Esquerda: para onde?

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Gilvan Rocha
02/12/2008

 

Bendita polêmica, pois ela sempre alimentou o socialismo. Em má hora foi sepultada pelo stalinismo para dar lugar a um criminoso monólogo em que qualquer tentativa de discrepar era respondida com o silêncio, a calúnia e até o assassinato.

 

Em artigo, sob o título "O caminho se faz caminhando", Acrísio Senna tenta rebater minhas críticas quanto ao caráter eminentemente direitoso do discurso da outrora guerreira Luiziane Lins, ex-parlamentar da boa causa, que terminou por aderir de malas e bagagens ao discurso burguês de que o sistema é bom desde que bem gerenciado. Acrísio propõe discutir os caminhos e caminhares. Isso não. O que deve estar em discussão é para onde caminhar, qual o objetivo. Eis aí o centro da questão

 

Recorrendo a Weber, Acrísio lembra que os teóricos têm que se ater à realidade. Ora, o socialismo atém-se à realidade do mundo capitalista não para a ele se adequar, como pretende o Acrísio, mas para negá-lo e propor a sua superação pelo caminho da transformação. O socialismo não pode ser tido como uma simples profissão de fé guardada no recôndito do coração, algo a ser proclamado em recintos fechados. O socialismo não é um sonho, é antes de tudo uma necessidade histórica.

 

Por sua vez, a denúncia do capitalismo tem que ser assumida de forma clara e objetiva, e nunca algo para ser decifrado por exegetas. Essa denúncia não foi vista na campanha de Luiziane Lins. Reafirmamos que sua campanha foi de direita na forma e no conteúdo, e mais: não houve uma simples aliança, houve, sim, uma adesão ao discurso e à forma de fazer política da burguesia

 

Claro que existem a esquerda autêntica, anti-capitalista, e a esquerda direitosa, que se presta ao papel de muleta para sustentação desse sistema. Esqueceu, por acaso que na Rússia revolucionária existiam uma esquerda real (a esquerda bolchevique) e uma "esquerda" direitosa (a esquerda menchevique, social-patriota), disposta a fazer alianças que serviam à causa burguesa?

 

Caso Weber não nos afaste, espero contrito que Marx nos aproxime. O socialismo haveria de ganhar.

 

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos - CAEP

 

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