O massacre no Paraná não matou a dignidade dos que lutam
- Detalhes
- Roberto Antônio Deitos
- 29/04/2016
“Tornei-me o escárnio de todo o meu povo/ o assunto das suas cantilenas diárias” (Lamentações: 3, 14)
No dia 29 de abril no Paraná
O primeiro de maio de 2015
Foi antecipado numa luta
De milhares de pessoas
Trabalhadores de todos os cantos
Sonhando com a vida e a dignidade
Foram condenados pelo governante.
Tropas de combate de guerra
Pelotões de choque
Com a fúria da morte
Massacre premeditado pelo governante.
A dignidade atingida com bombas
Cachorros treinados para matar
Balas e armas de gás envenenando pessoas
Genocídio planejado pelo governante.
Helicópteros e bombas de gás lançadas
Dos prédios e das aeronaves
Atiradores de elite posicionados
Jogando bombas de gás
Como se fosse uma guerra de exércitos
Um armado e violento
Outro somente com o corpo e a alma
Únicas armas da dignidade
Contra a fúria e a violência
Programada em gabinete do governante.
Deputados sequestrados
Outros contra o povo
Muitos presos em suas negociatas
Outros presos pelo presidente da Assembleia
A minoria contra o projeto era refém da maioria
E do presidente da casa
Que com fúria de imperadores
Mantinha todos encarcerados
Lançando mão da pedanteria tornou-se
Fiador do totalitarismo do governante.
Há aqueles que vendem
O sangue de seu povo
E não são dignos
Dos cargos que ocupam.
Há aqueles que
Vivem sem o conforto da dignidade
No submundo de sua pequenez
No submundo de sua estupidez
No submundo de sua bestialidade
No submundo de suas grandezas
Serão condenados pela história!
Mas existem aqueles
Que lutam dias
Que lutam noites
Que lutam vidas
Que lutam tempos
Que lutam sonhos
Que lutam dignidades.
Há aqueles que lutam sonhos
De todos os dias
De todas as noites
De todas as vidas
De todos os tempos
De todas as dignidades
De todos os sonhos sonhados
Guardados no fundo da alma
Como sentimento de fé
Que brota da vida
Sonho de todos os sonhos
Carregados em nossas mãos
Como uma eternidade guardada na alma
Como se fosse uma flor perfumada
Pois aqueles que lutam
Não morrem sem dignidade
Mesmo quando massacrados
Com a covardia própria
De governantes ditadores e pedantes!
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Roberto Deitos é poeta e professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.