Presidenta Dilma, não recue!

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Frei Marcos Sassatelli
13/11/2014

 

Presidenta Dilma, não recue! Não traia os trabalhadores e as trabalhadoras! Respeite a vontade do povo, manifestada por quase 8 milhões de pessoas, a respeito do Plebiscito Popular! Honre o voto dos pobres! Ouça o grito das ruas! Faça aliança com os movimentos populares! Experimente a força desses movimentos! Povo unido, organizado e mobilizado jamais será vencido! Seja mulher forte e corajosa! Não tenha medo de arriscar!

 

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Renovando o pedido que lhe fiz no escrito anterior, convoque, no início de seu segundo mandato, um grande Encontro de Movimentos Populares e – estando à frente – lance uma Campanha de Mobilização Nacional, que sacuda o Brasil. Vamos ocupar as ruas e praças do país! Vamos ocupar o Congresso e exigir (não pedir) a imediata convocação do Plebiscito por uma Assembleia Constituinte Soberana e Exclusiva do Sistema Político. Não dá mais para esperar! Com o Congresso que temos, se não houver uma pressão muito forte do povo, nada irá acontecer em benefício dos pobres.

 

Depois de aprovada pelo Plebiscito, vamos eleger, com urgência, uma Assembleia Constituinte, única e exclusivamente para, de modo soberano, fazer uma Reforma Política, que seja uma verdadeira mudança estrutural do sistema político.

 

Presidenta Dilma, desistir do Plebiscito e apoiar o Referendo, para aprovar ou não as “reformas” realizadas no Congresso, é mais um jeito de tapear o povo. Chega de enganação! Não podemos aceitar essa maracutaia!

 

Senhora presidenta, não fique em cima do muro! Não se preocupe em agradar o deus-mercado! Mostre de que lado está! Lembre as palavras do Evangelho: "ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24). E servir a Deus, presidenta Dilma, é servir ao povo.

 

No Encontro Mundial de Movimentos Populares (de 27 a 29 de outubro último), o papa Francisco, em seu vibrante discurso, de maneira clara e inequívoca (sem meias palavras), posicionou-se a favor dos pobres e solidarizou-se com sua luta.

 

“Este Encontro, diz o nosso irmão Francisco, é um sinal, é um grande sinal”. Os pobres “não só padecem a injustiça, mas também lutam contra ela”. Eles não esperam planos assistenciais, “que vão em uma direção, ou de anestesiar ou de domesticar”, mas “querem ser protagonistas, se organizam, estudam, trabalham, reivindicam e, sobretudo, praticam essa solidariedade tão especial que existe entre os que sofrem, entre os pobres, e que a nossa civilização parece ter esquecido ou, ao menos, tem muita vontade de esquecer”.

 

A solidariedade, diz ainda o papa, é “muito mais do que alguns atos de generosidade esporádicos. É pensar e agir em termos de comunidade, de prioridade de vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns. Também é lutar contra as causas estruturais da pobreza, a desigualdade, a falta de trabalho, de terra e de moradia, a negação dos direitos sociais e trabalhistas. É enfrentar os destrutivos efeitos do Império do dinheiro: os deslocamentos forçados, as migrações dolorosas, o tráfico de pessoas, a droga, a guerra, a violência e todas essas realidades que muitos de vocês sofrem e que todos somos chamados a transformar”. Em seu sentido mais profundo, a solidariedade “é um modo de fazer história, e é isso que os movimentos populares fazem”.

 

Francisco, num caloroso apelo, declara: “queremos que se ouça a sua voz (dos movimentos populares), que, em geral, se escuta pouco. Talvez porque incomoda, talvez porque o seu grito incomoda, talvez porque se tem medo da mudança que vocês reivindicam”.

 

Presidenta Dilma, não tenha medo da mudança, não desista da mudança! Ouça a voz dos movimentos populares e junte-se a eles, para abrir caminhos novos e fazer acontecer, no Brasil, o projeto popular.

 

Infelizmente, o cerco do Congresso à presidenta Dilma já foi montado, para que não aconteça o Plebiscito. Derrubemos esse cerco. O Povo é soberano!

 

Leia também:

Plebiscito: primeiro desafio da presidenta Dilma

Um conselho à presidenta Dilma

 

Frei Marcos Sassatelli, frade dominicano, é doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP) e professor aposentado de Filosofia da UFG.

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