Cotidiano

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Otto Filgueiras
27/11/2014

 

 

 

“Toda noite ela diz pra eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pra eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor..”

 

Pavor é que teremos no nosso cotidiano pela frente. Pavor igual à bela música de Chico Buarque de Holanda.

 

No seu segundo mandato, a presidente Dilma (PT) também parece não acreditar numa saída de centro para a crise econômica e escolheu a saída de direita, aumentando a taxa de juros Selic e nomeando alguém de confiança do mercado para o Ministério da Fazenda.

 

Pretendia até nomear Kátia Abreu, inimiga do MST, para o Ministério da Agricultura, mas os defensores da Reforma Politica (acertada entre o PT chapa branca e o PMDB) reclamaram.

Enquanto isso, os fascistas, que defendem a volta da ditadura militar, estão se fortalecendo, agridem comunistas nas ruas ou quem se veste de vermelho.

 

É o resultado dos anos de governos neoliberais de FHC e social-liberais de Dilma/Lula. Afinal, não se foi para cima dos antigos facínoras torturadores da ditadura, mas agora eles crescem com base social, os novos fascistas, e correm dentro. Uma classe média reacionária e insuflada pelos tucanos, mas também formada pelos emergentes, a nova classe média que ascendeu socialmente com a política social-liberal, que quer mais e se voltou contra o PT.

 

Embora as direções de certos movimentos sociais combativos e da esquerda do PT tenham se deixado cooptar, suas bases estão se rebelando.

 

Afinal, muita diferença faz entre lutar com as mãos e abandoná-las para trás ou lutar pelos operários e demais trabalhadores oprimidos, e a classe media reacionária.

 

Segundo a metodologia marxista a contradição hoje não é principalmente moral, mas econômica: findou o tempo da política social-liberal, de agradar gregos e troianos, deixando o sobejo para o povo oprimido.

 

Por isso lutamos e gostamos da música Cotidiano:

 

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café

Todo dia eu só penso em poder parar
Meio dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

Seis da tarde como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pra eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pra eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor


*Otto Filgueiras é jornalista e está lançando o livro Revolucionários sem rosto: uma história da Ação Popular.

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