Correio da Cidadania

Círculos Conservadores ameaçam tendências incipientes de melhoria na distribuição de renda

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Recebo algumas indicações editoriais, às vezes freqüentes, para comparar a situação econômica do Brasil com países do Centro em crise – Europa e Estados Unidos. Há nessas indicações uma pergunta, sugestão ou afirmação indireta, de que o Brasil vai bem ou melhor que o resto do mundo. Agora a sugestão que recebo, após divulgação dos dados da PNAD-2011, é de explicar ‘por que o desemprego diminuiu e a renda média do trabalho aumentou’.

 

Vou enfrentar essa sugestão editorial, desde logo fazendo duas pequenas emendas – tratemos do mundo do trabalho, e não apenas do mercado de trabalho, e de um período maior que o último ano, confrontando o que se passou na última década com o que está por vir. Tudo evidentemente tratado de forma ultra-sintética, de maneira a caber nos limites de um artigo jornalístico.

 

Na primeira década deste século, a que o ano de 2011 se agrega por similaridade, o emprego cresceu (e o desemprego diminuiu) de maneira muito mais significativa do que os próprios protagonistas da política econômica poderiam suspeitar. Basta lembrar um fato eleitoral significativo da campanha presidencial de 2002. Serra e Lula anunciavam, respectivamente, metas ambiciosas de 7,0 e 10,0 milhões de empregos a serem criados no período do mandato em disputa (2003-2006). Mas os resultados do quadriênio e, principalmente, da década foram substancialmente mais elevados que a meta mais ambiciosa.

 

Dobra o número de segurados contribuintes do INSS, atingindo no final da década 60,0 milhões de pessoas. E a remuneração da base da pirâmide (salários de um a três salários mínimos), sobre a qual se concentram pouco mais de 80% dos empregos criados, melhorou por duas razões: o mercado de trabalho foi expansivo e os direitos sociais, sob a forma de ‘benefícios sociais monetários’ e salário mínimo, exerceram o papel mais relevante na expansão da renda do trabalho. De 2000 a 2009, a renda do trabalho pula de 45,85% para 51,7 % da Renda Interna Bruta (que é igual ao PIB), segundo os dados já publicados pelo IBGE - Contas Nacionais. No mesmo período, o agregado “Salários e Ordenados” vai de 32,2% a 35,6 % da Renda Interna Bruta.

 

Observe o leitor o peso significativo da política social na determinação da renda do trabalho e ainda o caráter concentrado na base da pirâmide para o fenômeno da expansão do emprego. Isto é de certa forma uma boa notícia, mas também é problemático, porque, para os níveis de escolaridade mais altos e níveis de remuneração também mais elevados (maior que três até seis salários mínimos e maior que seis até dez salários mínimos), o ritmo da expansão dos empregos foi bem menor.

 

Como o espaço de um artigo é restrito para me alongar explicativamente sobre as causas do desempenho recente, vou direto ao segundo ponto. E daqui para frente, quais são as tendências mais prováveis do emprego e da renda do trabalho.

 

Responder a esta segunda indagação, também de forma muito sintética, requer que nos concentremos em três vetores codeterminantes: demografia, crescimento econômico e política social, com função distributiva.

 

O fator demográfico conta pontos em favor do ‘pleno emprego’ e até mesmo da ampliação do leque de inclusão em faixas salariais mais altas, porque o incremento de população em idade ativa (dos 16 aos 60 ou 65 anos) deve se reduzir, ainda que lentamente na atual década.

O sistema econômico criando cerca de l,5 milhão de empregos novos ao ano, que é relativamente pouco, se considerarmos o tamanho da População Economicamente Ativa atual - pouco mais de 100,0 milhões de trabalhadores -, daria conta de manter o nível de emprego alto, como o temos no momento.

 

Mas precisamos ter a atenção voltada para políticas que são muito importantes para perscrutar as tendências futuras do mercado de trabalho e das remunerações dos trabalhadores: a) o crescimento econômico que se projeta e persegue para o futuro próximo; b) a política de imigração de mão de obra que se venha a adotar, preventivamente à alegada escassez demográfica; e c) o financiamento da política social. Essas determinações de política econômica e social estão sendo miradas em certos círculos conservadores, como vias de reversão das tendências muito incipientes de melhoria da distribuição funcional da renda. Este é o jogo político em curso, nitidamente de caráter distributivo, mas que infelizmente jamais será tratado de maneira objetiva nos grandes veículos de comunicação de massa.

 

Guilherme Costa Delgado é doutor em Economia pela UNICAMP e consultor da Comissão Brasileira de Justiça e Paz.

Comentários   

0 #4 O Brasil vai bem!, mas para quem?João Cirino Gomes 22-02-2013 17:57
O Brasil vai bem!
É realidade, ou lorota?
Sim; tudo vai às mil maravilhas para os políticos brasileiros; pois eles têm salários principescos, podem exercer vários cargos ao mesmo tempo, podem ter varias aposentadorias, com décimo terceiro, décimo quarto e décimo quinto, duas férias por ano; ajuda moradia, verbas para vestimentas, verbas para combustível, cartão corporativo etc... E muitos não satisfeitos, ainda roubam, desviam, superfaturam...
Em época de campanha eleitoral, vemos bando de bandidos corruptos mostrando erros, corrupções, desvios e ladroagens dos outros da mesma laia, imaginando que desta maneira estão se justificando e, portanto, justiçando seus crimes!

Mas quando acabam as eleições, se sentam; e começam arquitetar os acordinhos e acordões com distorções nas leis, para distribuição de cargos, alvarás de soltura e vantagens pessoais!

Enquanto isso, a população continua assistindo a espetacular inversão de valores neste circo chamado Brasil; ou melhor, "paraíso de bananas", onde os políticos são os verdadeiros donos dos espetáculos!
E a população passa a conviver e fazer parte da tragédia do desemprego e da mendicância! Mesmo tendo seus direitos desrespeitados; os brasileiros agem como se fossem um rebanho de cordeiros tosquiados!
Poucos notam que os desempregados estão sendo mantidos presos em currais eleitorais, por verbas surrupiadas dos aposentados!
.
E poucos notam que: O trabalhador continua suando e sangrando, para bancar banquetes e os espetáculos fantasiosos de pelegos, e orgulhosos Mussolini anos!
No Brasil, não temos mais partido de direita, esquerda, ou oposição!
Temos é uma política descarada, onde se vende sentenças, e fazem alianças para se manterem no poder a qualquer custo!
Falta moradia, faltam verbas para educação, faltam verbas para pagar um salário digno aos professores, aos policiais, aos bombeiros, aos médicos! O que temos em excesso são pais de famílias desempregados, e aposentados sendo roubados!
E os corruptos, continuam agindo como se fossem donos dos cofres públicos, passeando a custa do povo; roncando papo pelo mundo afora, doando nossos impostos, e dizendo que esta tudo as mil maravilhas!
Mostrem com fatos e não com conversa fiada!

Onde estão os bilhões de empregos prometidos? Onde estão as verbas para dar aumento digno aos policiais, aos bombeiros, aos aposentados? Onde estão as verbas para melhorar o sistema de saúde?
Em um país, onde se superfatura a compra de merenda escolar, a compra de remédios, a compra de ambulância; matam pacientes para dar vaga a outros; onde se superfaturam desde a construção do presídio, até a estadia do preso, as injustiças, a falta de moralidade, a falta de caráter e vergonha na cara, salta aos olhos de qualquer leigo!
Por isso, querem privatizar os presídios: A intenção dos integrantes do verdadeiro crime organizado é clara; a pretensão é simular, estarem solucionando os problemas que eles mesmos criaram com seus desvios e corrupções, com superfaturamento na estadia dos presos!
Quem não percebe que as cadeias estão superlotadas, mas de pobre?
Estes se tornaram vitimas do sistema, e agora vão dar lucros fabulosos, aos integrantes do verdadeiro crime organizado, que se institucionalizou dentro do desgoverno!
Estes fatos irrefutáveis, "torna boa porcentagem dos políticos brasileiros" farinha do mesmo saco!
Estou generalizando?
Os que prometem lutar por justiça, se não fossem coniventes, não acobertariam os desvios e as corrupções
Quem com os porcos convivem, farelos comem! Esta é a realidade!
Ordens aos humildes, e progresso aos canalhas, hipócritas e demagogos!
Para denunciar as discrepâncias neste país, seria preciso escrever um livro, ou melhor, uma biblioteca!
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0 #3 RE: Círculos Conservadores ameaçam tendências incipientes de melhoria na distribuição de rendaMarcos 02-11-2012 19:11
Artigo excelente! Comentários medíocres! Sem mais.
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0 #2 Brasil o C do Mundo ?Paulo 18-10-2012 01:45
A grande media e os politicos vivem a repetir a ladainha do crescimento economico [ a qualquer custo , olhe a barragem de belo monte ] como necessidade para combater o desemprego ; ao mesmo tempo querem o aumento demografico e leis que incentivam a imigracao , ou seja criar desepregrado .
Para os mais ingenuos a mascara caiu :na verdade so estao preocupados em aumentar o lucro do grande capital e que lhes paguem a caras campanhas eleitoraes.
Aos cidadaos restam viver em cidades cada vez mais inchadas e ver os patrimonios e belezas natures a ser destruidos
Pena que isso se da no nosso pais, no qual era o que havia a biodiversidade mais rica do planeta . Deus era brasileiros , mas nao nos insinou a nos amarmos ...
A qualquer pais ,que busca pelo menos uma certa qualidade de vida ,fazem justo o contario ,baixissimo crescimento demografico e rigorossa lei anteimigracao .

Paulo
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0 #1 RE: Círculos Conservadores ameaçam tendências incipientes de melhoria na distribuição de rendaAna 17-10-2012 16:28
A vitoria eleitoral do PT foi o maior retrocesso politico dos ultimos 100 anos no Brasil , pior ate que o golpe de 64. Acabou com todo o pensamento critico do pais .Nao e para menos que os mesmo que financiaram a ditatura , tambem apoiaram as " diretas ja " e agora financiam o auto chamado partido dos "trabalhadores "
Vivemos no pos by by brazil .Ja nao existe mais pais .Ha que resgatar -lo .
Mas como ,se estamos todos sequestrados pelos meios de comunicacao [incluindo eu ],comprometidos com os lucros das grandes corporacoes multinacionais !Nao apenas acabou com as lutas sociais como como esta a acabar com a ecologia tambem .Incentivam o crescimento demografico e a migracao assim como a metrople fez quando "eramos " colonia .

Atencisamente Ana
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