Correio da Cidadania

Xingu: geopolítica e geoeconomia

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Existe uma caixa-preta, comandada por uma espécie de máfia secreta, que efetivamente decide os rumos do país. Ela age em nome do “Estado”, sem que saibamos sequer exatamente quem é.

 

Sabemos apenas que é um núcleo de decisões que aglutina os chefes do Executivo, a associação empresarial nacional-transnacional e os militares. As corporações técnicas apenas servem como intelectuais e operadores orgânicos do grupo decisório.

 

Quando realizamos eleições, decidimos apenas quem vai compor parte do grupo, no caso, a presidência da República. De resto, nosso voto decide apenas questões periféricas, subalternas, que em nada altera a essência do rumo do país. Daí o papel ridículo ao qual foi relegada a classe política nacional.

 

Assim, o conjunto de infra-estrutura a ser implantado no Brasil e na América Latina, sob o codinome de IIRSA (Iniciativa de Integração de Infra-Estrutura Regional Sul-Americana), já está decidido. O PAC, já disseram isto antes de mim, é apenas o IIRSA brasileiro.

 

Quem decidiu a Transposição, que, segundo um tenente do Exército nos afirmou em Petrolândia esses dias, só terminará em 2025? Isso mesmo, além dos eixos Leste e Oeste semi paralisados, haverá um para a Bahia, outro para o Piauí e o que sairá do Tocantins em direção ao São Francisco ou diretamente ao Pecém, no Ceará.

 

Quem decidiu Belo Monte, Jirau, Santo Antônio? Esse ente metafísico que se chama Estado. Ele está acima de todos, acima de qualquer suspeita, além das eleições, além da vontade do povo brasileiro. Ele sabe e decide o que é bom para o país.

 

Fala em nome da geopolítica – defender os interesses nacionais – e da geoeconomia, isto é, criar a infra-estrutura para escoar a produção latino-americana (brasileira), a riqueza natural, mas também para escoar os produtos dos Estados Unidos e Europa, agora China, para dentro do território latino-americano. Estradas, portos, aeroportos, ferrovias etc., tudo em nome da integração, ainda que seja apenas a integração do capital. A energia para sustentar essa economia de rapina é astronômica.

 

O Brasil continua sem tecnologia, sem educação de nível, sem saneamento, mas quer ser a 5ª economia exportando produtos básicos. Basta olhar nossa pauta de exportação, cada vez mais dependente do agronegócio e mineradoras.

 

Como vemos, decidem por nós, comuns mortais, que temos que comer o pó da poeira, dizimar a natureza, varrer os índios e ainda agradecer por sermos dirigidos pelos deuses do Olimpo. 

 

Roberto Malvezzi (Gogó) é membro da CPT – Comissão Pastoral da Terra.

 

Comentários   

0 #3 Indignados ....Sandro 29-10-2011 05:57
Concordo esse e o projeto do imperialismo norte americano para o Brasil : Sugar os recursos naturais da Amazonia e de todo o pais . E para isso a construcao de megamaniacas hidroeletricas .
Destruicao da Amazonia ,tribos indiginas, biodiversidades , rios ,cachoeiras etc .Isso nao importa ,isso queda no Brasil ...
Soube que recentemente , apos muitos protestos, Evo Morales suspendeu uma polemica estrada que cortaria uma reserva na Amazonia boliviana , soube tb que no Equador tambem apos de muitos protestos suspenderam a construcao de uma hidroeletrica que inundaria grande parte da floresta .
Esta na hora de nos acordarmos e nos indignarmos .A exemplo da Espanha devemos ocupar os canteiros de obras de polemicas hidroeletricas e estradas de forma permanente [ ate que seja cancelada ].
O que temos menos que Peru ou Bolivia ?
Atenciosamente Sandro
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0 #2 RE: Xingu: geopolítica e geoeconomiaMarcFlav 31-08-2011 21:40
A meu ver não existem democracias, quiçá nunca tenham existido... O que temos são, de um lado, oligarquias em conflito, e do outro, a sociedade de massas... Orwell já falava sobre isso em "1984"
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0 #1 RE: Xingu: geopolítica e geoeconomiaAlexandre 31-08-2011 12:06
Quanta ignorância e falta de respeito com os brasileiros que produzem conhecimento. A CPT produz o quê? Nada, apenas já prevê seu próprio fim por falta do que fazer.
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