Dela não nos livramos!
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- Gilvan Rocha
- 01/05/2010
Grande parte da população crê que está distante da política. Não percebe, essa maioria, que a política está presente na vida de todos nós. A casa que nós moramos tem tudo a ver com a política habitacional. A feira que nós fazemos tem tudo a ver com a política salarial ou a política de emprego e renda. A nossa integridade física tem a ver com a política de segurança. A comida que consumimos tem a ver com a política de abastecimentos e preços. E assim vai. A política está presente em nossas vidas a todo o momento e, por sua vez, ninguém vive sem um discurso político na ponta da língua.
Senão vejamos: perguntemos a um simples trabalhador rural por que existe a fome e ele fará, com certeza, um discurso político dizendo: "acontece que o povo não quer mais trabalhar e daí existir a fome nesse meio de mundo". Isso é uma legítima falação política, embora as pessoas não percebam.
Continuando na nossa pesquisa, abordemos uma senhora e perguntemos: por que existe tanta violência? E ela de pronto irá responder: "A falta de Deus em nosso coração". Ao professor, que se pretende politizado, perguntemos qual é a causa de nossas mazelas sociais e ele dirá: "tudo é culpa do imperialismo ianque, que rouba nossas riquezas e nos mantém como um país semi-colonial".
E assim, podemos concluir que todos, desde o mais simples trabalhador ao brilhante letrado, têm o seu discurso, pois ele é inevitável. Resta saber se somos ou não portadores de um discurso correto ou se patinamos em cima de equívocos. Nas falas a que nos referimos, existem sim, os mais contundentes equívocos.
Cabe-nos, pois, construir um discurso que realmente corresponda à verdade política. Somente assim é que poderemos nos libertar dessa situação de atropelos e inseguranças.
Um projeto político correto teria de sair da compreensão de que vivemos no sistema capitalista e ele está completamente exaurido, incapaz de resolver qualquer uma das mazelas sociais que nos afligem. Partindo daí, haveremos de formular o discurso da verdade, o discurso anticapitalista.
Gilvan Rocha é presidente do CAEP - Centro de Atividades e Estudos Políticos.
Blog do autor: http://www.gilvanrocha.blogspot.com/
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