Correio da Cidadania

O papel do PT

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É evidente que não são apenas candidatos do PT que, movidos pela euforia da provável vitória da sua candidata à presidência, esquecem de falar dela e se voltam apenas para a promoção de sua própria candidatura. Candidatos de outros partidos coligados também o fazem, embora haja aqueles que fazem questão de associar-se ao nome e à figura da candidata do PT.

 

Mas o PT talvez não possa dar-se ao luxo de permitir que seja seguido pelo exemplo negativo. Se tal postura se disseminar, como já afirmamos em outros comentários, as conseqüências podem ser desastrosas, apesar da crise em que se encontra a candidatura Serra. O problema desse partido consiste em que a grande mídia ainda não desistiu de derrotá-lo, nem à sua candidata. A grande imprensa possui um arsenal, impossível de subestimar, e pode aproveitar-se de qualquer descompasso de candidatos petistas na promoção, ou falta de promoção, da candidata do PT à presidência.

 

A grande mídia, ou o quarto poder da República, por um lado, continua tentando criar um fato político de repercussão, que reviva trapalhadas do tipo "aloprados", e freie a tendência de crescimento da candidata petista. O suposto vazamento, pela Receita Federal, de dados sigilosos de pessoas ligadas a Serra está dentro dessa busca desesperada para reverter a tendência principal da disputa.

 

Por outro lado, esse quarto poder continua operando para forçar um segundo turno, abrindo ainda mais espaço para Marina e demais candidatos da oposição de esquerda, que divulgam a idéia de que Dilma e o PT estão a serviço do grande capital. Em linha paralela e contrária a esta, regurgita a idéia, ainda presente em alguns poucos setores do próprio PT, de que a grande aliança histórica desse partido deveria ser com o PSDB. Com isso, procura desqualificar a aliança com o PMDB e criar uma cunha na coligação.

 

Ou seja, a grande mídia opera por todos os flancos no sentido de introduzir dúvidas e reduzir o ímpeto da campanha presidencial do PT. Ela parece ter claro que a atual disputa presidencial pode ser o acerto final de contas com a herança nefasta de FHC. O que parece não estar suficientemente evidente para segmentos consideráveis do próprio PT, nem para alguns de seus aliados e adversários.

 

Este é um dos motivos pelos quais a campanha presidencial do PT apresenta limites que não pode transpor, sob pena de perder apoios no processo eleitoral. O que impõe à campanha uma certa posição defensiva em questões polêmicas e discrepantes na coligação. Por outro parte, para a maior parte da população brasileira, para aquela massa que vivia enjeitada e abandonada, e para a qual as políticas implementadas pelo governo Lula passaram a representar uma esperança de mudança real, a possível vitória da candidatura Dilma apresenta uma expectativa que vai além da simples continuidade do governo Lula.

 

Essa maioria da população e do eleitorado quer um governo que chegue ainda mais perto de suas esperanças e expectativas. Não é por acaso que Serra, mesmo não tendo legitimidade para isso, tenha se esforçado para convencer de que faria muito mais. Como não é por acaso que o próprio Lula tem declarado que uma das tarefas que está se impondo, após passar o governo, será batalhar pela reforma política.

 

Essa situação também impõe à candidatura Dilma uma posição ofensiva em questões que dizem respeito ao futuro das grandes massas populares, do país e da própria América do Sul, sob pena de também perder apoios se não tiver posição definida a respeito delas. Nessas condições, se a candidatura Dilma não exercer uma combinação adequada entre seus limites, no âmbito da coligação política, e suas necessidades, no âmbito das demandas democráticas e populares, ela poderá ter dificuldade em responder adequadamente ao fogo adversário e continuar ampliando seu potencial de votos.

 

O desgaste da candidatura Serra, tanto pelas promessas populistas de fazer tudo em toda parte, quanto pelo reacionarismo demonstrado numa série de temas econômicos, sociais e mesmo de diplomacia externa, é evidente. Mas seria ilusão supor que, apesar disso, a grande mídia vai abandonar os temas polêmicos e evitar colocá-los em debate. Talvez ocorra justamente o oposto. Isto é, quanto mais a candidatura Serra afundar, mais ferrenha e violenta pode se tornar a campanha do quarto poder.

 

Este teste, aparentemente, será um teste da candidata e da sua coordenação coligada. Na verdade, porém, será principalmente um teste que colocará em pauta o papel do PT e de sua direção como principal partido na disputa. Se ele não entender isso, poderá sair enfraquecido, mesmo que Dilma vença no primeiro turno. A política, como a vida, se move à base de contradições. E há indícios de que essa é uma das presentes na atual campanha eleitoral.

 

Wladimir Pomar é escritor e analista político.

 

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Comentários   

0 #3 Pau de GalinheiroRaymundo Araujo Filho 04-09-2010 19:56
Como se diz na roça, o papel do PT está mais sujo do que Pau de Galinheiro, e do mesmo material encontrado nestes puleiros avícolas.
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0 #2 CAPITULAÇÃO: UM SACO SEM FUNDORINALDO MARTINS 03-09-2010 06:52
A capitulação política e ideológica parece ser um saco sem fundo, pois sempre busca "novos" argumentos para justificar suas posições.

No texto acima de WP, Dilma aparece como a vítima, atacada por todos (direita e esquerda), pela mídia burguesa, etc. uma pobre coitada. A perseguida. Para quem está iniciando na política, é um discurso que até envolve pelo emocional. Mas, peraí. Não são os candidatos da esquerda ou da herança neoliberal que estão em primeiro lugar.

Esse fenômeno das estatísticas, que eleva essa candidata, colocada por WP como representante dos anseios populares, como favoritíssima, de duas,uma: ou é resultado de um processo avançado de conscientização política do povo ou então resultado da mesma política alienativa, populista, massificada no país há séculos (a mesma política que elegeu Collor, FHC, etc). Se for a primeira avaliação, então estamos simplesmente à beira de um processo revolucionário, o que não parece estar acontecendo, muito pelo contrário.

Conclusão: Dilma só está com esse patamar porque é sim a candidata preferida (e diria até IDEAL) dos grandes grupos econômicos. E denunciar isto não é ajudar a direita a se eleger e sim ajudar o povo a se conscientizar da realidade obscurecida pelos que um dia disseram que lutariam no governo pela causa da libertação popular.

Rinaldo
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0 #1 Sturt 02-09-2010 12:34
O texto só pode ser uma piada.

As candidaturas de esquerda só fala a verdade e mais não adinta ficarem colocando a culpa na grande mídia se os petistas tomam champanhe com eles.

O PT prescisa fazer uma autocrítica,isso sim,se não , será combatido pela esquerda como a direita conservadora!
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