Rio ou Ria de Janeiro: velha, decrépita e injusta

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Raymundo Araujo Filho
06/03/2012

 

Aprendemos erradamente nos bancos escolares que os portugueses aqui chegando confundiram a Baía de Guanabara com a foz de um rio, e por isso o nome Rio de Janeiro. Hoje sabemos que Ria nada mais é do que Baía em português arcaico, corrigindo tal erro histórico sobre a origem do nome dado à ex-Cidade Maravilhosa. Ainda mais, pois, estando o Américo Vespúcio a bordo da nau da Expedição de Gonçalo Coelho, o maior cartógrafo da época, que não confundiria a foz de um rio, daquele tamanhão, com a “boca” de uma baía que se abre ao mar. Como vemos, muita coisa tem de ser colocada no lugar em relação à Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, a ex-Cidade Maravilhosa.

 

Urde nos meios de comunicação nacionais e internacionais a exposição do Rio, alçando esta cidade ao patamar de um dos locais de maior procura turística no mundo, e não mais só no Brasil.

 

Isto se coaduna com o plano de transformar a cidade, que tem dentro de si e em seu entorno metropolitano cerca de 70% da população do estado do RJ, em uma cidade “off shore”, ou seja, que viva principalmente de mega-eventos “de dentro para fora”, que nada têm a ver com a cidade, com a vida dela, com o seu aprimoramento cultural e financeiro. Pois os resultados destas iniciativas vão para os bolsos de mega-empresários, que faturam alto pagando muito pouco aos trabalhadores e pelos aluguéis dos equipamentos urbanos que utilizam para instalarem seus projetos.

 

Assim, esta cidade sofre hoje, na data de seu 447° ano, um dos maiores assédios de sua história, que querem chamar de urbanístico, mas é apenas empresarial, promovendo modificações estruturais que, definitivamente, não favorecem a população em geral, mas somente os empresários donos de negócios rentáveis - além de seus governantes que ganham o agradecimento de quem agraciaram, já sabemos sob que formas.

 

Assim, no seu quase meio milênio de vida, a ex-Cidade Maravilhosa tem sido vítima de, por exemplo, remoções e mais remoções de populações pobres de áreas de interesse empresarial, como são as áreas próximas a Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, em um plano urbanístico tipicamente elitista, visando a ocupação empresarial de áreas que estão valorizadas artificialmente pela consecução de mega-eventos “off shore”, como são o Rock In Rio, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, Encontro de Jovens Católicos, Jogos Mundiais Militares, Rio + 20, Jogos Pan-americanos. Entre outros que, por aqui, acontecem com freqüência tal que proporcionam a falsa impressão de grande atividade turística “normal, o que é uma mentira. É como se Paris e Nova York precisassem de eventos e mais eventos de mega-porte para atraírem turistas. Entenderam a diferença?

 

Aqui é o turismo “pega no tranco”, trazendo gente descompromissada com qualquer espírito de conservação de um patrimônio da humanidade, como dizem que esta cidade é - ao menos em algumas áreas com tal denominação.

 

Na verdade, eu ia escrever um artigo com o nome as rugas da Vanessa Redgrave. Acontece que acabei de ver um filme sobre as safadezas dos EUA, e dos países da Europa em geral, na questão da Bósnia, onde se estabeleceram as ONGs humanitárias, na verdade agentes da prostituição, seqüestro, escravização de moças e assassinatos de “rebeldes”. A grande atriz fez o papel de uma das pessoas que conseguiram denunciar e condenar alguns agentes, um deles ao menos, o mesmo que fechou contratos com Bush pai para a “reconstrução” do Iraque. O filme foi baseado em fato real.

 

Eu ia comentar que a Vanessa Redgrave estava soberba, com as suas rugas que definem a sua idade já não jovem, mas sim avançada, dando-lhe uma aparência digna, de uma idosa atuante e inteligente, que não rejeita histericamente o chegar da idade, como faz, por exemplo, a maior parte das atrizes, atores e apresentadoras(es) da TV. Notadamente as brasileiras, que desde a meia idade, quando não antes, passam a mostrar peitões e que tais siliconados, “bocas de tamanco”, por uso de Botox, deformando-lhes o corpo, talvez no mesmo sentido que suas mentes se deformaram, de tanta alienação que lhes é peculiar. Recomendo um espetáculo de fotos da grande diva Vanessa Redgrave, apenas escrevendo seu nome em portal de busca, e deliciando-se com mais de uma centena de fotos dela. Foi bonita demais na juventude e meia idade, e continua linda e digna na terceira idade.

 

Em vez deste artigo sobre a diva, preferi este sobre a decrépita ex-Cidade Maravilhosa, cujos governantes gastam bilhões em reformas de fachada, mas que, no seu 447°, presentearam a cidade com:

 

 

Querem mais? Venham para o Rio e ainda assistam na TV Globo que aqui todo mundo é feliz, é cordial e vivemos rindo de tudo, além do que “ser carioca é um estado de espírito” e, por isso, até a Ana Maria Braga se diz carioca, uma carioca... nascida em São Paulo (sem querer ofender os meus amigos e parentes paulistas, mas não sei se um baiano pode se dizer “paulista nascido na Bahia”, assim impunemente...).

 

Fico com o poemeto do artista popular Escaramuça, que diz:

 

O meu coração rural

Ri do Rio

De Janeiro a Janeiro

 

Raymundo Araujo Filho é médico veterinário e carioca, DOA A QUEM DOER.

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