Correio da Cidadania

Um futebol sem torcedores

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Agora vejam se isso é possível.

 

Para correr atrás de um dinheirinho a mais, a diretoria do Bayern resolve levar alguns jogos do campeonato alemão, no qual tem o mando de campo, para outras cidades. Tudo por conta de convidativos cachês. É aquela historia, não que o clube esteja mal das pernas, mas um dinheirinho a mais é sempre bom. E melhor assim, várias cidades terão oportunidade de ver Robben e cia ilimitada desfilando todo o seu talento.

 

Tal exemplo, de tão bom, acaba se espraiando por toda a Europa. Ansiosos por mais bufunfa nos cofres, outros clubes passam a seguir tão honrosa e desportiva lição.

 

A Juventus, por exemplo, passou a mandar vários jogos para cidades de menos tradição futebolística que Turim. Os lucros obtidos foram tão fartos, e, portanto, bastante satisfatórios, que outros times buscaram se espelhar na Vecchia Signora, levando seus jogos para outras praças, como Milan, Inter e Roma.

 

E a onda dinheirista não para por aí. As torcidas de outras grandes agremiações também estão sendo mandadas solenemente para escanteio. Casos de Manchester United, Benfica, PSG, Olimpique, Ajax e Borussia Dortmund.

 

Na Argentina, não tem sido diferente. Até mesmo times de aficionados fanáticos como Boca Juniors e River Plate têm aderido a essa onda. Hoje, até torcedores de Neuquém, Mendoza, Salta e Jujuy já podem ver algumas partidas do campeonato argentino em suas cidades. Os cofres dos clubes têm engordado consideravelmente. Já os seguidores dos times, que sempre acompanhavam os jogos no La BomboneraMonumental de Nuñes, estão revoltados com a postura de suas respectivas diretorias, dizem que isso irá matar os clubes aos poucos, solapando a sua identidade com a torcida local, cuja paixão é que move esses clubes.

 

Os dirigentes argumentam que se trata de um movimento inexorável de mercantilização do esporte e que, nesse “novo ambiente”, mais moderno e clean, os clubes têm que priorizar o mercado em detrimento das pessoas.

 

Como é duro ser torcedor de futebol nesses países. Ainda bem que sou brasileiro.

 

Imaginem que absurdo seria um time do Rio ou São Paulo levar vários de seus jogos para o Pantanal, Floresta Amazônica ou Brasília?

 

Cada uma...

 

Leonardo Soares é historiador e boleiro.

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