Correio da Cidadania

Itajaí e mudança climática

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Quando um fenômeno extremo acontece isoladamente, não dá para dizer que é resultado das mudanças climáticas. Quando eles acontecem em várias partes do mundo quase que simultaneamente, é sinal evidente que o planeta está mudando. Essa é a sabedoria que se vai acumulando em relação à questão.

 

O que acontece no vale do Itajaí, trágico e triste em todos os sentidos, deveria ser um sinal vermelho para as autoridades brasileiras. Qualquer estadista reconheceria que os rumos da civilização brasileira – devastando suas matas, ocupando morros etc. – só podem colher como resultado a tragédia.

 

Por enquanto, olhamos a cidade devastada de longe. As águas do Itajaí não entraram aqui pelas nossas portas do Nordeste. É provável que não tenha morrido nenhum parente ou amigo. Então, é possível contemplar o fato com lamentações, mas sem experimentar o que é ter a vida devastada de um minuto para o outro.

 

O que nos indicam é que estamos apenas no começo. Os tais fenômenos extremos deverão se repetir com mais freqüência e mais violência. Talvez, quando um dia se abaterem sobre nossas casas, lhes daremos o devido significado.

 

Mesmo assim insistimos em derrubar as florestas a troco de uns quilos de soja e meia dúzia de dólares. Devastação financiada pelo BNDES e outros bancos oficiais. Dívidas monumentais de predadores perdoadas. Legislação alterada para que o agro e hidronegócio avancem sobre as áreas de fronteiras, sobre o Cerrado, sobre a Amazônia, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Pampas. Sem falar na conivência das autoridades locais com o avanço das imobiliárias sobre as áreas de risco e preservação, inclusive com condomínios de luxo.

 

Parece ser impossível para os brasileiros construir uma economia que não seja predadora, que seja inteligente, que aponte para o século XXI e não para o passado.

 

O exemplo de Itajaí, como já mostrou Nova Orleans, indica que não serão apenas os pobres – embora o sejam sempre – as vítimas exclusivas da vingança de Gaia.

 

Roberto Malvezzi, o Gogó, é coordenador da CPT – Comissão Pastoral da Terra.

 

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Comentários   

0 #2 Itajaí e mudança climáticaMarcos Antonio de Moraes 01-12-2008 13:35
Quanto aos fenômenos naturais nada se pode fazer para detê-los.

Quanto à aceleração deles provocados pela ação predatória do homem é preciso uma conscientização total de cada um, pois cada um fizer sua parte, evitaremos o desequilíbrio.

Quanto às questões humanitárias o Brasil nunca deixou a ajudar; quer nos flagelos internos quanto nos externos.

A crítica contundente sem ação é em vão.

Nós, que escrevemos ou somos formadores de opinião já nos mobilizamos para ajudar.

O governo americano na época do furação Katrina não deu respaldo nenhum para New Orleans, enquanto que no Brasil, felizmente, o governo e o povo está demonstrando boa vontade para mitigar o sofrimento dos irmãos catarinense.

Sempre dizemos uma frase da Madre Teresa de Calcutá, deveras significativa e que traz consigo uma chamada de conscientização: "Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota."
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0 #1 GANANCIA DESENFREADArosâna 29-11-2008 20:57
Sr. Roberto
Muitos são os TOQUES dados por Gaia, mas a ganância é o norte de muitos e quase todos, infelizmente. Só se pensa no TER sem se importar com o amanhã,típico do materialismo extremado dos homens.
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