Correio da Cidadania

“A obsolescência programada da mercadoria”

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Gente, quem escreve dessa maneira tem, por acaso, algum interesse em comunicar? Ora, por trás dessa linguagem sofisticada esconde-se, muitas vezes, o puro charlatanismo ou um exacerbado pedantismo. Poucos são os que ousam dizer: alto lá, erudito senhor, não entendemos nada, pois, a rigor, nada foi dito, pelo menos na ótica de quem busca o conhecimento como instrumento militante, transformador e não simplesmente diletante.

 

Pois bem. Um certo senhor, István Mészáros, hoje bastante badalado, lançou no mercado a "genial" tese da "obsolescência programada da mercadoria" que implica tão somente em dizer o que a mais simples dona de casa já percebeu há muito tempo. Trata-se do fato de a indústria capitalista lançar modelos novos de mercadorias com o descarado propósito do modelo 2 tornar obsoleto, démodé, o modelo 1 e o modelo 3 tornar, por sua vez, o modelo 2 ultrapassado, numa seqüência infinita.

 

Com essa denúncia, o que realmente pretende o senhor István Mészáros? Será que ele tem o propósito de provar que o capitalismo é cruel e calculista? Provar que a busca incessante do lucro a qualquer preço, para uns poucos, é a alma desse exaurido sistema sócio-econômico? Nós concordamos com isso, estimado senhor, mas qual a conseqüência positiva para nossa militância socialista que essa denúncia pode trazer?

 

Confessamos que, nesse meio século de militância, em meio às leituras de Karl Marx, Frederico Engels, George Plekanov, Leon Trotsky, Vladimir Lênin e Rosa Luxemburgo, Karl Kautsky, não encontramos essa linguagem imbricada como costuma acontecer nas salas e corredores das academias burguesas que têm uma impossibilidade intrínseca de nos ensinar o essencial, procurando esconder essa impossibilidade, produzindo textos tão complicados quanto ineficazes para orientar nossa militância diária pelo socialismo. Por essa razão, preferimos estar com os que clamam "não deixe que a Universidade atrapalhe seus estudos".

 

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades de Estudos Políticos (CAEP).

 

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Comentários   

0 #2 Mészáros está obsoleto...Paulo Pereira 25-04-2009 14:18
Bom, Mészáros esteve na moda mas já está saindo... ele faz parte da produção capitalistas de mercadorias culturais que reproduzem o já dito por alguns ideólogos com inovação formal e linguistica e já está saindo de moda... A obra de Mészáros está ficando obsoleta, e isto era planejado...
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0 #1 A Obsolência programada da mercadoriaHellington 10-04-2009 13:33
Mil perdões senhor Gilvan, mas não sei se compreendi bem o que foi falado de forma supostamente direta. Não consigo enterder como alguém pode supor, a não ser o nosso ilustríssimo e nada ilustrado presidente da república, que tudo é tão óbvio e que a diferença entre a macro-economia e a economia doméstica, por exemplo, é que uma está mediada por livros e homens engravatados e a outra é feita desde sempre pelas donas de casa. É fundamental fazer uma análise do discurso e compreender suas aparentes verdades, mas criticar uma teoria sobre a mercadoria (categoria fundametal na análise marxiana)utilizando esse argumento de que até uma dona de casa sabe dessa obviedade é achar que a obra de Marx serviu apenas para desmoralizar o capitalismo, e por esta razão estaria morta, visto a queda do sistema do capital pós-capitalista. Mészáros não está falando do quase-óbvio, mas está desvelando a sofisticação que se lança mão em função do fenômeno fetichizado mercadoria, que é a maneira como se realiza o capital no limite da queda acelerada da taxa de lucro. Chama atenção de que por trás da aperente independência do valor em relação ao trabalho, a medida em que o lucro depende de sua eliminação, dependerá também da criação artificial de valor.
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