Correio da Cidadania

Novas manifestações pelo transporte público em Florianópolis, 10 anos depois da Revolta da Catraca

0
0
0
s2sdefault

 

 

Berço das Revoltas da Catraca em 2004 e 2005, a população de Florianópolis e região metropolitana (SC) mais uma vez protesta contra o aumento das tarifas do transporte coletivo.

 

O reajuste autorizado pela prefeitura fez com que a tarifa subisse de R$ 2,58 para R$ 2,98 no cartão, e de R$ 2,75 para R$ 3,10 no dinheiro. O valor teve um acréscimo de 15%, e entrou em vigor no dia 11/01/2015.

 

A situação é ainda pior no transporte intermunicipal da região metropolitana, que AUMENTOU DUAS VEZES só em 2014. Quem mora no continente, está gastando de R$ 3 a R$ 6,20 por rodada de catraca e nem integração tem!

 

 

Segundo o advogado do Consórcio das empresas que operam na cidade, foram contabilizadas para o aumento a variação dos valores dos combustíveis, das carrocerias, da mão de obra, calculadas pelo IGP, além da manutenção dos postos de trabalho de 414 cobradores, por determinação do TRT. Segundo a prefeitura e o consórcio, o reajuste teria sido de 7,14% caso os cobradores tivessem sido demitidos.

 

A jogada combinada entre a prefeitura e o consórcio de empresas já foi desmentida pelo TRT, que afirmou que a decisão do tribunal de manter os 414 cobradores foi anterior ao edital que estabeleceu as novas regras para o funcionamento do transporte coletivo na capital, datado de 2013. O edital em questão, solenemente, ignorou o que havia sido decidido pelo Tribunal, e quase dois anos depois colocou a culpa no mesmo pelo reajuste abusivo das tarifas.

 

Essa dobradinha entre prefeitura e empresas de ônibus não é novidade para nós, que há anos enfrentamos este conluio na cidade. Depois de muitos anos operando sem licitação, desde setembro de 2013 o processo da nova licitação do transporte se arrastava na base do autoritarismo, da falta de diálogo e da arbitrariedade do poder público, que recusou de todo jeito a participação popular.

 

O nome escolhido pelo consórcio vencedor (e único participante) da licitação pareceu até provocação: Fênix. Formado pelas 5 empresas que controlam o transporte de Florianópolis desde 1926, ano em que os primeiros ônibus começaram a circular pela cidade, a Fênix irá explorar o sistema até 2034, totalizando 108 anos de controle do transporte da cidade! Nas palavras do TCE: “constatando-se apenas a alteração de razão social e incorporação, com fortes características de grupos familiares e nichos de mercado”.

 

Desde que o novo consórcio começou a operar, foram feitas muitas promessas para os usuários. Promessas que não foram revertidas em melhorias. Os usuários reclamam da falta de horários, da manutenção dos veículos e, principalmente, do alto valor da tarifa, que não condiz com a qualidade dos serviços prestados.

 

Além da licitação, que mudou tudo para ficar como está, a prefeitura também tem planos de construir um Teleférico para “solucionar” os problemas de mobilidade da capital. Para isto, pretende contrair um empréstimo de cerca de R$ 152 milhões com a Caixa Econômica (recursos do PAC II). A obra tem sido criticada por ser cara e ineficiente, sendo possível ter resultados muito melhores investindo em corredores exclusivos para ônibus e subsidiando a tarifa do transporte coletivo.

 

Em 2009, Florianópolis foi considerada a cidade com pior mobilidade urbana do Brasil. Nossa cidade tem muitos morros, lagoas e dunas e temos uma ponte como gargalo. Além disso, somos a segunda cidade com o maior número de carros por habitante no Brasil. Com um sistema de transporte público caro e ineficiente como o nosso, a situação só tende a piorar, pois todo trabalhador com condições financeiras irá optar pelo transporte individual.

 

Precisamos repensar a lógica do transporte público para evitar que este trânsito infernal continue sugando cada vez mais tempo de nossas vidas. O acesso a todo direito essencial da população passa por sua mobilidade. Se a lógica do transporte não é garantir e oferecer a possibilidade de deslocamento para o povo, então são restringidos a esta população o direito à educação, habitação, saúde e cultura.

 

Por estes motivos estamos em luta novamente. Já realizamos duas manifestações na semana passada, uma na terça (13) e outra na sexta (16). Felizmente, até o momento não houve confronto algum com a polícia.

 

Nesta sexta, dia 23/01, nos juntamos a outras cidades do Brasil em um ato unificado pela redução imediata das tarifas, contra a repressão policial e pela implementação do projeto Tarifa Zero.

 

Resistir até a tarifa cair!

Por uma vida sem catracas!

Frente de Luta pelo Transporte Público – Grande Florianópolis

http:/lataofloripa.libertar.org/

 

Vídeo de chamada para o Ato Nacional #ContraATarifa do dia 23

 

Frente de Luta pelo Transporte Público – Grande Florianópolis

0
0
0
s2sdefault