Crise mundial antecipa 2010

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Osvaldo Russo
25/02/2009

 

Desde a sua fundação em 1980, o Partido dos Trabalhadores intervém na vida social e política do país para transformá-la. Expressou sempre a vontade de chegar ao governo e à direção do Estado para realizar uma política democrática, do ponto de vista dos trabalhadores, tanto no plano econômico quanto no plano social. O PT chegou ao governo em centenas de municípios e em vários estados brasileiros.

 

Em 2002, após muitas lutas e embates, o PT, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, chegou ao Palácio do Planalto. Já em segundo mandato, o governo Lula está realizando as mudanças econômicas, sociais e políticas que o país precisa. Em plena crise financeira mundial, o presidente tem aprovação recorde pela imensa maioria da população brasileira - de todas as classes sociais, de todas as idades e de todas as regiões - para que o povo brasileiro possa construir uma sociedade igualitária.

 

A crise mundial que começou e continua intensa nos países mais desenvolvidos, espalha-se pelo restante da economia, reduzindo investimentos e anunciando novas medidas protecionistas que afetam as economias dos outros países. Na sua atual forma neoliberal, diante da crise do sistema capitalista como um todo, o governo brasileiro tem anteparos com a sua presença forte na cena mundial, onde defende reformas radicais e urgentes dos organismos econômicos e financeiros multilaterais, ao contrário de dez anos atrás, quando vivíamos sob a hegemonia das idéias e das práticas neoliberais, dentro de um mundo unipolar, sob a liderança absoluta dos Estados Unidos.

 

O momento de enfrentamento da ideologia neoliberal enseja que os partidos de esquerda e os movimentos sociais realizem um amplo e qualificado debate sobre a crise e as alternativas, inclusive sobre as medidas adotadas pelo governo Lula para enfrentá-la, como mais investimento público, mais mercado interno, mais Estado e mais integração continental, consolidando os avanços na distribuição da renda, mediante o aumento do emprego, a elevação do salário real e os programas de transferência de renda.

 

Nos seus 29 anos, o PT, através de seu Diretório Nacional, aprovou resolução política afirmando que é hora de aprofundar as mudanças e enfrentar o embate ideológico, pois os governos de todos os continentes rasgam as cartilhas neoliberais e recorrem à intervenção estatal e ao protecionismo xenófobo para reduzir a catástrofe provocada pelo cassino financeiro em que transformaram a economia.

 

A oposição aposta no fracasso do governo Lula no enfrentamento da crise. Por isso, a disputa de 2010 está antecipada entre dois projetos. De um lado as forças progressistas e de esquerda, que querem continuar a ação do governo Lula, reduzindo as desigualdades, ampliando o investimento público, fortalecendo a educação, a saúde e o papel indutor e planejador do Estado, gerando empregos e distribuindo renda, com uma política externa soberana e integrada no continente. De outro lado, as forças neoliberais, conservadoras e de direita, que privatizaram, desempregaram e arrocharam o povo brasileiro, adotando em nosso país as mesmas políticas que estão na raiz da crise mundial.

 

É preciso transformar a crise numa oportunidade para acelerar a transição, já iniciada pelo governo Lula, em direção a outro modelo econômico-social, que combine crescimento econômico com distribuição de renda, equidade social, democracia e respeito aos direitos humanos e preservação ambiental. A vitória do projeto progressista e de esquerda dependerá em grande medida da articulação do campo democrático-popular e da construção de um programa de avanços maiores para o próximo mandato presidencial, com ampla participação da cidadania e dos movimentos sociais.

 

A superação da crise aponta ainda para o aprofundamento das reformas que interessam ao país como a tributária, a política e a urbana que inclua socialmente e possibilite a governança das cidades. É preciso também romper as cercas que ainda ligam o Brasil ao colonialismo e ao escravismo, realizando uma reforma agrária ampla que coloque a agricultura familiar no centro do projeto nacional de desenvolvimento sustentável.

 

Osvaldo Russo é estatístico e coordenador do Núcleo Agrário Nacional do PT

 

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