Correio da Cidadania

Permanência de Aparecida

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Há um ano atrás, no dia 31 de maio, concluía-se a Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e Caribenho (CELAM), em Aparecida. Passado um ano, dá para vislumbrar melhor a incidência deste evento eclesial, que promete permanecer por longo tempo, como uma referência muito significativa para a caminhada da Igreja em nosso continente.

 

Para surpresa de todos, a conclusão da Conferência se realizava em clima muito positivo e esperançoso, já deixando entrever a boa acolhida que iria receber. Era evidente a satisfação dos participantes pelos resultados obtidos, que se traduziam não só no texto aprovado, mas sobretudo no clima de confiança mútua e de abertura de espírito que tinham marcado os vinte dias da Conferência.

 

A surpresa evidenciava a contraste entre o início da Conferência, no dia 13 de maio, e a sua conclusão, no dia 31.

 

Tinha-se passado de muitas interrogações sobre o andamento dos trabalhos a certezas em torno de diversos consensos que justificavam o esforço realizado. No começo, havia muita apreensão, que aos poucos foi desaparecendo, na medida em que se constatava a possibilidade de entendimento em torno de assuntos muito pertinentes e de interesse de todos. De tal modo, que as muitas expectativas prévias à Conferência se apresentavam em forma de promissores desdobramentos, como resultado do conjunto de todo o evento, que tinha implicado uma intensa preparação por parte do CELAM e das 22 Conferências Episcopais do continente.

 

Para quem tinha participado da Conferência anterior, em Santo Domingo, em 1992, o contraste era ainda mais evidente. No final da Conferência de Santo Domingo, cada qual saiu de lá com algum motivo de queixa. Em Aparecida, cada qual tinha um motivo de alegria, pela maneira como sua contribuição tinha colaborado na confecção do documento e no conjunto do evento. Alguns detalhes ajudam a compreender este fato.

 

Pelo clima de confiança que foi se estabelecendo, os trabalhos assumiram o caráter de produção coletiva, que estimulava o esforço de todos em colaborar. Todos se davam conta de que suas contribuições eram valorizadas e respeitadas. Com isto, estabeleceu-se um clima de abertura e de acolhida, que estimulava as contribuições. Todos passaram a se sentir protagonistas de um evento, que proporcionava a clara percepção de contar com a ação do Espírito que presidia o conjunto dos trabalhos.

 

Passado um ano, podemos identificar algumas razões que justificam a importância de Aparecida.

 

Ela significou a retomada de um processo participativo, que agora pode encontrar diversas maneiras de prosseguir, para enfrentar adequadamente os desafios pastorais da Igreja em nosso continente.

 

Aparecida se constituiu numa reafirmação da caminhada da Igreja na América Latina, com forte estímulo para que esta retomada se verifique em todos os aspectos, também naqueles que não puderam ser bem explicitados no documento. Aparecida deixou o caminho aberto para que se vá mais adiante.

 

Foi, sobretudo, a superação de perplexidades, com a recuperação de um clima de confiança, junto da percepção dos muitos desafios a serem enfrentados. Aparecida deixou a Igreja da América Latina alerta, disposta a recuperar sua identidade e a continuar o seu percurso.

 

Aparecida recolocou a Igreja da América Latina no seu caminho. Agora é questão de prosseguir. A experiência de Aparecida atesta que é possível ir mais longe do que no momento se imagina.

 

Aparecida estimula a Igreja da América Latina a reencontrar na sua caminhada histórica a força para seguir em frente, dando sua contribuição singular para a renovação da Igreja proposta pelo Concílio Vaticano Segundo.

 

D. Demétrio Valentini é bispo da Diocese de Jales.

 

Website: http://www.diocesedejales.org.br/

 

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