Correio da Cidadania

Remediar

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Madre Tereza de Calcutá. Irmã Dulce, da Bahia. Agora, Zilda Arns. São figuras, com justiça, reverenciadas pelo trabalho dedicado a socorrer os pobres e miseráveis. São elas cristãs e o cristianismo tem a milenar tradição de administrar a miséria, ministrando algumas doses de assistencialismo. Outro cristão, no caso o saudoso Betinho, sob o argumento de que "a fome tem pressa" buscou criar os "comitês de cidadania", cujo objetivo era arregimentar homens e mulheres de boa vontade para socorrer os famintos.

 

As atitudes do Betinho, como da Madre Tereza de Calcutá, da Irmã Dulce, da Zilda Arns, são louváveis, porém, completamente insuficientes e terminam por servir aos que assim agem, pois que, no hipotético Céu, está reservado um lugar para eles e depois (quem sabe?) poderão ser canonizados.

 

Diferentemente dos cristãos de boa fé, agem, em princípio, os marxistas, ou melhor, os socialistas, que, ao invés de pretender remediar os males sociais, causados pelo capitalismo, buscam ir às causas e resolver definitivamente esses problemas milenares.

 

Essa diferença de comportamento entre cristãos e marxistas merece reflexão. Ambas as correntes não devem se afastar, porque sobre elas pesa a tarefa de construir a paz, a harmonia, através da justiça social que o capitalismo não pode oferecer. É preciso união sem discriminar credos e convencimentos e não é demais, porém, alertar para o equívoco de todo trabalho que se limite a mitigar o sofrimento dos desvalidos.

 

A união torna-se necessária e, sobretudo, urgentíssima, uma vez que a ordem econômica, cujo eixo é proporcionar lucros para uma minoria, tornou-se inviável e nos arrasta para tragédia total, como se vê pelos sinais que a própria natureza agredida tem nos dado fartamente.

 

Salvar o mundo, salvar a vida, é a tarefa que hoje se impõe a todos nós e dela não devemos fugir, pois seríamos cúmplices de nossa própria destruição, num espetacular suicídio social que só a conscientização permanente e abrangente desse problema poderá evitar.

 

Gilvan Rocha é presidente do CAEP - Centro de Atividades e Estudos Políticos.

 

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Comentários   

0 #2 UNIR, NÃO SÓ REMEDIARguimarães s. v. 03-02-2010 03:18
aleluia! hosana! companheiro Gilvan, pela sua notável proposta de união dos "cristãos de boa fé" e os marxistas-socialistas, em defesa da vida e do planeta. é claro que o trabalho de assintencialismo cristão não é, nem será suficiente, mas sua principal virtude, pouco percebida por tantos críticos, é a de servir de farol, de chamamento aos que desejam a realização de um trabalho não só necessário mas suficiente. Através da história essa união vem sendo personificada em pessoas da estatura de Roger Garaudy, Leonardo Boff e tantos outros de extensa lista. Entre eles, figura este escriba, já na etapa final de sua caminhada "por este mundo de meu Deus", cujo perfil assim é definido: sou católico pelo nascimento, cristão por opção adulta e comunista pela observação atenta dos fatos e da vida. um reparo apenas, é minha convicção que nem Betinho, nem Irmã Dulce e muito menos Madre Teresa de Calcutá não agiam na esperança de proveito próprio. o almejado "hipotético Céu" se cumpre aqui mesmo, neste pobre planeta devastado, na doação de si próprio ao outro, o próximo, a humanidade.
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0 #1 Só cristãos?Vitor 02-02-2010 20:25
" o cristianismo tem a milenar tradição de administrar a miséria...",acredito que todas as religiões não cristãs também fazem isso e podem e devem contribuir para a "paz e harmonia social" .
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