Obama, o amigo do Brasil

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Wladmir Coelho
22/03/2011

 

Em 2009, o assessor de segurança nacional do presidente Obama, General James Jones, reunia-se com o então ministro do planejamento brasileiro Paulo Bernardo. Desta reunião noticiou-se um empréstimo de 10 bilhões de dólares para o financiamento da exploração petrolífera no Brasil.

 

O empréstimo seria efetivado através do Export-Import Bank (Ex-Im Bank) e, do total anunciado, dois bilhões de dólares foram liberados naquele mesmo ano. Transcorridos dois anos o presidente Obama, em visita ao Brasil, anuncia a liberação de mais um bilhão de dólares do montante acertado com o general Jones. Todavia estes recursos não devem sair dos EUA e muito menos entrar nos cofres do Tesouro brasileiro, ficando restrita sua utilização ao pagamento de equipamentos adquiridos junto às empresas instaladas naquele país.

 

O motivo desta operação é fácil de entender. Apesar de possuir denominação de banco, o Ex-Im Bank atua, conforme explica o seu site, como agência governamental cuja missão é "ajudar a manter empregos nos EUA e contribuir para o fortalecimento da economia nacional" não atuando diretamente no mercado financeiro. Deste modo torna-se necessário a intermediação de um banco comercial para efetivar a operação de empréstimo.

 

O banco escolhido para repassar os valores acertados para a compra de equipamentos para a exploração do pré-sal foi o JP Morgan, que atua diretamente no mercado energético possuindo o controle ou participação em empresas de extração, transporte e tecnologia para o setor petrolífero, apresentando ainda a condição de grande especulador dos papeis de venda do petróleo e classificador dos níveis de risco do mercado energético.

 

Primeira observação óbvia: o JP Morgan vai ganhar cobrando os juros e a comissão; suas empresas, com a venda de equipamentos dos EUA para a exploração de petróleo no Brasil. Isto sim é "equilíbrio nas relações comerciais", o resto é bobagem.

 

Vamos somando tais informações à crescente concentração observada no mercado de equipamentos para o setor petrolífero, atuando a estadunidense General Eletric (GE) de forma agressiva e adquirindo o controle de empresas em todo o mundo. Apenas um parêntese histórico: A GE foi criada em 1891 a partir da fusão entre a Edson General Eletric e Thompsom Houson Eletric, através de uma operação financiada por JP Morgan.

 

No Brasil a GE, graças à reforma constitucional do governo Fernando Henrique Cardoso mantida por Lula e Dilma, é considerada empresa "nacional", constando nos tais "elevados índices de nacionalização" da exploração do pré-sal, recebendo, desta forma, tratamento diferenciado. A mesma GE será beneficiada através do empréstimo do Ex-Im Bank/JP Morgan também nos EUA, ficando o Brasil com os encargos do empréstimo e remessa dos lucros da empresa estadunidense. Os acionistas da GE, dentre eles o JP Morgan, agradecem a cordialidade brasileira.

 

A visita do presidente Obama ao Brasil ainda serviu para confirmar sua plena satisfação diante da legislação para o petróleo do pré-sal, considerando-se a inexistência de comentários quanto à "excessiva" presença estatal no setor. O presidente dos EUA sabia e aprovou desde a visita da então ministra Dilma, acompanhando o presidente Lula, aos Estados Unidos que a Petrobrás seria utilizada para financiar os oligopólios, assumindo a condição de operadora e não controladora dos campos petrolíferos.

 

Com a partida do presidente dos EUA, ficou a certeza da manutenção da tradicional política econômica colonial brasileira, agora assumindo a condição de potencial fornecedor de petróleo bruto ao império.

 

Enquanto isso, a população dos países árabes mostra as conseqüências destas políticas coloniais, observadas na desnacionalização da economia, desemprego e implantação de governos ditatoriais.

 

Tentando perfumar a velha política entreguista, o presidente Obama reservou ao Brasil a classificação de democracia, apontando a estabilidade política como principal motivo para ampliação do comércio de petróleo. Mentira. Os Estados Unidos precisam controlar cada gota de óleo do mundo e o pré-sal brasileiro é apenas mais uma reserva.

 

Esta estória de estabilidade política os EUA garantem em qualquer lugar, bastando para isso impor um ditador ou, em caso de falha deste método, enviar os seus porta-aviões e "mísseis humanitários".

 

Torna-se necessário uma revisão urgente da legislação do petróleo no Brasil. O país caminha para a entrega desta preciosa riqueza abrindo mão da utilização do poder econômico resultante da exploração petrolífera em beneficio do desenvolvimento nacional.

 

Wladmir Coelho é mestre em direito, historiador e também conselheiro e pesquisador da Fundação Brasileira de Direito Econômico.

Contato: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

Artigo originalmente publicado em http://www.diarioliberdade.org/

 

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