Correio da Cidadania

Um grito oportuno e responsável

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Neste domingo entramos na Semana da Pátria, neste ano de 2013. Desta vez, emerge com mais evidência o valor cívico de uma iniciativa que vem se sustentando ao longo dos últimos 19 anos. Trata-se do Grito dos Excluídos. Ele surgiu em 1995, ano em que a Campanha da Fraternidade era, exatamente, sobre os Excluídos.

 

Esta circunstância mostra bem uma das características do Grito dos Excluídos, de ter sua realização sintonizada com o contexto histórico de cada ano.

 

Pois bem, neste ano, o Grito confirma seu significado e sua importância, colocado no contexto das surpreendentes manifestações populares, que abalaram o país, e deixaram perplexa a sociedade. O Grito dos Excluídos se apresenta com a firmeza de sua experiência, e com o acerto de suas intuições, que o acompanham desde a sua primeira realização.

 

Quando a sociedade se surpreende diante do peso que pode assumir a manifestação pública de suas demandas e a afirmação clara de valores e princípios que precisam animá-la, o Grito pode apresentar o seu atestado de maturidade, fruto de uma longa sequência de edições anuais ininterruptas, com a clareza das causas levantadas, e com o rigor dos procedimentos democráticos que sempre caracterizaram o Grito.

 

Ele foi circundado, desde o seu início, de providências que lhe foram angariando credibilidade, sobretudo pelo cuidado em respeitar as instituições e em evitar ambiguidades, sempre pautando suas demonstrações com temas pertinentes e com atitudes democráticas.

 

Tendo como referências uma data histórica, o Sete de Setembro, e um lugar simbólico, o Santuário Nacional de Aparecida, o Grito sempre procurou equacionar bem o seu espírito unitário, e ao mesmo tempo sua estratégia de descentralização. A manifestação de Aparecida é paradigmática, incentivando outras manifestações, em milhares de localidades, em todos os estados do país.

 

Outra circunstância, que fortalece seu espírito e ilumina o seu alcance, é o fato de ser realizado em parceria com a Romaria dos Trabalhadoras e Trabalhadores, que acontece também no mesmo dia e no mesmo lugar.

 

Com estas características, foi-se elaborando uma espécie de “teologia do grito”, que foi aglutinando em torno dele um leque de valores com que sempre ele é preparado, com a escolha democrática do seu lema, e com o empenho solidário que supera a falta de recursos e multiplica as adesões gratuitas em organizar suas manifestações simbólicas.

 

De tal maneira que o Grito se tornou um evento que transformou a praxe com que era festejado o Sete de Setembro, que já tinha se esvaziado de suas finalidades. O Grito veio devolver à cidadania a promoção do Dia da Pátria.

 

A idéia do Grito nasceu muito despretensiosa. Foi numa reunião do Secretariado Nacional da Cáritas. Estávamos buscando iniciativas para dar continuidade ao tema da Campanha da Fraternidade. Como já existia, na época, o “grito da terra” e o “grito da Amazônia”, alguém sugeriu fazer também o “grito dos excluídos”.

 

O que parecia uma sugestão inconsistente, aos poucos foi sendo aceita, pela fecundidade de simbologias que o “Grito dos Excluídos” poderia ter.

 

Para que continuasse, era preciso tomar uma rápida providência: inserir o “Grito dos Excluídos” na programação oficial da CNBB. Esta providência foi garantida já no ano seguinte.

 

Aquilo que para alguns parecia incômodo, agora se constata que foi muito providencial. A CNBB pode oferecer à sociedade uma maneira democrática, responsável e providencial de “gritar” as causas urgentes que precisamos assumir, como Pátria onde todos podem se sentir incluídos.

 

Viva o Grito dos Excluídos!

 

 

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D. Demétrio Valentini é bispo da Diocese de Jales.

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