Correio da Cidadania

60 anos da morte de Getulio Vargas

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Faz 60 anos que o inesquecível estadista Getulio Vargas, que tanto amou o povo brasileiro, dilacerou ele próprio seu coração com tiro certeiro na manhã de 24 de agosto de 1954.

 

O sonho brasileiro de justiça social, emancipação econômica, soberania, grandeza e ideal de transformar o país em potência mundial tem um símbolo a ser reverenciado sempre, Getulio Dornelles Vargas.

 

A Revolução de 30 por ele chefiada é um divisor histórico na Pátria brasileira, deixando para traz o Brasil arcaico, feudal, produtor de bens primários, profundamente desigual socialmente e que não reconhecia os direitos mais elementares da maioria da população. Ele cumpriu fielmente seus compromissos democráticos de introduzir o voto secreto e universal, de assegurar o direito de voto às mulheres e de criar a Justiça Eleitoral. Quanto mais passa o tempo, agiganta-se a recordação das iniciativas pioneiras e das realizações concretas de Getulio Vargas em prol do Brasil e da nossa gente.

 

Neste mês de agosto de 2014, foi lançado o 3º volume do aplaudido livro GETULIO 1945 – 1954, do renomado historiador Lira Neto. Também foram relançados, devidamente atualizados, os volumes 1, 2 e 3 da obra A ERA VARGAS, do notável jornalista e escritor José Augusto Ribeiro, por iniciativa da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini de estudos políticos do PDT.

 

Precedido de grande publicidade foi exibido em todo o Brasil o filme GETULIO, focalizando os últimos dias do presidente a partir do “Atentado da Rua Toneleros” contra Carlos Lacerda, que resultou no assassinato do Major Rubens Florentino Vaz, no dia 5 de agosto de 1954.

 

A película tem duas falhas gritantes: não divulga a íntegra da Carta-Testamento de Vargas, o documento mais dramático da história brasileira, e omite a reportagem de sete páginas publicada em 19.04.1958 na  principal revista da época, O CRUZEIRO, sobre o inventário de Getulio Vargas, revelando que havia deixado de herança apenas os bens recebidos de seus pais e um apartamento no Rio de Janeiro financiado pela Caixa Econômica Federal.

 

Após 45 anos de vida pública – deputado estadual, deputado federal, ministro da Fazenda, governador do Rio Grande do Sul, senador e 19 anos como Presidente da República, Getulio Vargas não aumentou bens no seu patrimônio, mostrando absoluta honestidade pessoal. Acrescente-se que seus filhos Lutero, Jandira, Alzira e Manuel, e seus irmãos Viriato, Protásio, Espartaco e Benjamim também não acumularam fortuna.

 

Getulio Vargas assumiu o poder em 03 de novembro de 1930 e já no dia 26 do mesmo mês decretou a criação do Ministério do Trabalho.  Sucederam-se muitas medidas legais de proteção ao trabalhador, criação da Justiça do Trabalho e legislação previdenciária, culminando na Consolidação das Leis do Trabalho, em 1º de maio de 1943, com mais de 900 artigos, até hoje vigente.

 

Nenhum outro Presidente da República preocupou-se em escrever um diário, mais uma demonstração inequívoca do seu patriotismo e magnitude de estadista. Fantástico é que em todos seus discursos e manifestos escritos ele coloca no alto e em destaque absoluto a Pátria e o povo. Elaborado desde 03 de outubro de 1930 até 1942, o manuscrito foi transformado em livro (dois volumes) pela Editora Siciliano – 1995, e relata todos os principais acontecimentos que envolveram sua vida político-administrativa e a sua vigilância constante com a moralidade pública, o interesse permanente pela solução dos problemas brasileiros e da melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo mais humilde.

 

Ele criou a Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil, a Cia. Vale do Rio Doce (encampando a Itabira Iron), a Usina Siderúrgica de Volta Redonda, a Fábrica Nacional de Motores, o DASP, o Conselho Nacional do Petróleo.

 

Nacionalizou o subsolo, decretou o Código de Minas, e criou a Petrobras em 03 de outubro de 1953. Hoje, o Brasil é autossuficiente na produção de petróleo e estão em construção três grandes refinarias que garantirão o suprimento de derivados com tecnologia própria. A Petrobras descobriu e explora o pré-sal, já produzindo 500 mil barris diários. E, em 2020, o Brasil estará extraindo mais de quatro milhões de barris diários de óleo bruto, tornando-se um dos maiores produtores mundiais de petróleo.

 

A Eletrobrás que ele lançou, e seu sucessor João Goulart sancionou em lei, nos deu Tucuruí e Itaipu, a segunda maior usina hidrelétrica do universo.

 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico fundado em 1952 por Vargas empresta mais dinheiro que o Banco Mundial e financia as grandes, médias e pequenas empresas brasileiras.

 

Getulio Vargas consolidou a unidade nacional e governou o país com visão de estadista, integridade pessoal, autoridade no exercício do cargo, competência e criatividade, nacionalismo e patriotismo exacerbados e, principalmente, com soluções brasileiras para problemas brasileiros, sem copiar figurinos estrangeiros ou a eles submeter-se, embora atento aos fatos universais e às suas repercussões internas.

 

 

Léo de Almeida Neves,  membro da Academia Paranaense de Letras,  ex-diretor do Banco do Brasil e ex-deputado federal.

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