada, como bem retrata a eleição de Barack Obama.

 

Gilvan Rocha é militante socialista e membro do Centro de Atividades e Estudos Políticos.

Blog: www.gilvanrocha.blogspot.com

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