Correio da Cidadania

“Brasil, um país de todos”

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Estávamos diante da televisão quando se repetiu, pela milésima vez, o slogan do governo Lula: "Brasil, um país de todos".

 

A compositora e sambista Adelitta Monteiro não conseguiu conter a sua indignação. Disse ela na ocasião: "é muito descaramento, é muito cinismo dizer que o Brasil é de todos. Ora, de quem são as terras do Brasil? De quem são os bancos endinheirados? De quem é o agronegócio? De quem é o grande comércio? De quem são as minas e os minérios senão da burguesia fartamente enriquecida? Para a grande maioria, mais das vezes, não resta nada além de uns palmos de terra que um dia lhe servirão de removível sepultura e ainda têm a desfaçatez de proclamar que esse Brasil, cantado em prosa e versos, nos pertence".

 

Isso é fazer a massa de trabalhadores, estudantes e donas de casa de idiota. Isso mesmo. Desde cedo a velha burguesia, usando os mais diversos instrumentos, trata de nos transformar em idiotas políticos para assim poder perpetuar seus privilégios.

 

Sendo assim, cabe-nos um só caminho: desfazermo-nos das ilusões, das mentiras tão bem plantadas em nossas cabeças. Temos que abrir os olhos e nos tornar gente consciente. E isso significa enxergar que esse imenso Brasil, "a pátria amada", tem seus donos e que não passamos de despossuídos.

 

É bem verdade que alguns milhões de deserdados recebem migalhas através de campanhas compensatórias, tipo "Bolsa Família", que serve muito bem para evitar tensões sociais e comprar o apoio dos desvalidos.

 

Não tínhamos como discordar da nossa querida compositora e sambista, cuja indignação a motivava a compor mais uma de suas peças de samba, que havemos de vê-la cantar para afugentar a desinformação e o deboche que eles não têm nenhum pejo em exercitar.

 

Somente e tão somente, quando o povo trabalhador, o letrado ou iletrado, quebrar as amarras da alienação e se transformar em uma massa de gente consciente é que podemos dar uma virada histórica e proclamar: "Brasil, um país de quem trabalha" inserido num mundo de iguais, de justiça e paz.  

 

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos - CAEP.

Blog: http://www.gilvanrocha.blogspot.com/

 

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Comentários   

0 #6 ERROS DE DIGITAÇÃORicardo 12-04-2010 15:37
No contexto das águas de março e de abril, leia-se BRASIL - UM PAÍS DE TOLDOS (para políticos, banqueiros, grandes empresas e capital especulativo, claro). Ou, quanto ao não uso do voto nulo, BRASIL - UM PAÍS DE TOLOS. O digitador final do marketing errou e ficou assim mesmo.
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0 #5 Brasil, um país de todos.......Fábio 11-04-2010 17:38
Meu caro Gilvan, até posso concordar com a Adellita, mas não com esses comentários que desviam a atenção para uma realidade impossível de ser mudada. Temos que levar adiante a idéia de que um povo alfabetizado, informado, consciente de seus deveres civicos, éticos, morais, poderá conquistar a condição de um País mais justo, solidário para todos. Só existe um caminho, é o da Educação, onde todos os cidadãos teriam que ter um ensino público de qualidade patrocinado pelos Governos, com as vultuosas receitas arrecadadas. No entanto o que vemos é uma irresponsabilidade dos Governos (Municipais, Estaduais e Federal) com relação à Educação, sucateando-a em beneficio de entidades de ensino privadas (entenda-se "Financiadores de Campanhas). Pelo que acompanho nos meios de comunicação, o Gov. Federal, especialmente nesta Gestão, tem investido pesado na Construção de Universidades, Escolas Técnicas Superiores, Cursos Técnicos Profissionalizantes, etc., investindo também em parceria com Estados e Municipios (incluisive aqui no Estado e Municipio de São Paulo) para a revitalização de um Ensino Público de Qualidade. Creio que a grita é louvável mas não é pertinente no momento. Quanto à riqueza acumulada, ela é real e já vem lá do Descobrimento, cabe a nós os alfabetizados e conscientes lutar para que essa realidade desejada venha com maior brevidade.
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0 #4 Tem razão.cicero 09-04-2010 15:38
Muito acordo com o texto acima.
Muita gente não tem acesso a nossa história, nem da política, etc, esse é um problema mesmo, que temos (trabalhadores etc) que superar, não vão 'superar' por nós.
Pois já tivemos outros momentos (governos) que também fizeram 'mudanças', fizeram 'concessões', assitência social, e conforme o momento econômico (e político, luta de classes, etc) até concediam 'aumento' salarial, assinavam leis trabalhistas, etc. Mas sabemos que tudo isso não passou de estratégias da mesma elite e burguesia que domina o Brasil até hoje. Concede algumas 'migalhas' (que realmente parecem muito para quem nunca teve nada) muito mais para conter os movimentos sociais, a luta dos trabalhadores e do povo, de sua força e independência, para recolocá-los sempre a mercê de caudilhos e partidos burgueses, travestidos de representantes dos trabalhadores. Na história mundial está cheio disso, de partidos e pessoas que iniciaram numa luta de uma classe, numa proposta independente e contra a burguesia, mas aos poucos (outros mais rápido) foram se desviando, girando à direita, sendo cooptados para o sistema e seu regime (eleitoral "democrático")e quando vemos estão fazendo não só alianças mas governos para a burguesia, e gerenciando o país para os capitalistas. As concessões servem e sempre foram instrumentos da elite, da burguesia, que não é boba (ao contrário) sabe usar inclusive de esquerdas 'lights' (paz e amor), tudo para manter seu domínio. Muda-se pouco para não mudar nada.
E é comum vermos pessoas que sabem disso tudo, mas que 'de repente' se esqueceram dessas simples lições, de que a independência da luta dos trabalhadores e do povo em relação à sua classe inimiga, a burguesia, é uma questão estratégica para mudar a situação, a miséria, e este sistema (que impera há muito já), não é mera questão tática, ou um degrau para chegarmos até lá. Pelo contrário, a experiência e a história só confirmam que se perde isto de vista (independência da classe trabalhadora e do povo em sua luta) quem continua e continuará a dar as cartas e dominando são os mesmos de sempre (como hoje) a burguesia e os patrões.
Um grande abraço a todos lutadores, e aos que buscam romper as amarras e as eternas traições.
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0 #3 Dúvidas -vitor benda 09-04-2010 12:09
Qual é a sua previsão de tempo para a \"virada histórica\"?
Enquanto ela não chega, fazemos o que? tira as migalhas?
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0 #2 país de todos?! não!guimarães s. v. 09-04-2010 10:53
assino embaixo, companheiro Gilvan. no particular, de transformar o povão em u bando de idiotas, ou de analfabetos políticos, no dizer de ..., o governo não difere um til do de seus antecessores, inclusive os de 500 anos passados. para felicidade dos que creem na factibilidade de um novo mundo, desejável e possí el, livre, igualitário justo e fraterno, huano, o caminho é a luta sem tréguas até a extirpação da alienação da mente do povo. "tô contigo e não abro".
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0 #1 Passado > que Presente + Futuro = ?Ezio Rocha 09-04-2010 10:21
Ressuscitamos o passado como ele nunca existisse. Ainda pior do que qualquer coisa, só o ressuscitamos quando uma situação atual não está de acordo com nossos ideais; quando nos incomoda por percebermos que alguma mudança começa germinar e muitos padrões e etiquetas poderão vir a quebrar-se. Daí então, adubamos com todos pensamentos controversos (comparados com herbicidas, germicidas e etc).
Conhecí um velho que ficou três horas numa clínica dentária para extrair um dente que lhe fez sofrer por longos anos de sua vida e depois calcificou-se (colou ao maxilar). Se tivesse extraído enquanto lhe causava dores várias vezes por ano ao longo de seu tempos de vida, a operação com o odonto-cirurgião não demoraria alguns minutos até que a anestesia adormecesse o local.
Então, muitos resultados de uma ação atual nunca serão imediatos se os problemas são como um câncer hereditário. Desde o "descobrimento" do Brasil temos uma cultura tradicional que é quase impossível ser pelo menos maleada.
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