Correio da Cidadania

Ilusões do PCB

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Na falta de uma análise marxista do velho PCB, alguns tentam explicar os seus equívocos, atribuindo-lhes ingenuidades e ilusões. Quando tentam compreender a política do caminho pacífico para o socialismo, imputam a esse erro uma formulação dotada de ilusões. Essa avaliação é descabida. O PCB, desde 1928, trilhou pelos caminhos traçados pela Terceira Internacional. Para entendermos as políticas formuladas pela Internacional, precisamos responder a uma pergunta: a que interesse servia essa instituição?

 

A derrota da revolução mundial levou à contrarrevolução para o seio da República Soviética e esse fenômeno se manifestou através do surgimento e da consolidação do stalinismo. Derrotada a revolução socialista na Rússia, sobre suas ruínas erigiu-se o capitalismo de Estado e, a partir desse fato, houve uma radical mudança política. Ao invés de se prestar a impulsionar a revolução mundial, como era o propósito inicial da nova Internacional, ela foi transformada em instrumento de sustentação dos interesses da burocracia instalada no seio do Estado soviético.

 

Dessa forma, a Internacional converteu-se numa multinacional a serviço da manutenção do mundo dividido em áreas de influência, convivendo pacificamente.

 

As posturas do velho PCB tinham como fonte os interesses da “pátria socialista”, que não vacilava em se sobrepor aos interesses históricos dos trabalhadores. É bem verdade que uma legião imensa de pessoas valorosas se propuseram a ir aos extremos do sacrifício para servir às políticas formuladas por Moscou. Essa mesma boa fé, esse mesmo espírito de sacrifício, vamos encontrar em pessoas que, fanaticamente, seguem diversos credos e por eles são capazes de se imolar.

 

Os abnegados “comunistas” não percebiam, regra geral, que por trás da política de equívocos e ilusões existiam interesses menores a serem defendidos. Pode-se assacar a grande massa de militantes uma postura ingênua, mas não é verdade que os descaminhos do “comunismo mundial” se devessem a simples erros teóricos.

 

Por trás desses erros nada inocentes, existiam os interesses da “pátria mãe” e em função deles se deveria sacrificar qualquer outro, principalmente os da revolução socialista mundial.

 

 

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Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.

Blog: www.gilvanrocha.blogspot.com

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