Correio da Cidadania

Mudaram os motivos para bombardear o Irã

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Depois do relatório das 16 agências de inteligência americanas, afirmando que o Irã não tem um programa nuclear atômico, nem tem intenção de iniciá-lo, os falcões d’aquém e d’além mar ficaram sem argumentos. Nem por isso desistiram da idéia de bombardear as instalações nucleares iranianas. Apenas providenciaram novos casus belli.

 

Inicialmente, Ehud Barak, ministro da Defesa de Israel, declarou à imprensa algo que soa como um completo desmentido do que seu governo tem afirmado: ”Não penso que os iranianos, mesmo que tivesse a bomba, lançariam contra seus vizinhos. “Eles têm consciência total do que se seguiria. Eles têm um processo de tomada de decisões muito sofisticado e compreendem a realidade”.

 

Logo a seguir, deixou claro que, apesar disso, Israel continuava ansioso pelo ataque. E a razão desta aparente contradição? Um Irã com bombas atômicas as usaria para intimidar os adversários no Oriente Médio.

 

Evidentemente, Israel não estaria entre eles, pois dispõe de cerca de 300 bombas nucleares, enquanto que o Irã nos próximos decênios dificilmente atingiria esse número, mesmo porque, caso começasse a aumentar desmedidamente seu arsenal, uma intervenção ocidental seria inevitável

 

Quais países do Oriente Médio seriam alvo das profetizadas intimidações de Teerã?

 

Arábia Saudita, não, porque aí o Irã teria de comprar briga com os EUA, grande aliado e protetor dos sauditas. O mesmo se poderia dizer dos demais países do golfo, satélites americanos, com exceção, talvez, do Qatar. Mas este está de bem com o Irã.

 

O Iraque é um país amigo e o Kuwait, com a vitória eleitoral da Irmandade Muçulmana, breve também será. Portanto, estão fora. Assim como o Egito e os países do Magreb, dado suas boas relações com os iranianos. O Líbano, idem, com o Hizbollah no governo. Restam a Jordânia e a Síria, caso Bashar Al-Assad seja vencido. Mas por que o Irã iria se preocupar em intimidar esses países?

 

Um importante falcão americano, Danielle Pletka, vice-presidente de estudos sobre políticas de defesa e do exterior, do ultraconservador American Enterprise Institute, também não acredita que Israel esteja ameaçado. No entanto, não mudou de idéia. Tem uma justificação, digamos, exótica para o bombardeio do Irã: “O maior problema para os EUA não é o Irã produzir uma bomba nuclear, é o Irã produzir uma bomba nuclear e não usá-la porque aí todos os negativistas vão dizer, ‘Viu, nós dissemos a você que o Irã era um poder responsável’”.

 

A falta de motivos justos para bombardear as instalações nucleares do Irã também pouco significa para o primeiro ministro Netanyahu. Ele veio aos EUA para pressionar Obama, solicitando que os americanos parassem de falar que o Irã não tem ambições atômicas, pois estaria passando a idéia de que os EUA estavam contra Israel. Que condenavam um bombardeio, pois isso tranqüilizaria os iranianos e os animaria a produzir armas nucleares.

 

Conseguiu alguma coisa, sim. Obama continua dizendo que ainda há margem para a diplomacia, que a guerra seria terrível, mas admite explicitamente que Israel tem todo o direito de atacar se julgar conveniente.

 

Em si, já é uma declaração lamentável, pois se o Irã não pretende produzir armas nucleares é absolutamente injusto submetê-lo a um ataque aéreo, que causará destruição e mortes e provocará uma guerra regional, além de prejuízos a todas as nações do mundo. Portanto, os EUA deveriam ser contra uma decisão bélica de Israel.

 

De olho no voto, no dinheiro e na influência dos judeus americanos, Obama foi mais longe, declarou que de qualquer modo os EUA estariam apoiando Israel.

 

Isso pode significar que, tendo decidido atacar, o governo de Tel-aviv poderia contar com peças de reposição necessárias aos seus aviões e outros armamentos, além de munições e apoio logístico americanos, como os EUA fizeram nas anteriores guerras israelenses. É um cheque em branco que Obama deu a Netanyahu. Poderá decidir-se como quiser.

 

Considerando a falta de escrúpulos e a ferocidade do beneficiário, a ação do presidente americano o coloca como cúmplice dos horrores que uma eventual guerra causaria.

 

Luiz Eça é jornalista.

Website: www.olharomundo.com.br

Comentários   

0 #2 O pior para Poder IntervirRaymundo Araujo Filh 10-03-2012 15:23
Ontem, finalmente foi desvendada a motivação da estratégia dos eua, europeus e israel, em duro combate e expedientes mentirosos, para a tentativa de desmoralização e enfraquecimento do presidente eleito do Irã, o Mahmoud Ahmadinejah, que teve sua posição política enfraquecida, com o resultado das eleições parlamentares, cujo resultado divulgado ontem, mostra que 75% das cadeiras do parlamento serão agora ocupadas por aliados e servos do aiatolá por Ali Khamenei, este sim um fundamentalista radical e linha dura e muito chateado pelo fato do presidente iraniano ter dado passos para frear a intervenção da cúpula religiosa em assuntos de Estado, em clara modernização na separação da Igreja do Estado.

Faço um paralelo com a hoje já desvendada aliança de Bush (Falcões Republicanos) com Bin Laden que sempre “interviu”, para possibilitar as ações iradas dos eua contra o Povo Árabe, notadamente nos países que ensaiavam alguma independência aos ditames estadunidenses e israel, com os europeus tirando uma casquinha, “à reboque”, além de apoio covarde das nações árabes como emirados, arábia saudita e kwait. Foi emblemática a divulfgação de vídeo com Bin ladem ameaçando os eua, “caso elegessem bush”, na sua reeleição fraudulenta, mas ajudado pelo “broken pride” (orgulho ferido daqueles estadunidenses “bocas abertas” que pululam em quantidade por lá e alhures. “Votar comandado por um àrabe? Nunquinha! Votemos em Bush! Deu no que deu, a crise foi acachapante e idem, a desmoralização internacional dos WASPs (White, Anglo-Saxons and Protestants). E Proto Nazistas Anti Comunistas , acrescento eu, para completar a tríade Brancos, Anglo Saxões e Protestantes (WASP). Agora querem dar o troco...

Com o objetivo claro de rapinagem petrolífera e depreciação da moral e autoestima dos países Árabes (detentores das maiores reservas de petróleo, no mundo, junto com a Venezuela e o Brasil – sendo o nosso país no campo do adesismo ao capitalismo primeiro mundista), foram encomendados em curto espaço de tempo os atentados das torres gêmeas, metrô espanhol e inglês. Pronto! A intervenção estava justificada e com apoio da “Esquerda” e Ex Esquerda Corporation W. C., além dos basbaques de plantão.

No Irã, a versão da possibilidade do país desenvolver armas nucleares (aliás com todo o direito, igualmente eua, china, países da ex união soviética, israel, europa, índia e paquistão), assim como a dos “gases letais do Iraque” que justificaram a intervenção contra Saddan Hussein, foi posta por terra, exatamente junto do enfraquecimento do presidente iraniano, sinalizando que a desculpa agora vai ser outra. Vão se investir de baluartes do anti fundamentalismo islâmico, pelos direitos humanos do povo de lá e a ladainha que já conhecemos, agora defendida pela direita, visto que a esquerda está mais perdida do que cego em tiroteio, entre o Poder institucional e empregos que têm hoje, e a compostura política e história.

Parêntesis: Aqui no Brasil, a "esquerda" agora saúda a mírian leitão por serviços prestado ao restabelecimento da Verdade do período militar, mas só em relação ao assassinato de gente que, por luta nossa, não podem mas ficar impunes e no ostracismo e via organizações globo. E todos se solidarizando com a presidente Dilma, frente aos Tigres de Papel que são os militares de cuecas, digo, de pijama.

Como disse um analista político iraniano, Mahmoud Ahmadinejah não será deposto, se não se rebelar gravemente contra o seu enfraquecimento, “governará como um patinho feio, até o fim do seu mandato”, possibilitando o desgaste de uma força que trouxe ao mundo algo como “o Irã é antes e depois de Mahmoud Ahmadinejah. Respeitem ao menos isso, em vez de servirem à OTAN e ao Capitalismo Corporativo Ocidental Cristão!
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0 #1 ótima análiseLuis Ramirez 08-03-2012 12:47
Mais uma vez, parabéns ao jornalista por elucidar fatos e prestar informações que sao escondidas pela mídia grande nacional, sempre vendida aos interesses das duas ditaduras em questao, EUA e Israel.
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