Correio da Cidadania

Ainda a grande mídia

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A campanha machista da justiça eleitoral continua sendo veiculada, sem que a própria e, ao que se saiba, nenhum dos partidos e candidatas, tenha se dado conta. É verdade que o TSE decidiu cobrar dos partidos a cota de 30% de mulheres inscritas como candidatas, o que torna ainda mais contraditória sua campanha institucional.

 

Porém, foi na cobertura da grande mídia onde as coisas parecem haver mudado um pouco. As recentes pesquisas de opinião, publicadas na última semana, indicaram um crescimento da candidata Dilma e uma queda do candidato Serra. O que impôs à grande imprensa algumas flexões táticas interessantes.

 

Ao que tudo indica, ela passou a acreditar que não apenas a candidata Marina, mas também o candidato Plínio, tiram votos de Dilma. Em virtude dessa "descoberta", decidiu aumentar a cobertura da candidatura Marina e dar visibilidade à candidatura Plínio. No entanto, é difícil saber até que ponto tal desvio tático pode favorecer Serra.

 

A candidatura Plínio certamente está em confronto aberto com a candidatura Dilma. Porém, não parece querer dar trégua às candidaturas Serra e Marina, nem criar uma frente anti-Dilma. Isso foi o que se viu durante os debates em que Plínio participou. Nessas condições, o tiro da grande mídia pode sair pela culatra. Se quiser, Plínio pode colocar a nu a natureza das candidaturas Serra e Marina. Se ele continuar nessa batida, não será de estranhar que sua candidatura suma da cobertura da grande imprensa nos próximos dias.

 

A candidatura Marina é uma contradição viva. Ela, ao mesmo tempo em que pretende continuar todos os programas do governo Lula, deseja adotar várias medidas que podem liquidar com tais programas. Em outras palavras, da mesma forma que Serra, que tem dificuldades em atacar os feitos do governo e promete "fazer mais", Marina se vê obrigada a prometer continuar o que não pretende continuar.

 

Marina quer que parte do eleitorado de Dilma acredite que ela é melhor do que a ex-ministra para dar continuidade à "parte boa" do governo Lula, sem explicitar claramente que pretende mudar tudo. Por outro lado, acena para o PSDB e DEM, assim como para o PMDB e outros partidos, prometendo um "governo de união nacional", embora ataque as alianças de Dilma como indesejáveis.

 

Esses pontos nevrálgicos da candidatura Marina começaram a ser trazidos à luz justamente pela candidatura Plínio. Podem, além disso, ser atacados a qualquer momento pela candidatura Dilma. Talvez nisso consista um dos problemas da grande mídia ao tentar inflar a candidatura Marina. Esta se vê cada vez mais obrigada a expor suas contradições publicamente, embora tente superar essa dificuldade falando rápido e, às vezes, frases que não têm muito sentido.

 

Por outro lado, como seu eleitorado parece ser constituído principalmente por setores letrados da classe média, a constante exposição midiática dessas contradições poderá terminar sendo mais prejudicial do que favorável, em especial se seus pontos nevrálgicos forem desnudados pelos adversários.

 

Finalmente, uma pequena observação sobre o candidato Serra, cujos partidos de sustentação, PSDB e DEM, dizem ter horror a promessas demagógicas e populistas. Os custos dos investimentos em hospitais, clínicas, ambulatórios, escolas e outras obras, prometidos por Serra em suas andanças eleitorais, provavelmente já são superiores ao PIB do país. Aposto que, se Dilma estivesse fazendo promessas desse tipo, vários repórteres e economistas da grande mídia já teriam recebido a incumbência de fazer os cálculos, que seriam publicados com estardalhaço.

 

Wladimir Pomar é analista político e escritor.

 

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Comentários   

0 #3 A mídia dos tubarõesJohnson Lira Coêlho 26-08-2010 18:48
A única maneira que a mídia elitista encontrou para mnizar a vantagem de Dilma nas pesquisas, foi a de levar para a primeira página matérias claramente inventadas para suscitar dúvidas quanto a postura democrática da candidata de Lula. Esta mesma mídia nunca gostou de democracia, porque foi na ditadura militar que ela prosperou e tornou-se dona de uma falsa verdade.
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0 #2 política, não tão políticafernando ponte 18-08-2010 17:46
este artigo repete os discursos de tempos quando as candidaturas do PT ameaçavam o que se chamava o voto útil. Agora repete-se. As candidaturas menos expressivas lutam pelo seu espaço,distintamente da candidatura do PT. Espero que no futuro os que hoje são alternativas não usem este mesmo argumento, não necessitam. Política pressupõe sujeitos, e estes pressupõe agir transformadoramente, isto é política, e não simplesmente reproduzir o existente para manter o poder do grupo, estes são atores.No fundo, o texto do articulista diz que não deveria ter a candidatura de Pínio, a não ser que fosse para criticar Serra.Isso no mínimo é uma visão autoritária.
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0 #1 Lumpen burguesiaJulio Miyazawa 17-08-2010 16:48
Aqui há um erro de avaliação, no meu entender. O que a candidatura Plinio traz é a oposição ideologica ao que está aí, desde o representante de fato da burguesia, Serra, até os lumpen-burguesia, segmento de classe em ascensão representados por Dilma e Marina.
Acredito que esta é a luta. Trata-se de desmascarar essas tres candidaturas e afirmar Plinio e juntamente com os candidatos de esquerda retomar os pressupostos da luta de classes.
Julio Miyazawa, a luta continua !
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