A vitória de Marina

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Roberto Malvezzi (Gogó)
05/10/2010

 

Marina é a única vitoriosa nessa eleição. Lula e Dilma perderam – ainda que venham a ganhar – e o tucanato praticamente foi extinto.

 

Necessariamente terá que haver uma nova formatação partidária no Brasil. Aqui na Bahia, toda a descendência política de ACM foi eliminada. O que parecia insuperável há dez anos, hoje, politicamente não existe mais.

 

Nesses últimos anos, o PT e Lula deram-se ao luxo de jogar a ética no lixo, de desprezar amigos de caminhada, de eleger "os ambientalistas, índios, negros e ministério público" como "inimigos do desenvolvimento". Ironizaram "as pererecas e os bagres". Violaram os direitos coletivos de indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais em nome do desenvolvimento. Promoveram a volta das grandes obras como barragens, transposição e introduziram o Brasil no rol das energias sujas, como atômica, termoelétricas, daí por diante. O diálogo foi impossível e os protestos foram inúteis. Estavam seguros de que não haveria reação, muito menos eleitoral.

 

Marina quebrou o plebiscito estabelecido por Lula e injetou a causa ambiental no cenário político. Estamos falando de questões essenciais, não de bobagens que podem ser ironizadas a qualquer preço.

 

Vai depender de Marina. Se ela quiser pensar mais fundo o modelo econômico e energético, se quiser ter mais proximidade com os movimentos sociais, com as bases, de onde ela veio. Se ela não se esquecer de sua causa, de seus aliados. Se for capaz de aglutinar, não permitindo que o rei cresça em sua barriga, imaginando que seja a melhor ou até mesmo a única. Até hoje tem sido simples, humilde e, fora as contradições que protagonizou no próprio governo Lula, coerente.

 

Marina e sua causa venceram e trazem 20 milhões de votos, sem máquina, como presença estranha no jogo. Tem méritos. Se mantiver sua coerência, diante dos desastres dantescos promovidos pelas questões ambientais, particularmente as mudanças climáticas, será presidente do Brasil.

 

Os caminhos da história passarão por aí. Nesse segundo turno, a gente evita o pior dos piores. 

 

Roberto Malvezzi (Gogó), ex-coordenador da CPT, é agente pastoral.

 

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