Correio da Cidadania

Os perigos da euforia

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As recentes pesquisas eleitorais continuam apresentando Dilma em processo de ascensão. Aparentemente, a continuar nessa rota, a candidata do PT estaria em condições de obter a vitória no primeiro turno. Porém, essa aparência, como já reiteramos em comentário anterior, pode ser fatal para a campanha petista, por vários motivos.

 

Se olharmos as pesquisas com mais atenção, veremos Dilma em crescimento, Serra em queda e Marina, assim como os demais candidatos, em situação estável. A queda de Serra está associada à subida de Dilma, devendo significar que a natureza direitista e reacionária da candidatura do PSDB-DEM está vindo à luz, e que seu falso discurso de continuidade do governo Lula não colou.

 

Portanto, podemos deduzir que Dilma ganhou pontos principalmente entre os indecisos, entre os que estavam acreditando no discurso continuísta de Serra, e entre aqueles setores da classe média que ainda acreditavam que o PSDB é um partido social-democrata. No entanto, a candidatura Dilma ainda não abalou a candidatura Marina, onde se encontra uma parte da esquerda, embora Marina também esteja em dificuldade para manter seu discurso de continuidade do governo Lula.

 

Nessas condições, talvez seja a primeira vez, nas campanhas eleitorais presidenciais desde 1989, que o PT tem chances não só de vencer, mas de vencer no primeiro turno. Isto, que apresenta um aspecto positivo, por não obrigar o partido a rebaixar ainda mais seu programa eleitoral, também apresenta o aspecto negativo de levar os candidatos dos partidos de sustentação da candidatura Dilma - a governador, senador e deputado - a suporem ganha a parada presidencial e se voltarem totalmente para suas próprias campanhas.

 

Aliás, quem quer que se dê ao trabalho de acompanhar o horário eleitoral na televisão pode notar que até mesmo muitos candidatos do PT tiraram a imagem de Dilma de suas apresentações. A preocupação maior vem sendo colocar Lula ao lado, a fim de angariar votos para suas próprias candidaturas. Se a leitura das últimas pesquisas eleitorais levar à euforia do ‘está ganha a presidência’, mesmo que teoricamente isto seja negado, o ritmo da campanha presidencial tende a baixar, abrindo a possibilidade de subida da Marina e recuperação ou estabilidade de Serra.

 

Em tais condições, se a campanha Dilma pretender manter o ritmo de crescimento, ela terá de fazer ajustes, principalmente nas relações com o seu PT. É esquisito que candidatos desse partido, seja aos governos estaduais, seja aos legislativos federal e estadual, não mostrem apoio explícito à candidatura presidencial do PT. Deve haver algum desajuste entre a campanha da coligação de apoio à Dilma e a campanha petista.

 

Além disso, as informações de que a campanha Dilma pretende realizar maior ofensiva na conquista dos indecisos e dos ‘não-sabe’ pode ser positiva, mas talvez não baste para consolidar a perspectiva de sua vitória no primeiro turno. Talvez seja necessária uma ofensiva complementar, tratando com mais propriedade alguns temas que se tornaram cavalos de batalha na campanha Marina.

 

Marina vem concentrando seu fogo e ataques ao governo em temas como reforma tributária, proteção ambiental, jornada de trabalho, segurança e liberdade de comunicação. É essa crítica que a fez conquistar parte do eleitorado de esquerda, e também tem carreado apoios a candidatos de outros partidos desse espectro político. Somados, eles representam mais de 15% das intenções de voto. Assim, como é nos detalhes que o diabo se apresenta, se a campanha Dilma desprezar o trato de tais temas, pode ser por aí que ela seja surpreendida.

 

Wladimir Pomar é escritor e analista político.

 

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Comentários   

0 #3 GovernabildadeRaymundo Araujo Filho 26-08-2010 15:03
Eu já dou como favas contadas a eleição de Dilma no primeiro turno, há muito tempo, como atestam os meus escritos.

Penso, então, que já é hora de Wladimir Pomar nos brindar descortinando QUAIS FORAM AS REFORMAS POSITIVAS DE fhc, anunciadas por ele em atigo aquyi no Correio (e denotado por mim), até em atenção aos "tucanos bonzinhos" desfritos acima.

Pobre gente essa que não entende o benefício de Lulla.....são uns coitadinhos.

Devem ser iguais aos Petistas que, ao contrario de WP não enxergaram as "reformas positivas de FHC", aponadas por ele. Tô doido para saber e poder enxergar mais longe, combatendo a minha cegueira, com a luz de WP.

Assim, companheirada, ao menos só dói quando eu rio. E motivos não me faltam para rir, vai daí....
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0 #2 gabriel 25-08-2010 22:31
agora é a guerra de todo povo.
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0 #1 Não é bem assimvenceslau alves 25-08-2010 18:39
Ótimo raciocínio, Wladimir! Não se esqueça, contudo, de que nem todos os eleitores do PSDB são "de direita". Boa parte deles é composta de pessoas que ainda não compreenderam bem a importância das poíticas sociais, humanas. Essa incompreensão preveniu Luis Ignácio de chegar lá antes. Mas eles aprendem, de forma endógena!
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