Correio da Cidadania

Grito da Terra: nome aos bois

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Creio que o Grito dos Excluídos assumindo de forma impessoal as Bandeiras de Luta descritas não vai avançar muito. E de forma alguma quero desmerecer a iniciativa, da qual tantas vezes já participei por este Brasil. E devo participar da próxima, em algum dos atos.

 

Mas, acho que esta etapa da luta, passado todo este tempo da eleição do Lula - que teve a sua candidatura fermentada e sustentada pelos Movimentos Sociais -, algo mais tem de ser dito, além das palavras de ordem, afinal bradadas, pelo menos para a platéia, por todo o espectro do que se chama esquerda. Do PT e PC do B ao PSB, permeando todas as entidades sindicais e "representantes" do Movimento Social, como sabemos, quase que totalmente apelegados ou subservientes ao poder. Além dos setores de esquerda do espectro oposicionista ao que está aí.

 

Penso que a hora é outra. É hora de rompermos com a confusão programada, onde opostos se unem em torno do abstrato, isto é, das palavras de ordem.

 

Desconfio que a hora agora não é a do consenso, mas sim do dissenso. É através da explicitação das diferentes conduções e apoios políticos que vamos elucidar à população o que está ao lado do quê. E quem está do lado de quem.

 

Política eficaz é a ação direta. São as situações em que a denúncia dos algozes do povo é dita sem slogans e sem subterfúgios. Atos públicos, embasados em palavras de ordem, que reúnem opostos, não empolgam a ninguém. A não ser os seus organizadores que ficam regozijados e reconhecidos na reafirmação estéril de bandeiras, sem que se possa identificar quem verdadeiramente luta por elas.

 

Quero dizer com isso que a hora é de denunciar quem são os executores e apoiadores destas injustiças, transformadas em bandeiras e lutas gritadas em atos que, pelo que vejo, reunirão no mesmo palanque alhos e bugalhos, algozes e vítimas.

 

Desenvolvo a tese e a prática (e não sozinho) de que é necessário jogar nos ombros de quem é (são) encarregado(s) da execução das atuais políticas excludentes a responsabilidade destes atos.

 

Em ordem hierárquica e de importância política, a meu ver, temos: 1) Lula, 2) o PT, 3) os partidos, sindicatos e "representantes" dos movimentos sociais e ONGs de "apoio" à base aliada do governo, além dos movimentos religiosos e clericais idem, 4)cientistas, intelectuais e artistas corrompidos ideológica e comercialmente pelas benesses oferecidas.

 

Poderiam me perguntar se não vou responsabilizar os militares, os donos do capital, os caciques dos partidos de direita, a imprensa burguesa e que tais.

 

Respondo dizendo que os acho culpados pela exploração secular dos pobres. Mas não responsáveis por estar com esta "bola toda" mesmo depois de terem sido fragorosamente derrotados pelo povo brasileiro na primeira eleição de Lula e, já de forma enganada, rejeitados por este povo na reeleição do presidente entreguista que temos.

 

Refiro-me mais acima aos verdadeiros e definitivos responsáveis por terem permitido a secundarização do papel de protagonistas que deveria ter o povo, após décadas de resistência à ditadura militar, até a eleição daquele que teria o compromisso de reservar a ribalta para o povo, e não colocá-lo, com apoio de quem foi derrotado, na situação de figurantes em uma peça, cujo roteiro vem escrito ‘de fora’.

 

Assim, prezados organizadores do Grito da Terra, espero ver nas falas dos Atos Públicos do Grito da Terra palavras verdadeiras e objetivas, e não composições mentirosas, entre alhos e bugalhos, em torno de brados abstratos, sob bandeiras que unem no mesmo palanque traídos e traidores. Que se dê a palavra a pessoas que por lá apareçam avulsamente (e não só a representantes e dirigentes de aparelhos políticos), transformando em prática as palavras da teoria democrática.

 

Pão para quem tem fome! Liberdade de palavra para quem tem o que dizer!

 

Todo o apoio à luta dos trabalhadores, contra a exploração e pela autonomia social solidária.

 

Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata e colabora em sites e listas de discussão política.

 

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Comentários   

0 #2 H.Ferreira 05-09-2008 14:16
Boas palavras. Nosso povo, anestesiado pelas promessas de um futuro ainda promissor, está entregue aos cuidados e caprichos da nova elite política. Nossas mãos estão atadas, nossas vozes emudecidas. Ninguém questiona nada. Ninguém age.
Gostaria de ver os movimentos populares tornarem-se independentes de fato. Estudantes, camponeses, indígenas, ambientalistas, cientistas, enfim. Pessoas que têm idéias e um outro modelo para o que está imposto a nós...
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0 #1 A Esquerda Sem Rumo.Carlos Rodrigues 05-09-2008 14:12
Concordo> veja o meu caso, fui mandado embora do INCRA/MG, por um Superintendente que já foi ate Deputado pelo PT/MG
Belo Horizonte, 28 de novembro de 2005.


Caros(s) Companheiro(s)


De estradas e jornadas.


Depois do nosso último encontro em Belo Horizonte e devido o meu apoio à justa ocupação do INCRA pelo MST, concretizou-se o fato, há algum tempo já sinalizado que foi: o da crescente incompatibilidade entre a minha visão e o meu compromisso pessoal com os movimentos sociais e a orientação e prática da Instituição da qual eu representava, o que resultou na minha demissão do INCRA em setembro de 2005.

Desde então, procuro a oportunidade de uma reaproximação independente do poder do Estado, com representações organizadas existentes na sociedade civil que estejam comprometidas de alguma forma com a questão da Reforma Agrária, na mesma perspectiva ideológica que defendo e com uma prática que busque, realmente, a transformação social e política da realidade brasileira, há tanto tempo batalhada e esperada, embora malograda até o momento em nosso país.

Por isso, me dirijo ao(s) companheiro(s) agora apenas no papel de cidadão que sou e que sempre fui engajado com as forças sociais, para compartilhar meu sentimento de desaponto e estranhamento com a política do atual Governo, no qual garantimos a legitimidade e depositamos a nossa confiança, e que tem demonstrado um afastamento cada vez mais evidente dos anseios da maioria dos brasileiros que apostaram na sua capacidade política transformadora, em favor da justiça e da inclusão social.

Acreditando que, somente através de movimentos organizados de pressão social, possamos reverter o rumo secular da história de omissão do Poder Público em relação à desigualdade e a exploração econômica em nosso país, na qual a Reforma Agrária é questão crucial e a mais urgente, é que me coloco à disposição, com a minha experiência profissional e capacidade de trabalho, para somar esforços à causa política que sempre norteou a minha vida.

Em anexo, encaminho meu Currículo Vita, documento que atesta uma trajetória coerente e comprometida, em diversas frentes, com a luta pelo direito, pela dignidade e valorização do trabalhador brasileiro.

Contando com o seu apoio e a sua solidariedade nesse momento difícil que atravesso, por ter levado até as últimas conseqüências uma posição e atuação transparentes contra a política do INCRA ora em andamento, coloco-me à disposição para contribuir, de forma independente e desatrelada do Poder Público, com aqueles que continuam a lutar e acreditar, a par de tantas dificuldades e decepções, em uma sociedade mais justa e fraterna para a maioria do nosso povo, seja no campo ou nas cidades.

Esperando uma resposta favorável o mais urgente possível, despeço-me com um forte abraço, agradecendo antecipadamente.




Carlos Rodrigues.






(35) 91489864


OBS: Para contato ligar para:

• (XXX) 35 3531-1250 - São Sebastião do Paraíso/ MG.
• (XXX)35 3531
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