Correio da Cidadania

O massacre no Paraná não matou a dignidade dos que lutam

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“Tornei-me o escárnio de todo o meu povo/ o assunto das suas cantilenas diárias” (Lamentações: 3, 14)

 

 

No dia 29 de abril no Paraná

O primeiro de maio de 2015

Foi antecipado numa luta

De milhares de pessoas

Trabalhadores de todos os cantos

Sonhando com a vida e a dignidade

Foram condenados pelo governante.

 

Tropas de combate de guerra

Pelotões de choque

Com a fúria da morte

Massacre premeditado pelo governante.

 

A dignidade atingida com bombas

Cachorros treinados para matar

Balas e armas de gás envenenando pessoas

Genocídio planejado pelo governante.

 

Helicópteros e bombas de gás lançadas

Dos prédios e das aeronaves

Atiradores de elite posicionados

Jogando bombas de gás

Como se fosse uma guerra de exércitos

Um armado e violento

Outro somente com o corpo e a alma

Únicas armas da dignidade

Contra a fúria e a violência

Programada em gabinete do governante.

 

Deputados sequestrados

Outros contra o povo

Muitos presos em suas negociatas

Outros presos pelo presidente da Assembleia

A minoria contra o projeto era refém da maioria

E do presidente da casa

Que com fúria de imperadores

Mantinha todos encarcerados

Lançando mão da pedanteria tornou-se

Fiador do totalitarismo do governante.

 

Há aqueles que vendem

O sangue de seu povo

E não são dignos

Dos cargos que ocupam.

Há aqueles que

Vivem sem o conforto da dignidade

No submundo de sua pequenez

No submundo de sua estupidez

No submundo de sua bestialidade

No submundo de suas grandezas

Serão condenados pela história!

 

Mas existem aqueles

Que lutam dias

Que lutam noites

Que lutam vidas

Que lutam tempos

Que lutam sonhos

Que lutam dignidades.

 

Há aqueles que lutam sonhos

De todos os dias

De todas as noites

De todas as vidas

De todos os tempos

De todas as dignidades

De todos os sonhos sonhados

Guardados no fundo da alma

Como sentimento de fé

Que brota da vida

 

Sonho de todos os sonhos

Carregados em nossas mãos

Como uma eternidade guardada na alma

Como se fosse uma flor perfumada

Pois aqueles que lutam

Não morrem sem dignidade

Mesmo quando massacrados

Com a covardia própria

De governantes ditadores e pedantes!

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Roberto Deitos é poeta e professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

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