Correio da Cidadania

Erundina debreou!

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A nova geração não conhece o sentido da palavra ‘debreou’. Na época da luta armada, quando alguém desistia da militância colocada naqueles termos, dizia-se que fulano debreou. Na linguagem automotiva, debrear é colocar a marcha no ponto neutro ou ponto morto.

 

Quando se deu a aliança entre Lula e Maluf, Erundina, que havia sido escolhida para a chapa de Fernando Haddad para prefeito de São Paulo, veio a público e renunciou a essa postulação, em protesto a tão espúria coligação. Infelizmente, a deputada Erundina arrefeceu e debreou, vindo a público afirmar que estaria engajada na campanha  petista/malufista, abandonando o seu momento de bravura que foi tão bem recebido por companheiros espalhados Brasil afora.

 

A atitude da Erundina deixa clara a fragilidade de grandes setores da esquerda. Essa fragilidade é responsável pelo fato de algumas pessoas, até bem intencionadas, mas sem a sustentação que nos dá os princípios do socialismo científico, ficarem à mercê das pressões da burguesia e, consequentemente, da imposição dos interesses que servem ao capitalismo.

 

Esse, entre outros tantos exemplos, nos servem para compreender que é necessária e urgente a criação de outra esquerda, fincada nos princípios do socialismo revolucionário e, dessa forma, capaz de reagir tanto às pressões da burguesia e seus prepostos, como das inúmeras armadilhas que eles costumam colocar em nossos caminhos. E muitos de nós, por falta de clareza, ou seja, por falta de lucidez socialista, terminam por elas sendo enredados.

 

Erundina debreou, isso, porém, é menos grave se comparado com uma legião imensa de petistas, de matriz pretensamente socialista, que capitularam diante do capitalismo e se passaram, de malas e bagagens, para o lado da burguesia, prestando os seus “estimáveis” serviços e por eles sendo devidamente compensados, seja por via das vantagens materiais que usufruem, seja por outras benesses, mimos, prestígio, que a classe, ora dominante, tem o cuidado de lhes dispensar.

 

Gilvan Rocha é militante socialista e membro do Centro de Atividades e Estudos Políticos.

Blog: www.gilvanrocha.blogspot.com

Comentários   

0 #3 É PRECISO ENTENDER!Natan 25-07-2012 13:38
O Comentário feito pelo leitor do Correio da Cidadania, Eduardo, peca pelo excesso de equívocos. Não percebe o leitor, que vivemos, na DEMOCRACIA BURGUESA, uma ditadura do capital sobre o trabalho. Daí a formulação marxista, que propõe a ditadura do Trabalho, ou seja dos trabalhadores, sobre o CAPITAL!

Por sua vez, não existe essa história de Socialismo do Sec. XX, até porque, os calendários são apenas convenções, enquanto a história marcha indiferente a datas. Por esse, e muitos outros fatos, o amigo Eduardo, se embrenha num mar de confusões conceituais. Sabemos que ele não tem culpa disso, pois são mais de 90 anos de desinformação de raiz stalinista, que em parceria com o trabalho de desinformação da Burguesia, PRODUZIU A IDIOTIZAÇÃO POLÍTICA, que atinge um grande público de letrados e bem letrados. De qualquer forma é saudável que Eduardo Ayres venha a público colocar seu pensamento, pois isso enseja discussões que podem ser esclarecedoras.
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0 #2 Debreou mesmo!Clovis Pacheco Filho 19-07-2012 22:24
Desgraçadamente, temos que concordar com o autor! O companheiro doutor Paulo mMaluf deve ter sentido orgasmos de tanto rir!
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0 #1 O Novo SocialismoEduardo Ayres 19-07-2012 17:48
Concordo; precisamos de um novo socialismo. A proposta do PSOL o próprio nome já esclarece bastante: Socialismo e Liberdade (coisa que foi absolutamente amputada das pretensas revoluções “socialistas” do século XX). O socialismo proposto pelo PSOL, se bem entendo, não é o da “ditadura do proletariado”, como imaginou Marx; ao contrário, o PSOL propõe a construção de um socialismo baseado na democracia participativa e cidadã. E apenas para iniciar minha participação nessa discussão ressalto duas questões:
- Necessariamente precisamos encontrar uma forma de limitar renda e patrimônio. Isso não significa acabar com o dinheiro, nem com as diferenças salariais e nem com a possibilidade de certa acumulação. O que não é possível é continuarmos aceitando as diferenças abissais entre ricos e pobres; falar dos extremos ajuda a compreender: Sob qualquer ponto de vista é insustentável, por exemplo, alguém ter mais patrimônio que um país (que qualquer país), ou ter renda maior que o PIB de muitos países (ou de qualquer país). Por outro lado, a riqueza de um país deve estar destinada aos interesses da Nação que o origina e, não, aos interesses “autonomamente estatais”, ou aos interesses de instituições comerciais, financeiras, etc.. O século XXI traz essa imposição de limites; é imprescindível que compreendamos isso.
- Democracia participativa não significa que cada cidadão deva se transformar em administrador público, ou sair por aí de microfone em punho, cobrando seus eleitos, como sugerem certos programas de quinta categoria, como o CQC, por exemplo. A verdadeira participação do cidadão está é no diálogo com as instituições públicas. Por exemplo, se você encontra um problema no atendimento público de saúde, deve poder recorrer a uma corregedoria séria e pública, que tenha a obrigação de resolver a questão; ao contrário do que vemos hoje, onde o cidadão não tem onde reclamar e quando tem, via de regra, é só um faz de conta, que não resolve nada. É preciso criar fóruns públicos (na internet, por exemplo), onde as autoridades obrigatoriamente devam se manifestar, para publicamente atender aos questionamentos dos cidadãos. As instituições precisam ter mobilidade própria para atender aos cidadãos e, não, ficarem à mercê de decisões politiqueiras, desse ou daquele partido, deputado, etc. Quem tem que decidir questões estratégicas de saúde pública, por exemplo, são todos o profissionais ligados à questão, articulados em fóruns próprios e, não, esse ou aquele deputado, que barganha aqui e ali, e que muitas vez acaba construindo verdadeiros “elefantes brancos”.
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