Resumindo pecados
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- Wladimir Pomar
- 05/10/2010
No texto de 26/07, apontamos que parecia "predominar em diferentes áreas da campanha da candidatura Dilma, inclusive no PT, a suposição de que a disputa está ganha e a vitória eleitoral é certa". Na ocasião, consideramos que a candidatura Dilma continuava "empacada num inconfortável empate técnico" pelo que pareciam ser fraquezas de sua campanha. Os "lobbies do já ganhou" tendiam a paralisar as atividades fundamentais de qualquer campanha eleitoral: "o contato direto, diário, incansável, com as principais camadas populares do eleitorado".
Além disso, achávamos que a candidatura Dilma parecia "presa a uma agenda positiva inflexível" que poderia ter "reflexos negativos" se não tivesse "flexibilidade para enfrentar positivamente os problemas existentes, principalmente aqueles relacionados com a vida do povo, deixando-os sem proposta, sem firmeza positiva diante dos ataques dos adversários, deixando-os sem resposta". Serra e Marina estavam com "o mesmo discurso" de Dilma, "acrescentando a ele a crítica a problemas não resolvidos". Portanto, era preciso "algo mais para conquistar corações e mentes", como "propostas concretas para corrigir a política de juros altos, reduzir os tributos das pequenas e micro-empresas, melhorar a segurança pública, só para citar alguns exemplos".
No texto de 23/08, sustentamos que as pesquisas, que apresentavam Dilma em condições de obter a vitória no primeiro turno, poderiam "ser fatais" para sua campanha. Embora Serra apontasse queda, Marina estava "em situação estável", demonstrando que Dilma não a havia abalado. Assim, a possibilidade de vencer no primeiro turno apontava, naquele momento, "o aspecto negativo" de levar os partidos aliados de Dilma a suporem ganha a parada e se voltarem totalmente para suas próprias campanhas a governador e proporcionais, como era fácil de notar no horário eleitoral.
Nessas condições, o ritmo da campanha tendia a baixar, "abrindo a possibilidade de subida da Marina e recuperação ou estabilidade de Serra". No dia 30/08, reiteramos a necessidade de a campanha Dilma manter o ritmo de crescimento e fazer ajustes, no sentido de realizar "uma ofensiva complementar, tratando com mais propriedade alguns temas que se tornaram cavalos de batalha na campanha Marina".
Marina passara a concentrar "seu fogo e ataques ao governo em temas como reforma tributária, proteção ambiental, jornada de trabalho, segurança e liberdade de comunicação". Essa crítica a fizera "conquistar parte do eleitorado de esquerda" e havia "carreado apoios a candidatos de outros partidos desse espectro político". Mesmo sem ter bola de cristal, afirmamos que, "somados", eles representavam "mais de 15% das intenções de voto". Assim, "se a campanha Dilma desprezar o trato de tais temas, pode ser por aí que ela seja surpreendida".
E foi por aí que ela foi surpreendida. Se quisermos resumir os pecados da campanha presidencial petista, podemos dizer que: (1) faltou uma estratégia clara de mobilização massiva; (2) absolutizou a defensiva estratégia, evitando ofensivas táticas indispensáveis, como no caso Erenice e nos ataques da grande imprensa, levando inclusive Lula a fazer um recuo; (3) deixou prevalecer o "já ganhou"; (4) faltou programa de governo, a ser defendido por todos os candidatos da base aliada, em especial os do PT, cujas campanhas na TV mal se diferenciavam das propostas despolitizadas dos candidatos do PSDB e do DEM; e (5) ocorreu uma fuga geral da discussão política.
Se a candidatura Dilma não quiser ser atropelada por uma derrota impensável e desastrosa para o país, seu segundo turno terá que ir muito além da defesa da "continuidade e avanço" do governo Lula. Terá que detalhar que avanço será esse em termos de medidas concretas. E tratar com firmeza as questões referentes a emprego, assentamento agrícola, estímulo à pequena produção agrícola e urbana, redução de juros e tributos, combate à corrupção, segurança pública, proteção e recuperação do meio ambiente, intensificação da educação, ampliação profunda do atendimento à saúde, políticas de promoção das mulheres e jovens etc. etc.
Só explicitando claramente respostas a essas questões será possível diferenciar o desenvolvimento sustentável e o crescimento econômico democrático e popular do "desenvolvimento" proposto por Serra. Só dessa forma será possível fazer com que o povão entenda tal diferença e conseguir que parte considerável do eleitorado que migrou para Marina volte a ser atraído para a candidatura Dilma.
Wladimir Pomar é escritor e analista político.
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Comentários
Ou vale o risco de ter um governo Serra???
O Rafael devia ser menos arrogante e deixar de atacar quem preconza o Voto Nulo ou o Absenteísmo no segundo turno, pois estes estão, de certa forma, diminuindo o número de votos válidos, beneficiando a Dilma.
Se oriente rapaz....
Com Dilma, teremos o projeto do capital imposto com o Movimento Popular em casa. Com Serra, se não houver um rápido e possível acordo PT / PSDB já para as próximas eleições municipais (acordo este, muito possível), pode ser que o Movimento saia as ruas....
Resta saber de que lado nós vamos sambar. Eu estou do lado do Wladmir Pomar e do povo brasileiro e de Lula, que bem o mal tem feito país avançar, há problemas sim claro, mas a soma tem sido positiva e a tendência é que melhore.
Quem estiver sambando do outro lado, lamento, mas é o lado da direita, que por mais que se diga o contrário, mesmo contra sua vontade, esta ala esta se unindo de fato a estratégia da direita reacionária, que vão acabar se constituindo como a mesma coisa.
Já faz tempo que os candidatos do PT assumiram está posição de \\\"Oba-oba\\\",\\\"Já Gan-
hei,o que é muito arrogante.Não deveriam ter sobrestimado outros Partidos,muito menos,uma candidata do porte de Marina.
Mais uma vez,o PT deu \\\"com os burros na água,o que parece ótimo,já que a estratégia da campanha da Dilma,baseou-se
principalmente na figura carismática do presidente Lula,deixando para tráz problemas não resolvidos por Lula,como a reforma agrária,violência,o desemprego e etc.
Dilma, o T e seus apiadores não conseguem se diferenciarem da direita conservadora que assola este país. E o motivo éum só: Tornaram-se igiuias, se é que algum dia, os que hoje dominam o PT foram diferentes.
Aí, o eleitorado fica ao sabor da escoha desideologizada, por simatia, a mercê do bombardeio midiático de fatos periféricos, em vez de defenderem um Programa de Governo.
No Chile, um esquema que se dizia de esquerda em frente ampla deitou e rolou durante anos, fazendo o programa da colaboração de classes. Afora entregaram o país para a direita, sua irmã siamesa.
O Lullo Petismo e seus seguidores que se dizem de esquerda serão cobrados fortemente sobre a sua covardia e adesão ao capital. Mas quem vai pagar mesmo é o Povo. Com Dima ou com Serra.
Wladimir Pomar devia se envergonhar de sua análise para Petistas lerem (=inglês ver), sem ir ao fundo do problema, mais uma vez.
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