Correio da Cidadania

Para quem são os cassetetes do Estado?

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Em Fortaleza, os trabalhadores dos transportes coletivos estiveram em greve. No transcurso dessa greve, têm sido promovidas algumas manifestações como forma de legítima pressão no sentido de que a classe patronal aceite as reivindicações. Em uma dessas mobilizações, os trabalhadores foram reprimidos pela Guarda Municipal, que ministrou seus golpes de cassetetes e sprays de pimenta com o objetivo de dispersar a manifestação.

 

Ora, como se sabe, a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, acumula também a função de presidente do Partido dos Trabalhadores. Mas de que lado ela está? Do lado dos trabalhadores ou como guardiã dos interesses da "ordem pública", que, em última instância, se trata da ordem capitalista?

 

Na condição de prefeita ela tem a função de dirigente do aparelho de Estado na sua forma municipal. Mas o Estado, diferente do que é dito, não é neutro diante da sociedade dividida em classes. O Estado é, isso sim, um instrumento em defesa dos interesses de uma só classe. No capitalismo, temos o Estado burguês, ou seja, um aparato a serviço da burguesia.

 

Assim como a prefeita em termos locais, o presidente da República tem a função de garantir os interesses das classes capitalistas e assegurar a "paz social" para que eles usufruam, sem atropelos, dos seus vultosos lucros. Em escala nacional, tais conflitos têm sido minimizados pela política de cooptação das centrais sindicais e estudantis, levada a cabo pelo atual presidente.

 

Como pudemos observar, tudo é uma questão de escolha. Os partidos que optam pelo gerenciamento do capitalismo, seja em nível paroquial, provinciano ou nacional, terão, forçosamente, que estar dispostos a manter a "ordem" e, portanto, empunhar sprays, cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo, jatos d’água e outras formas usuais de repressão, além de efetuar prisões.

 

Não dá para servir a dois senhores. Quem pretende servir à burguesia e aos trabalhadores, regra geral, termina por servir aos primeiros enganando a massa do povo.

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.

 

Blog: http://www.gilvanrocha.blogspot.com/

 

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Comentários   

0 #2 MudançasChico Walderdo 30-06-2010 08:10
É chocante o que temos acompanhado. Além do que descreve Gilvan Rocha, neste artigo, segunda-feira (28/06/2010) assisti cenas pela TV, que me deixaram perplexo. Um repórter do CQC, Danilo Gentile, foi até uma escola municipal, interior de São Paulo onde o \"Luizinho\" administra como prefeito, fazer uma matéria sobre a situação das instalações do prédio (DENÚNCIA FEIA PELOS MUNÍCIPES). Mas, além da Diretora não saber o que responder ao jornalista (TÃO PRECÁRIA SE ENCONTRAVA A ESCOLA), acionaram, com o aval do \"prefeito luiziiiiiinho do PT\", a guarda municipal daquela cidade, que encurralou o rapaz (REPÓRTER) e, além de ser agredido fisicamente pelos agentes da guarda, sob as lentes das câmeras, ainda o conduziram para uma Delegacia como se o rapaz tivesse praticado algum delito. Isso, para qualquer pessoa que tenha conhecido o PT e seus militantes há, pelo menos, dez anos atrás, é o absurdo dos absurdos (criamos um cão para nos atacar). Dá para desconfiar que essas pessoas do PT são desonestas tanto quanto os \"outros\" políticos que sempre foram criticados. Parece, até, que estão nos enganando. O PT, que foi eleito porque confiávamos na transparência de suas ações e nas promessas de mudanças, agora oprime, reprime e pressiona o povo, contra atos democráticos e de clareza pelo certo, com uma ferramenta estatal muito \"poderosa\", agora as polícias municipais, que os prefeitos do PT, como \"luiiiiiziiiiiinho\" e esta prefeita de Fortaleza têm em mãos e as utilizam com muita facilidade.

É isso aí.
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0 #1 Paraense Comunista 28-06-2010 15:04
Esse artigo nos provoca a refletir exatamente os limites de uma gestão no (E)stado em que nos encontramos no Brasil como esquerda. Onde o inimigo não está sendo focado e as nossas forças de esquerda estão cada vez mais puverizadas. Será que isso segura alguma candidatura a "la antiga"? É...parece que, além de gestarmos o "novo", temos de escolher um útero só se não quisermos ser abortados em gestações diversas.
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