Correio da Cidadania

Um sínodo, um pontificado

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Neste domingo, 4 de outubro, dia de São Francisco, começa em Roma o aguardado sínodo sobre a família. Ele se prolongará até o dia 25 deste mês. Será seguido de perto, não só pela Igreja Católica, mas por muita gente que intuiu que este sínodo não se limitará a aprofundar um assunto, mas servirá de referência para a definição do pontificado do papa Francisco.

 

De fato, vai ficando cada vez mais clara a estratégia do papa. Com a realização de dois sínodos, um em seguida ao outro, as atenções são direcionadas para um assunto que em si mesmo é importante, mas que, sobretudo, serve de termômetro para medir a verdadeira postura da Igreja diante dos problemas que a humanidade vive hoje.

 

Neste sentido, a família é a realidade mais consistente que simboliza a humanidade inteira. Isto permite a afirmação mais categórica e mais abrangente do mistério salvífico que somos chamados a professar.

 

Se a realidade da família representa bem a complexa existência humana, podemos fazer a grande afirmação que resume nossa convicção cristã, e nos coloca numa perspectiva ampla e inesgotável: Deus se compadeceu da família humana, e resolveu redimi-la, enviando-nos o seu Filho Único, que desencadeou sua ação salvadora começando por assumir uma família, e se  inserindo através dela no contexto concreto da humanidade.

 

Assim, se buscássemos uma realidade representativa de toda a humanidade, não precisaríamos titubear: olhemos para a família, e nela iremos encontrar os desafios que a trajetória humana nos apresenta.

 

Esta prioridade que o papa Francisco vai dando à família, não é aleatória. Vai emergindo hoje, em toda a sociedade, uma salutar preocupação pela situação da família. Talvez por ver quanto se tornou adverso hoje o ambiente para uma vivência familiar das pessoas, e quantos atropelos a família precisa enfrentar no contexto social e cultural.

 

Em todo caso, concordamos facilmente que é dever do papa sair em defesa da família, como vem fazendo de maneira exímia.

 

O que nem todos concordam é com a postura que o papa Francisco propõe para uma ação concreta em defesa das famílias. Pois a insistência do papa em abordar a questão familiar tem por finalidade encontrar ações concretas que possam servir de apoio à família em meio aos problemas que hoje ela enfrenta. Sua preocupação, portanto, é de ordem pastoral. Consiste em encontrar meios concretos de apoiar as famílias, para fortalecer uma verdadeira “pastoral familiar”.

 

Neste breve tempo de pontificado, com seus gestos e suas palavras, o papa Francisco conseguiu assinalar com muita clareza uma insistência que já se constituiu na marca definitiva do seu pontificado. Ele propõe a misericórdia como fonte inspiradora de toda a atitude da Igreja diante da família, e como inspiração do relacionamento cotidiano com as pessoas.

 

Neste sentido, é muito significativa a decisão do papa em convocar um “jubileu extraordinário da misericórdia”, a se iniciar justo no dia em que a Igreja conclui a celebração dos 50 anos do encerramento do Concílio, no dia 8 de dezembro. Como a dizer que, agora, o caminho concreto para colocar em prática a renovação eclesial proposta pelo Concílio será a atitude de misericórdia, pela qual se torna possível superar os impasses existenciais do convívio humano.

 

O Pontificado do Papa Francisco ficará na história com a marca registrada da misericórdia.

 

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D. Demetrio Valentini é bispo de Jales – SP.

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