Correio da Cidadania

Apertem os cintos: o PT sumiu!

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Nestes dias fiz uma pequena leitura do mapa eleitoral para a eleição de governadores nos estados, mais ou menos consolidados a cerca de um mês das eleições. Pouparei este trabalho para os meus possíveis leitores, pois certas tarefas não desejo nem para os meus desafetos, quanto mais para quem me lê.

 

É surpreendente a mágica que se faz na opinião pública, transformando o que é uma acachapante derrota eleitoral em uma "vitória retumbante".

 

O artifício é simples, e foi amplamente assumido pelo próprio PT, que, em troca da eleição de sua candidata à presidência da República, fez todos os acordos regionais com ex-adversários e atuais aliados de ocasião, visto a opção do lullo-petismo de usar o povo apenas como massa de manobra eleitoral, excluindo-o como sujeito do debate político. Ou seja, fez a opção pela "governabilidade palaciana" como caminho mais fácil para manter-se não no poder, mas no cargo principal do país, ao arrepio de todas as propostas originais que construíram, durante cerca de 25 anos, as forças que elegeram Lulla em 2002.

 

Assim, repasso a todos o tal mapa eleitoral nos estados, com a devida análise que me permito, a partir dos fatos, não dos desejos ou mentiras, expondo e confirmando o que digo no título do artigo.

 

O presidente Lulla se constitui na entidade política de maior projeção midiática, o PT é falado todos os dias em todos os jornais e mídias, assim como as políticas governamentais, sendo nenhuma delas criticada no seu íntimo. Ao contrário, são apoiadas desavergonhadamente até por quem se diz oposição de direita ao Lulla, pois sabem que este obedece às diretrizes do capital internacional, este sim o principal mandatário do país. No entanto, o PT como partido não chega nem perto de uma inserção institucional na política brasileira do tamanho do alarde que fazem, pegando carona no Lulla. Aliás, paro de escrever sobre política se alguém me mostrar uma só das macropolíticas de Lulla que seja criticada pela direita brasileira.

 

Assim, temos o PT com vitória garantida em apenas três estados, mas, sem desmerecê-los, de pouquíssima importância econômica e política para o país. São eles: Acre, Bahia e Sergipe.

 

Temos Tarso Genro com chances, mas sem qualquer garantia de vitória (acho até que perderá), com o PT disputando o segundo turno completamente empatado com as forças de oposição (como sempre no dividido Rio Grande do Sul). E no Mato Grosso do Sul, se houver segundo turno e Deus absolver todas as falcatruas e acordos espúrios (até com o DEM, inaugurando a aliança PT-DEM, anos atrás no Mato Grosso do Sul), temos o ex-governador petista que atende pela alcunha de Zeca do PT- que, entre outras coisas, foi o avalista da entrada no partido de pedófilo condenado, o ex-vereador de nome Disney (sem ironias).

 

E só! Este é o legado do PT nas suas alianças para a eleição de Dilma, após oito anos de governo Lulla, sem povo, a não ser como acessório de poder.

 

A senadora por Santa Catarina, Ideli ‘Salvar-se’, aparece com míseros 16% dos votos contra Ângela Amin do PP, não governista (31%), e Colombo, do DEM (27%), mesmo após ter sido subserviente ao extremo, tendo uma exposição midiática bem maior que a sua estatura (é baixinha, a senadora...). Até em convescote com os criadores da Bossa Nova aqui no Rio a senadora veio. E lamentou que sua mãe "não estivesse viva para curtir aquele momento". Ao menos, não vai ver sua filha vergonhosamente derrotada, após tanta subserviência.

 

Para tentar amenizar esta derrota petista nestas eleições para governos estaduais, o PSB (partido "quase" irmão do PT, com Skaff e tudo), com Renato Casagrande, será eleito no primeiro turno no Espírito Santo. A mesma coisa no Ceará, com o irmão do "enfant terrible" Ciro Gomes, o Cid Gomes (que algum troco será obrigado a dar no PT de lá, por tantas sacanagens das quais ele e seu irmão foram alvos por parte do partido). E o PSB está também consolidado como vitorioso em Pernambuco. Nestes estados, portanto, só restará ao PT ficar feliz com a vitória dos outros.

 

Em nenhuma outra unidade da federação aparecem o PT e o PSB em posição razoável na disputa. Restam o PDT e o PMDB como aliados, que analisaremos abaixo, visto que o PC do B não dá nem pro cafezinho...

 

O PDT, em Alagoas, terá o Ronaldo Lessa a apoiar o Collor ou ser apoiado por ele, para eleger a coligação pró-Lulla. O que seria inimaginável alguns poucos anos atrás. E o Jackson Lago, PDT do Maranhão, boicotado pelo PT em aliança com a "progressista" Roseana Sarney (quase uma Dilma, hoje em dia), vai amargar o seu ocaso político sendo traído por quem sempre emprestou apoio, e tendo a pequena dissidência petista por lá feito até greve de fome para votar no... PC do B.

 

Resta então, para completar o júbilo petista com a vitória alheia, a eleição apenas provável do PMDB governista nos estados da Paraíba, Tocantins, Maranhão e Rio de Janeiro.

 

Em Minas Gerais, parece que Anastásio (apoiando e apoiado por Dilma, por baixo dos panos) vai disputar até o último segundo. E convenhamos que ganhar com Helio Costa soa mais como derrota - ao menos soava, antigamente.

 

No Rio Grande do Sul, uma possível vitória do PMDB com Fogaça será apoiada pelo PSDB. Assim como no Mato Grosso do Sul, em que a vitória do PMDB com Puccineli, de OPOSIÇÃO à Dilma e ao PT local, é bem provável.

 

No Pará, D. Ana Julia Carepa patinou, talvez por iniciativas como a sua aliança com madeireiros e o Projeto Paz no Campo (apelidado pelo MST de Pau no Campo), e por lá o governo será entregue ao PSDB, com Simão Jatene, com ou sem Barbalho a esta altura do campeonato (certos amigos são verdadeiros inimigos...). Já em Roraima, o PT sequer existe, nem tem aliados, mesmo os de mais baixa estirpe, com os quais a legenda se acostumou a conviver, a meu ver, despudoradamente.

 

O resto, cerca de nove estados, vai ficar mesmo com a oposição, salvo algum desimportante engano meu (paciência tem limites para estas análises). Traça-se um quadro onde o PT naufraga eleitoralmente, cedendo lugar para cerca de dez governadores "aliados", já sendo certo nove de oposição, além de disputa acirrada em apenas sete estados.

 

Assim, podemos afirmar, sem medo de errar, que Lulla e o PT oPTaram pela formatação do país em Sesmarias Políticas, retrocedendo aos tempos coloniais para manter a unidade do país (em torno da aristocracia). Dividiram o país nas malditas Sesmarias, das quais não nos livramos até hoje, e estão virando moda novamente pelas mãos do Partido dos Trabalhadores e seus coronéis aliados.

 

Some-se a isso a vitória eleitoral do PMDB, que, além de ter um vice que não é nenhum inexperiente, ao contrário, é conhecida ave de rapina do poder. Fará este partido ter o presidente da Câmara Federal e do Senado, podendo sair muito fortalecido nos estados. Só o PT mesmo para alçar um medíocre como Michel Temer a vice-presidente da República.

 

Ora! Que melhor resultado eleitoral poderiam esperar aqueles que chegaram a se assustar com o surgimento de um partido que representou as legítimas forças populares em luta, por tênues anos?

 

Certamente estão felizes e contemplados com uma Dilma que representa a domesticação dos tecnocratas e burocratas que se apoderaram das energias criativas que fizeram nascer o PT na década de 80, ladeada por cães de guarda do Império, como o são Pallocci, Henrique Meirelles e Jobim.

 

Que resultado melhor do que este, com a completa super-estruturação do poder, já totalmente burocratizado e seqüestrado, por não possuir povo protagonista, seria imaginado por Stanley Gacek? Refiro-me ao gerente trabalhista da AFL-CIO, o sindicalismo dos EUA que Lulla representou oficialmente na reunião do diálogo interamericano em 1992, com FHC, Salinas e tantos outros que se tornaram algozes de seus povos.

 

Portanto, eis o trágico resultado da experiência do lullo-petismo no poder aqui no Brasil. Fizeram com que o Brasil, tal e qual um cachorro doido, fique a dar voltas sobre si mesmo, buscando morder o próprio rabo, aqui representado por Sarney e companhia bela. Fazem fachada aos "homens do norte", que são os verdadeiros cabides em que se apóia este grupo de arrivistas do lullo-petismo, doando-lhes o Brasil em troca da concessão de ter a cabeça de chapa na eleição presidencial. Tudo para, no fim das contas, apenas gerenciarem a entrega do país com fachada - só fachada - de progressistas.

 

É a ex-esquerda Corporation S.A., aqui fazendo o papel de Luiz XIV e Maria Antonieta, nesta entrega pornográfica do país aos estrangeiros e capitalistas "nacionalistas". Dos aristocratas franceses, a guilhotina da Revolução cortou-lhes a cabeça. Quem sabe, um dia, esses neo-aristocratas brasileiros não serão passados pela guilhotina da História?

 

Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata e entende muito bem de cachorros loucos.

 

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Comentários   

0 #14 não é lulla, é L-u-l-a.wagner 17-09-2010 22:12
"paro de escrever sobre política se alguém me mostrar uma só das macropolíticas de Lulla que seja criticada pela direita brasileira": a política externa de colaboração política e comercial com países não aliados aos EUA, como Venezuela, Cuba, Bolívia... não seria um exemplo do que a direita não gosta?

Pode ser migalha, como tu escrevestes, mas eu acho muito significativo que 28 milhões de pessoas tenham o mínimo pro sustento... É migalha, tens razão, mas entre ter menos que o mínimo e ter o mínimo - pelo menos pra quem SOFRE a necessidade, o melhor é ter o mínimo. Não podemos deixar que o "revolucionarismo" nos deixe insensível pra perceber que o povo está vivendo qualitativamente melhor hoje mais que em toda a história do país... Então o teu "lulla" merece o teu respeito...

E outra coisa: o PT abriu mão de lançar candidato próprio ao governo estadual apenas quando algum candidato de outro partido da coligação estivesse com mais chances de vitória. Nesses casos, assim como em todos os outros, priorizou-se as candidaturas ao senado. A importância, nesse momento, é dar sustentação de esquerda ao governo Dilma no congresso nacional...

As forças conservadoras continuam extremamente ativas por aí mas, do jeito que a coisa anda, o bloco mais reacionário que é o dem (ex pfl e ex arena) e o psdb (os maiores neoliberais do país) será simbólicamente enterrado nessa eleição...
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0 #13 Anti - rábica pro esquerdismoJoão Felipe Fleming 17-09-2010 08:35
Esse texto, somado a alguns comentários aqui, demonstra apenas que o grande mau do esquerdismo é ter o pé na terra e a cabeça na lua. Para um texto que se propõe a fazer uma analise do quadro eleitoral, o desempenho dele é horrível. Pior ainda é a avaliação dos comentários que legitimam o tiro no pé dessa analise que está completamente fora da realidade. Em partes, se fizermos uma analise estritamente eleitoral, em 2003 o PT elegeu 1 Governador (AC), em 2006 elegeu 4 governadores (BA, SE, PA e AC)e, para 2010, o quadro é totalmente distinto do que foi propagandeado no texto, possuindo 5 Estado com chances reais de vitória (DF, BA, AC, RS e SE) e 2 com possibilidades de reversão do quadro (PA e MS). O grande equívoco do esquerdismo foi propagandear o fim do PT, assim como faz o DEM - PSDB. Esse equívoco se dá pela falta de vinculo com as massas e a própria realidade. Foi por isso que o PSOL de 2002 a 2006 tinha 14 parlamentares (13 dep. federais e 1 senador) e caiu para 4 parlamentares (3 dep. federais e 1 senador) e a perspectiva é cair para 2 parlamentares (1 dep. federal e 1 senador). Eu particularmente prefiro que a ultra - esquerda não acabe, mas desse jeito a vaca vai pro brejo, talvez seja melhor para o articulista deixar de cuidar dos cães raivosos, pois essa doênça esta influênciando suas analises.

abs.

João Felipe
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0 #12 Rogério Feliciano de Andrade 13-09-2010 14:28
Fora os Lullistas, os petistas de fato estão com o rabo entre as pernas, contentando-se com o osso que lá têm para roerem. Embora o luxo e a abundância do palácio lhes traga "ares" de progresso, justiça e sensatez a crise petista, to be or not to be, segue em meio a nevasca. Ganhar é calar-se diante de tudo, nunca foi tão fácil, contraditório. O que falta mesmo é coragem para os envergonhados que restaram... Não se enganem, colegas, esses que vêm aqui são meros PMDBistas da mesmíssima direita asquerosa e collorida, profissionais travestidos, a defenderem "suas conquistas"... ou reconquistas.
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0 #11 Alexandre Schwarz 13-09-2010 14:22
Eu não comentei o texto em si porque concordo em linhas gerais. É só ler.
Não posso achar tosco escrever Lula com dois L? Acho tosco, ué.
É desnecessário.
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0 #10 alguma coisa ta fora da ordem!!!!!!!!!!zeca pedra 13-09-2010 11:28
perfeito esse quadro; pena que o nosso partido - partidos dos trabalhadores! sua direção majoritaria tenham deixado seu maior patrimonio "" sua miltancia"" para governar com pedofilios mensaleiros e outros bandidos de plantão!
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0 #9 e o mundo não foi construído em piscar dEstevam Ferreira da Costa 12-09-2010 18:37
Excelente as conclusões do articulista. ainda bem que estes são comentários de analistas esportivos, após o jogo...só que, diferente do futebol, a política não tem números de tempos definidos porque não termina nunca...mas dá para perceber como estamos longe da democracia platonista...
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0 #8 Bem no AlvoFidelis Pedro Pretto 11-09-2010 13:21
Não há o que contestar em relação ao artigo de Raymundo Filho. O PT nunca teve um projeto para o país, apenas a ideia de chegar ao poder. Realmente, retrocedemos uns três séculos. Novamente, teremos que começar tudo outra vez.O PT em nenhum momento colocou em dúvida as alianças com o que há de mais nefasto na política brasiliera. Todo o lixo político, irreciclável, hoje aparece nas entranhas do PT, outrora agremiação que sinalizava mudanças nos destinos do Brasil.Lulla, inquestionavelmente, é tudo o que a vanguarda do atraso nacional sempre quis. Dá milho ao povo,filé aos bancos e dinheiro do BNDES
ao grande capital.
Amigo Raymundo Filho, muito mais que um veterinário homeopata, o Brasil necessita urgentemente de uma autópsia nos dinossauros que continuam livres e soltos pleo território nacional.
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0 #7 O pior mesmo...Raymundo Araujo Filho 11-09-2010 12:06
...não é escrever Lulla com dos LLs, afinal apenas uma licensiosidade "poética", um grafismo para encurtar o caminho da identificação de Lulla com Collor, nas suas políticas de integração do Brasil ao Capitalismo Mundial, de forma subalterna, pois de outra forma não poderia ser. Debato com qualquer um sobre o que afirmo. Infelizmente não se encontra quem queira se dispor a este debate. Covardia?

No mais, ater-se a esta licensiosidade que faço em meus artigos, em vez de comentar o texto e as assertivas dele, apenas me indica o porque Dilma será eleita com apoio de quem (refiro-me a muita gente que se diz de esquerda)tem discurso mudancista, mas apoiando quem não vem para mudar nada.

Não escrevo sob nenhuma relação de sublternidade com quem possivelmente acessa meus artigos. Por isso não admito nenhuma lição de moral sobre o meu estilo, ou falta de.

O Lullo Petismo acostumou muito mal, determinados setores da inteligência brasileira...

Se querem bacalhau, que o comprem com quem o vende. Meu artigo é outro.
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0 #6 Rodolfo Maciel 11-09-2010 10:07
O tal de Alexandre em vez de contrapor argumentos ao texto se irrita com um chiste, aliás muito bem colocado, pois LuLLa (com dois LL mesmo) se aliou a CoLLor e a tudo de ruim que existe na política nacional. São muito bons os textos do Raymundo, ele deveria escrever mais por aqui.
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0 #5 Célio Albuquerque de Lima 11-09-2010 09:29
Por que Alexandre? PHA, gabaritadíssimo, veste José Serra de tudo quanto é apelido - diga-se, Serra fez por merecer -. É o bonnus da liberdade... Já Lulla se aliou a collor: http://www.youtube.com/watch?v=M0ew2mCJRFg
Qual é o problema?
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