Correio da Cidadania

Exército de Israel: assassinatos não muito seletivos

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A mídia do Brasil passa a idéia de que foram os palestinos quem começaram os recentes conflitos com Israel. Foram eles que lançaram dezenas de foguetes contra o território israelense, obrigando o governo de Tel-aviv a retaliar. E ainda assim os aviões israelenses lançaram mísseis com precisão cirúrgica, somente matando terroristas prestes a atacar Israel. Não foi bem isso.

 

Quem atacou primeiro foi Israel, assassinando Zuhair al-Qaissi, um dos líderes do Comitê de Resistência Popular (PRC), grupo integrado por militantes de vários partidos palestinos. Um drone destruiu o carro em que viajava.

 

A reação dos palestinos, como sempre, foi ineficaz: lançaram foguetes artesanais, cujo dano maior foi assustar os moradores judeus das cidades próximas à fronteira com Gaza, além de ferir levemente alguns trabalhadores, por sinal, estrangeiros.

 

Já a aviação de Israel fez um serviço muito mais completo: 22 palestinos mortos, sendo quatro comprovadamente civis, e dezenas de feridos, que tiveram o azar de estar nas proximidades dos alvos humanos. Sem falar numa série de edifícios arrasados, total ou parcialmente.

 

Israel justificou-se. Foi por razões de segurança que atacou, pois a vítima tinha sido o autor dos ataques ocorridos em 2011 na fronteira com o Egito e estaria planejando novas ações terroristas. O PRC desmentiu categoricamente. De fato, já era sabido que os ataques de 2011 não tinham partido de Gaza e sim do Sinai.

 

Quanto à acusação de que al-Qaissi estaria planejando atentados sinistros, Israel não se preocupou em provar. Disse que era verdade, e pronto!

 

Afinal, é assim que funciona sua política de assassinatos seletivos (“targeted killings”). Reagir contra eles, como os palestinos fizeram, é voltar-se contra políticas militares israelenses que, para Tel-aviv, têm força de lei. Portanto, é um crime, castigado com mísseis, bombas e drones.

 

A política de “assassinatos seletivos” não é obra de Netanyahu. Existia desde 2000, ano em que Ehud Barak, do Partido Trabalhista, era o primeiro-ministro.

 

Seu objetivo era eliminar terroristas que o governo israelense não teria condições de prender. Israel empregou esta tática especialmente na faixa de Gaza, onde aviões e helicópteros disparavam mísseis para atingir indivíduos, previamente selecionados por constituírem ameaça à segurança da população israelense. O exército afirmava que, dada a precisão cirúrgica dos ataques, as chances de matarem palestinos inocentes eram mínimas.

 

Não era o que acontecia, protestou a B’Tselem, entidade de direitos humanos judaica. Ela rejeitou as estatísticas oficiais e procedeu a uma investigação por conta própria. Apurou que, entre setembro de 2000 e agosto de 2011, os “assassinatos seletivos” liquidaram 425 palestinos, dos quais 174 (40,9%) eram civis inocentes, inclusive crianças. Isso dava uma proporção de 1 “inocente” para 1,44 vítima.

 

Indignados, grupos de direitos humanos palestinos entraram na justiça requerendo a proibição dessa tática israelense, sob alegação de que se tratava de execuções extralegais. Mas a Suprema Corte rejeitou o pedido. No entanto, estabeleceu algumas restrições e limitações, e que as evidências deveriam ser avaliadas caso a caso.

 

Como as evidências nunca são reveladas, não era possível verificar se as diretivas da Suprema Corte foram respeitadas. E os “assassinatos seletivos” continuaram na mesma.

 

Assim, não havendo transparência, a decisão da Suprema Corte permanece como letra morta. Na seleção e eliminação dos alvos humanos, as autoridades de segurança israelenses têm poderes totais: funcionam, ao mesmo tempo, como acusadores, juízes e carrascos.

 

Simplesmente confia-se nos critérios de indivíduos que podem ser “falcões”, para quem mesmo militantes pacíficos de movimentos pró-libertação da Palestina representam ameaças potenciais de terrorismo e merecem ser liquidados.

 

Quando cometem erros não são responsabilizados. Mortes de inocentes nos ataques são consideradas apenas danos colaterais.

 

Depois dos quatro dias de ataques aéreos contra a indefesa Gaza, o Observatório Euro-Mediterrâneo de Direitos Humanos criticou o assassinato seletivo que deu origem ao conflito, taxando-o de flagrante violação da lei internacional e de “assassinato fora da lei e sem julgamento.”

 

Pode ser escolhido o nome que você quiser: execução, assassinato, liquidação, o que for. O importante é que os “targeted killings” de Israel representam a negação do direito de defesa perante uma autoridade judiciária.

 

Embora seja moda excluir esse direito, como os EUA de Barack Obama andam fazendo, ele continua essencial na democracia.

 

Luiz Eça é jornalista.

Website: Olhar o mundo.

Comentários   

0 #1 RE: Exército de Israel: assassinatos não muito seletivosamir levi 25-05-2012 01:15
Caro Luiz Eça, o senhor é um cidadão que apoia o terrorismo, por tudo que li nesse seu texto concluo que voce apoia e inocenta o Hamas.
Caso voce nao saiba o Hamas é uma facção terrorista que atua na Palestina e desde a época de Yasser Arafat artomenta a vida dos israelenses.
Gostaria de destacar nesse meu comentário que você apoiando o Hamas, está apoiando uma ditadura que está no poder torturando varios civis palestinos que sonham em viver em harmonia.
Só para acresentar algumas informaçoes, os lideres covardes do Hamas se escondem entre os civis palestinos fazendo com que o exército israelense assassinem alguns civis, esses que são os assassinos nao muito seletivos, pois aqueles que financiam o terrorismo estao escondido entre os inocentes, as vezes vale dar um passo pra tras e dois pra frente.
Outra informação a voce, todas essas vidas perdidas inocentemente graças esses fascinoras que se infiltram entre o povo, são repostas graças aos israelenses, pois se nao fossem os postos medicos israelenses em Gaza com certeza muitos palestinos a mais ja teriam morrido e talvez muitos bebes nem teriam conseguido nascer.
antes de falar de direitos humanos,pense nisso aqui:
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