Correio da Cidadania

Partido do Bem

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“Certamente todos pronunciam a palavra Bem, mas não percebem o que ela pode ser”.
(Hermes, sábio antigo Egito)


Constatei que há cada vez mais gente querendo ser “uma pessoa de bem”. Em busca de explicações e razões de ser deste desejo, comecei a conversar com colegas e amigos. Para minha surpresa, muitos concordaram na percepção de que há uma multidão querendo “ser do Bem”.  Confessaram-me que muitos necessitam dizer-se do Bem, para diferenciar-se dos demais.

 

Decidi sugerir a organização de uma Irmandade ou um “Partido do Bem”. Num país que já tem 33 partidos, estes poderiam ajudar na democratização das ideias, representando o Bem como uma poderosa ferramenta para combater todo o mal, principalmente as sofisticadas maracutaias que teimam em “tomar nosso dinheiro público”. Tal ação favoreceria todos que desejam ser do Bem a agrupar-se, criando uma Plataforma de Intenções, talvez um debate mais amplo sobre o que vem a ser o próprio Bem. Talvez pudessem, com urgência, registrar esta organização na Justiça Eleitoral, para concorrer a cargos eletivos nas mais diferentes esferas de organização política da sociedade, representando e argumentando pelas ideias do Bem.

 

Em busca de razões mais consistentes sobre o desejo de ser do bem, pensei comigo: como pode alguém querer ser do Bem? O que é o Bem? O posicionamento a favor do Bem é em contraposição ao Mal? Quem poderá ser do Bem? Afirmar-se do Bem não é contrariar a nossa condição humana, de pessoas incompletas, que convivem com as mais variadas contradições de pensamento e de ação? Não é muito tênue a linha que nos separa do Bem e do Mal?

 

Pensei ainda se conseguiríamos, de fato, conviver harmoniosamente com uma pessoa absolutamente boa. Da mesma forma, se conseguiríamos suportar uma pessoa absolutamente má em tudo o que pensa e faz. Percebi, então, que não suportaríamos, por óbvio, nem os absolutamente bons e nem os absolutamente maus. Seria chato e perigoso demais conviver com estes.

 

Conclusão: somos, por natureza humana, pouco bons e pouco maus. Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno, estamos em busca do necessário equilíbrio. As religiões sabem disso, por isso sua insistência em nos ajudar a equilibrar os pensamentos e as ações cotidianas.

 

Os que precisam diferenciar-se dos outros devem sofrer por seu perverso egoísmo. Só o ego pode explicar a razão de ser daqueles que necessitam se declarar pessoas de bem. O reconhecimento do bem e da maldade que a gente faz, pelas palavras e pelas ações, sempre é prerrogativa dos outros. Não pode ser jamais prerrogativa subjetiva, para alguém achar-se superior ou mais importante do que os outros.

 

Rendo-me aqueles que desejam ser do Bem, mas não posso concordar com eles.

 

Nei Alberto Pies é professor e ativista de direitos humanos.

Comentários   

0 #1 Partido do BemRobson Fontenelle 05-05-2016 23:24
Nei,estava procurando algo sobre Partido do Bem e encontrei sua crônica. Concordo quando você diz que é muito tênue a linha que separa o bem e o mal. Minha idéia não é denominar quem é do bem e do mal e sim criar uma plataforma de abrangência nacional onde para poder participar o político teria que concordar e se comprometer a votar as mudanças contidas na plataforma. Está plataforma teria que conter os anseios dos brasileiros para moralizar a política independente do partido a qual ele perteça. Assim ajudariamos os eleitores a escolher os candidatos que fizesse parte desta rede. Como parte desta plataforma poderíamos citar que os salários dos vereadores, deputados e senadores seriam de x salários mínimos,as verbas de gabinete a x salários, os cargos de secretários deveriam ser de funcionarios de carreira e ser aprovado pelas assembleias e câmara de deputados, os tribunais de contas deixariam de ser indicado pelos políticos, etc. Essa Rede do Bem teria uma comissão em cada estado que indicaria quais candidatos atendem a essa plataforma e estes assinariam um documento em cartório se comprometendo a trabalhar para alcançar os itens da plataforma. Essa Rede deverá ser muito divulgada nas redes sociais para obter crédito junto aos eleitores. Que você acha? Vamos por s idéia em prática?
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