Lobby internacional começa a dar resultados

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Fernando Leite Siqueira
05/06/2009

 

Temos dito e repetido que os dois segmentos por trás do lobby internacional sobre os três poderes da nossa República são os EUA, que só tem 29 bilhões de barris de reservas e consomem 10 bilhões por ano, e o cartel internacional das Sete Irmãs, que já tiveram 90% das reservas mundiais sob seu domínio e hoje têm cerca de 3% apenas. O pré-sal pode ajudá-las a sobreviver.

 

Esses dois blocos de poder jogam pesado na obtenção de reservas por todo o mundo: suborno, corrupção, assassinato de líderes e invasão de países com reservas de recursos não-renováveis, como petróleo e minérios estratégicos.

 

Na era Obama, ao contrário da era Bush, a atuação tem sido mais sutil: massagem no ego do "público alvo". Vejamos alguns exemplos: 1) Obama diz que Lula é ‘o cara’ (My Man), portanto, o líder mais popular do mundo; 2) Câmara de Comércio Brasil-EUA homenageia Gabrielli com o título de "homem do ano"; 3) O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, foi homenageado pela Câmara Brasileira de Comércio da Grã-Bretanha, no dia 20 de maio, sendo agraciado com o título de "Personalidade do Ano".

 

A solenidade de agraciamento ocorreu em um jantar de gala realizado no Hotel Dorchester de Londres, Inglaterra. Falando francamente, não há um único requisito em Lobão para justificar tal título. A não ser o golpe no ego para abrir a sua guarda para as corporações estrangeiras que querem manter a atual legislação do petróleo, favorável a eles. É o lobby domesticando o Lobão.

 

Portanto, quando Lobão declara em Londres que "a Petrobrás não pode encarar sozinha a grande tarefa de desenvolver o pré-sal", e acrescenta que "certamente faremos leilões no próximo ano", aparece o efeito do novo tipo de assédio.

 

Lobão disse ainda esperar que o Congresso aprove a proposta do grupo interministerial, encampada pelo presidente Lula, ainda este ano, para retomar os leilões no fim de 2011. Segundo a imprensa, Lobão e Dilma declararam que as áreas serão entregues à empresa que oferecer maior percentual de participação para a União. "Se a Petrobrás não quiser participar dos leilões, é problema dela".

 

Já vimos filmes parecidos com este: no 6º leilão, a norte-americana Devon ganhou parte do bloco BC-60 ("filé mignon") oferecendo um percentual de conteúdo nacional inviável. A ANP havia dado um peso de 40% nesse requisito. A Devon, até então parceira da Petrobrás - portanto, sabia da oferta dela -, "divorciou" e fez uma proposta vitoriosa pagando menos que a oferta da Petrobrás. No 9º leilão, a empresa OGX, do magnata Eike Batista, comprou alguns geólogos da Petrobrás (pagando salários altíssimos) e quando o leilão terminou, eles saíram da Petrobrás para aquela empresa. Resultado: a Petrobrás fez oferta para 57 blocos e perdeu cerca de 20 para Eike.

 

Relembremos que já no governo de transição estivemos com a Dilma e ela nos perguntou como parar o 5º leilão. Respondemos que ele já estava muito adiantado e que a Petrobrás havia arrematado 75 dos 78 blocos ofertados, portanto, ela deveria cuidar para não haver novos leilões. "Isto é ponto pacífico no governo Lula", disse ela. Um mês depois, emitiu a portaria n., do CNPE, mandando a ANP retomar os leilões. Era a plástica ideológica para se credenciar como candidata a presidente. Assim, a nova estatal apregoada, ao que parece, virá para continuar os leilões e, se possível, alijar a Petrobrás da competição. Lembremos, também, que a norte-americana Halliburton comanda a ANP de fato e Haroldo Lima de direito.

 

Logo, é fundamental que todas as entidades e o povo brasileiro saiam às ruas para defender essa riqueza que pertence à nação brasileira. Se os leilões continuarem, as empresas estrangeiras que ganharem blocos levarão 50% dessa riqueza e ainda terão uma enorme vantagem estratégica: a propriedade do petróleo em detrimento do Brasil.

 

Fernando Siqueira é presidente da AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobras).

 

Artigo originalmente publicado no Portal da AEPET.

 

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