Teorias sobre a China

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Wladimir Pomar
16/07/2008

 

Hoje não há praticamente ninguém que duvide que a China deu um salto em seu desenvolvimento econômico. Isto é evidente demais para ser ignorado. Mas há muita gente que ainda ignora o salto social dado por esse país, em termos de acesso à renda, bens, educação, saúde e cultura.

 

Além disso, há uma imensa nebulosidade sobre o aprofundamento da democracia econômica, social e política entre os chineses. Só como exemplo, não são poucas as pessoas bem informadas que continuam dizendo que a China é um país de partido único, apesar da existência legal e real de outros 7 partidos, além do Partido Comunista.

 

Mais nebulosa ainda, para muitos, é a natureza do sistema econômico, social e político chinês. Há os que, na direita e na esquerda, afirmem categoricamente que a China adotou o capitalismo selvagem. Como há os que classificam a sociedade chinesa como capitalismo de Estado. Há, ainda, os que, como os próprios chineses, acreditam que na China vigora um socialismo de mercado, com características nacionais.

 

Por outro lado, entre os que se proclamam marxistas, há muitos que supõem que a primazia das forças produtivas, como elemento fundamental para a transformação das relações de propriedade ou produção, é uma teoria que distorce o marxismo. Para eles, a primazia deveria ser a construção de um homem novo e de uma sociedade civil socialista, através do processo de luta, como base material de todas as transformações. Nesse sentido, a experiência chinesa não pode sequer ser considerada.

 

Há também aqueles que consideram a experiência chinesa no contexto das necessidades do capitalismo mundial, e seu socialismo como um apêndice dessas necessidades. Sonham, então, com a resistência dos camponeses chineses, para evitar que a China caia totalmente sob a tutela capitalista.

 

E há os que consideram a experiência chinesa como parte do movimento oriental de desenvolvimento capitalista, sob uma forma diferente do desenvolvimento capitalista ocidental. Ao contrário deste, que tomaria as máquinas, ou o capital constante, como aspecto fundamental, desprezando a força de trabalho, o capitalismo oriental focaria com mais atenção os recursos humanos. A China, da mesma forma que o Japão e outros países asiáticos, estaria seguindo esse novo modelo de capitalismo, mais de acordo com as teses de Adam Smith do que com as teses liberais e neoliberais, e marxistas.

 

Assim, não faltam teorias sobre os motivos que levaram a China a tornar-se, em pouco tempo, uma das principais potências mundiais. O problema consiste em destrinchá-las.

 

Wladimir Pomar é analista político e escritor.

 

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