Correio da Cidadania

Chapeuzinho e o lobo – fábula brasileira

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Chapeuzinho Vermelho caminhava feliz pela estrada afora, rumo à casa da vovozinha. A menina levava, na cestinha, três presentes: direitos dos pobres, ética na política e reformas de estruturas.

 

O lobo cercava Chapeuzinho por todos os lados e proclamava que, se a menina alcançasse a casa da vovó e se tornasse rainha da floresta, milhares de donos de feudos deixariam o país.

 

Após várias tentativas de ocupar o trono da floresta, Chapeuzinho prometeu, em carta, não incomodar os donos dos feudos. Assim, conseguiu alcançar a casa da vovó.

 

Para assegurar sua permanência na casa, Chapeuzinho fez aliança com o lobo. Admitiu que, afinal, ele não era tão mau assim. E sem ele não poderia governar a floresta.

 

Com o tempo, o lobo se deu conta de que andava mais alijado do que aliado, pois não era chamado a dividir o poder com Chapeuzinho. Passou, então, a preparar armadilhas para a menina. Recusou-se a aceitar as ordens dadas por ela. Ocupou grande parte do quintal da casa da vovozinha. Aprovou medidas capazes de reduzir o poder de Chapeuzinho. E conseguiu o apoio  de todos os bichos da floresta inimigos da menina que se vestia de vermelho.

 

Chapeuzinho, que andava com as contas da casa atrapalhadas, decidiu promover um ajuste. Sem, contudo, incomodar os donos dos feudos. Reduziria os benefícios dos camponeses e aumentaria os impostos.

 

O lobo resolveu preparar o bote ao ver Chapeuzinho enfraquecida, cercada de atoleiros por todos os lados, o cofrinho vazio e sem o apoio dos habitantes da floresta. Mas não queria comê-la de uma bocada só, como propunham as bruxas. E sim como se toma sopa quente: pelas beiradas. Aos poucos. Até ocupar a cobiçada casa da vovozinha antes que seus concorrentes o fizessem.

 

Frei Betto é escritor, autor do romance policial “Hotel Brasil” (Rocco), entre outros livros. Página e Twitter do autor: http://www.freibetto.org/;    twitter:@freibetto.

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