“A obsolescência programada da mercadoria”

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Gilvan Rocha
11/03/2009

 

Gente, quem escreve dessa maneira tem, por acaso, algum interesse em comunicar? Ora, por trás dessa linguagem sofisticada esconde-se, muitas vezes, o puro charlatanismo ou um exacerbado pedantismo. Poucos são os que ousam dizer: alto lá, erudito senhor, não entendemos nada, pois, a rigor, nada foi dito, pelo menos na ótica de quem busca o conhecimento como instrumento militante, transformador e não simplesmente diletante.

 

Pois bem. Um certo senhor, István Mészáros, hoje bastante badalado, lançou no mercado a "genial" tese da "obsolescência programada da mercadoria" que implica tão somente em dizer o que a mais simples dona de casa já percebeu há muito tempo. Trata-se do fato de a indústria capitalista lançar modelos novos de mercadorias com o descarado propósito do modelo 2 tornar obsoleto, démodé, o modelo 1 e o modelo 3 tornar, por sua vez, o modelo 2 ultrapassado, numa seqüência infinita.

 

Com essa denúncia, o que realmente pretende o senhor István Mészáros? Será que ele tem o propósito de provar que o capitalismo é cruel e calculista? Provar que a busca incessante do lucro a qualquer preço, para uns poucos, é a alma desse exaurido sistema sócio-econômico? Nós concordamos com isso, estimado senhor, mas qual a conseqüência positiva para nossa militância socialista que essa denúncia pode trazer?

 

Confessamos que, nesse meio século de militância, em meio às leituras de Karl Marx, Frederico Engels, George Plekanov, Leon Trotsky, Vladimir Lênin e Rosa Luxemburgo, Karl Kautsky, não encontramos essa linguagem imbricada como costuma acontecer nas salas e corredores das academias burguesas que têm uma impossibilidade intrínseca de nos ensinar o essencial, procurando esconder essa impossibilidade, produzindo textos tão complicados quanto ineficazes para orientar nossa militância diária pelo socialismo. Por essa razão, preferimos estar com os que clamam "não deixe que a Universidade atrapalhe seus estudos".

 

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades de Estudos Políticos (CAEP).

 

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