Correio da Cidadania

Ao companheiro “Sicrano”

0
0
0
s2sdefault

 

Omito o nome do companheiro para evitar qualquer tipo de constrangimento. A verdade é que fui surpreendido pela afirmação de que eu havia declarado ser o Serra melhor do que a Dilma. Isso não é verdade. Trata-se de uma distorção. Escrevi dois artigos: um era "Entre o péssimo e o pior", e o segundo, "Trágico dilema". Nenhum dos dois artigos diz que alguém é melhor e sim que os dois seriam péssimos. E isso é diferente do que estava me sendo atribuído. A esquerda de matriz stalinista tem por hábito recorrer a distorções para desqualificar os que divergem e isso deve ser evitado.

 

Em segundo lugar, devemos deixar claro que o voto Dilma, Serra ou Nulo são posições de natureza estritamente tática; não é uma questão de princípio. É muito próprio da esquerda dogmática fazer confusão entre o que é tático e o que é princípio. O certo é ser inflexível nos princípios e flexível na tática. Entretanto, por desconhecimento ou má fé, inverte-se a questão, flexibiliza-se nos princípios e inflexibiliza-se nas táticas.

 

A maledicência de certa esquerda torna a vida política, nesse âmbito, próxima do intolerável. Esse comportamento afasta uma legião de pessoas honestas e abriga aqueles que se dispõem ao jogo sujo ao invés do embate limpo. É claro que não me atenho ao companheiro Sicrano, pois conheço muito bem o seu estofo moral, mas isso não impede que pessoas, mesmo honestas, terminem por difundir a maledicência, dando asas para os arrivistas, os insensíveis, os inescrupulosos ou mesmo aos beatos acríticos que não se tocam que as distorções, a calúnia, a má fé são grandes estorvos para uma militância revolucionária.

 

Repilo a insinuação de que eu tenha considerado uma das duas candidaturas do segundo turno, boa. Repeti, exaustivamente, que a disputa se dava entre a direita. Serra, a direita explícita; Dilma, a direita travestida de esquerda. Ambas as candidaturas a serviço da manutenção do capitalismo e, portanto, objeto de generosas contribuições as suas campanhas por parte do grande capital. Devemos repelir o falso dilema: neoliberalismo versus nacional-desenvolvimentismo, pois isso é uma inverdade. As candidaturas eram continuístas do Plano Real de Itamar Franco, FHC e Lula, o resto é fantasia ou má fé.

 

Gilvan Rocha é presidente do CAEP- Centro de Atividades e Estudos Políticos.

Blog do autor: www.gilvanrocha.blogspot.com/

 

{moscomment}

Comentários   

0 #3 Artigo claro e objetivoPatricia Jacques Fernandes 27-11-2010 20:11
Saudações. Gostei muito do artigo. Não precisa ser de esquerda ou de direita para verificar que nem Dilma, nem Serra, nem Marina, tinham interesse de mudar coisa alguma. Pretendiam apenas continuar o que já estava dado.
Esse é o problema de boa parte da dita esquerda: é composta por ambidestros.
Citar
0 #2 Maledicência...Dulcinéa 25-11-2010 18:26
Não tenho estofo teórico para discutir com quem tem, mas sou uma simples militante de esquerda que uma coisa sempre soube: perceber e enfrentar uma injustiça. Nas escolas onde trabalhei, isto fiz, quando não estava acabrunhada pelos golpes baixos e pelo temor frente à perseguição.
Não concordo com muitas coisas que diz o Sr. Gilvan, mas gostei deste artigo, especialmente quando fala da maledicência. Chamo de processo de queimação. Vi e fui vítima disto no movimento sindical e no partido em que milito, o PT. Não acredito que seja diferente em outros partidos de esquerda, por isso até hoje não me desfiliei. Conversando sobre isto com um companheiro dias desses, disse ele que 'queimação' é tática da direita. Gostei do que ele disse. Mas porque existe tanto na esquerda?! Não se quer ser diferente da direita?! Não se quer construir a "nova sociedade", o "homem novo"?! Ou é apenas um discurso enganador, traiçoeiro, cruel?!
Se é assim, não seria preferível ser um direitista, quer dizer, não defender mudanças, revoluções, etc.?!
A propósito, Sr. Gilvan, não foi o senhor que escreveu "E se for o Serra..."? Este artigo eu, definitivamente, não concordei.
Um grande abraço!
Citar
0 #1 Pedro 24-11-2010 16:26
Gilvan Rocha falando em "flexibilidade Tática no mínimo soa engraçado..
Citar
0
0
0
s2sdefault