Correio da Cidadania

A Batalha Eleitoral

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Dentro das regras do jogo do sistema, nenhum postulante de esquerda a quaisquer das prefeituras poderá fazer um milímetro a mais do que faria um competente postulante da direita. As vitórias eleitorais das “esquerdas” têm revelado que em nada contribuíram ou contribuem para a causa socialista. Pelo contrário, há um empenho dos eleitos em demonstrar que o capitalismo é viável, desde que bem administrado, e uma legião de militantes de esquerda transforma-se em office-boys e office-girls do sistema vigente.

 

Em Fortaleza, temos dois exemplos gritantes. Maria Luiza elegeu-se prefeita, em 1985, na pretensão de que tudo iria mudar. É verdade que sua campanha não foi de caráter anticapitalista. A ênfase era a moralização, com a promessa de que elaboraria um dossiê das falcatruas correntes na prefeitura. Eleita, Maria Luiza foi alvo da mais exacerbada oposição, não faltando aquela implementada pelo PCdoB, capitaneado à época pelo hoje senador Inácio Arruda.

 

Somando-se a inabilidade, a falta de recursos para um razoável gerenciamento, o amadorismo e a incompetência, a Administração Popular da Maria Luiza foi um desastre e em nada contribuiu para a criação de uma consciência socialista. Todo o insucesso, porém, foi por ela debitado ao inimigo, como se ao inimigo não coubesse, justamente, a tarefa de inviabilizar o nosso projeto.

 

Anos depois, tivemos a eleição da não menos aguerrida Luizianne Lins, dessa vez com algumas diferenças de conduta. Ao invés do conflito com a Câmara Municipal, sabidamente fisiológica por sua maioria, escolheu-se o caminho do compadrio. Depois, nenhuma palavra, nenhum gesto que viesse contribuir para a formação de uma consciência antissistema, apesar de ela se dizer socialista. Por sua vez, uma legião de militantes foi chamada a se ocupar da tarefa de administrar a desigualdade e até tentar fazê-la bela, e isso foi uma lástima.

 

Novamente foi posta a batalha eleitoral. Quem aproveitou o ensejo para denunciar os embustes da burguesia? Quem ousou dizer ao povo que a questão central não é de governo e sim do sistema capitalista?

 

Gilvan Rocha é militante socialista e membro do Centro de Atividades e Estudos Políticos.

Blog: www.gilvanrocha.blogspot.com

 

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