Correio da Cidadania

O fascismo de mercado

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O confuso cantor Lobão continua participando das manifestações pelo impeachment da presidente Dilma. Mas agora, num episódio com menos de 600 pessoas, ele tratou de se diferenciar daqueles que querem a volta da ditadura militar e ainda conseguiu que os expoentes da extrema-direita fossem retirados do protesto contra o governo federal.

 

Na verdade, Lobão parece preferir o fascismo do mercado, do Banco Central, igual ao da Rede Globo, dos Marinhos e assim se desnuda a opção de direita do governo Dilma/Lula.

 

Enquanto isso, um combativo candidato a deputado federal pelo PT lamenta não ter conseguido se eleger, pois teve apenas 64 mil votos.

 

Ainda assim, obteve quase 10 vezes mais votos do que os minguados sete mil do PCB, na Bahia. Personagem importante do livro da AP, ele diz estar à esquerda no PT, mais apoia o governo social-liberal e se empenhou para reeleger Dilma Rousseff no segundo turno.

 

Com certeza não deve ter gostado da elevação da taxa de juros Selic pelo governo federal logo depois da eleição e da nomeação de gente da confiança do “mercado” para chefiar a equipe econômica.

 

Passada a histeria de que Aécio representava a volta ao passado dos governos de FHC (representava mesmo) e assim conseguiu-se apoio para Dilma até de parlamentares do PSOL, o governo federal vai demostrando que serve aos interesses dos banqueiros e do mercado financeiro.

 

Suas escolhas são de direita e não de esquerda, apesar da direção de movimentos sociais combativos e uma esquerda perdida e oportunista dizerem o contrário.

 

A crise econômica mundial chegou ao Brasil e se junta à corrupção na Petrobrás, conforme denúncias da mídia comercial, interessada apenas na privatização de vez da estatal.

 

A mídia comercial, o PSDB, as burguesias tupiniquim e internacional não querem de verdade combater a corrupção, inerente aos sistemas capitalistas, nacional e mundial.

 

Teremos tempos duros e lutaremos. Mas sem esquerdismo e doutrinarismo. Sabemos que a prática é o único critério da verdade e que o tempo se encarrega das lições.

 

Ao fim, mais hoje, mais amanhã, as bases se rebelarão. Também se baterão pelo socialismo e pela revolução.

 

 

Otto Filgueiras é jornalista e está lançando o livro Revolucionários sem rosto: uma história da Ação Popular.

Comentários   

0 #1 A CONFUSÃO ENTRE REFORMA E REVOLUÇÃODARCY BRASIL 11-12-2014 11:22
Quando apoiei ativamente a reeleição de Dilma, jamais tive dúvidas de que as opções feitas pelos ministros da área econômica poderiam recair sobre nomes como os que ela acabou escolhendo, sobretudo porque não enxergava uma pressão de ruas suficientes para se contrapor às pressões institucionais e midiáticas que se fazem sobre o seu governo. O companheiro escreve como se todos aqueles que apoiaram a reeleição de Dilma tivessem ilusões de que ela adotaria uma política progressista no campo econômico espontaneamente. É fato de que a maioria dos eleitores de Dilma, da militância de esquerda, talvez, acreditasse nessa possibilidade. E por que acreditam nesse absurdo? Porque raciocinam como reformistas, mesmo quando parecem ser esquerdistas , como o companheiro. Nós , ao contrário, participamos dessa luta institucional sem grandes ilusões pequeno-burguesas de que um presidente da república voluntarista poderia implantar de cima para baixo um programa de reformas progressista, supondo confiante de que com isso mobilizaria a sociedade em sua defesa. Fantástico! Essa concepção nos pouparia certamente de todo árduo trabalho de mobilização, organização e conscientização que foram necessários em todos os lugares em que transformações políticas radicais aconteceram. Teríamos enganado a história: mobilizando eleitores para eleger um presidente progressista, saltaríamos a etapa da mobilização, organização e conscientização do proletariado para efetuarmos a revolução. O governo Dilma ( o qualquer outro como ele, independentemente de que tenha sido eleito Otto Figueiras para a presidência) será sempre o produto do balanço entre as pressões institucionais, hegemonizadas pela direita, pelos representantes das classes dominantes, e as pressões das ruas, construídas pela unidade de ação das forças populares. Por isso, as alianças institucionais não devem inviabilizar as alianças não-institucionais. Esse governo pode ser pressionado a agir tal como desejamos, mas , para que isso ocorra, teremos que parar de ficar falando sobre as suas escolhas no momento presente, parar de ser pautados , de certa forma, por ele e pela agenda da direita, para construirmos as lutas e mobilizações capazes de alterar a correlação de forças na sociedade, elevar o nível de mobilização, consciência e organização dos trabalhadores e do povo, e mudar o comportamento do próprio governo. Por isso escolhemos apoiar o nome de Dilma: ela pode ser levada (no futuro, se tivermos competência para nos unirmos e centrarmos a nossa atuação nos movimentos sociais, acumulando forças populares) a fazer aquilo que esperamos dela, se a nossa pressão for suficiente. Um governo Aécio Neves jamais cederia sem antes acentuar a repressão contra os movimentos sociais. O companheiro parece desconhecer o lugar da luta institucional e, na prática, dá muito mais valor a essa luta do que deveria dar. O protagonista da história continua sendo o proletariado. O centro de gravidade de nossa atuação continua sendo o das lutas que se travam nas ruas, nas escolas , nos sindicatos e nos diversos movimentos sociais. Deveríamos , entretanto, ter escolhido , como o fizemos, um candidato nas eleições presidenciais. Dizer que Dilma é igual a Aécio é uma grande estupidez. Porém, não basta eleger um bom nome para a presidência e pretender que esse nome cumpra o papel que pertence a partidos e movimentos revolucionários. Dilma não foi reeleita para fazer a revolução. Foi eleita para produzir uma situação mais favorável às lutas que deveríamos estar travando, em vez de ficar lamentando que um voluntarista salvador da pátria não tivesse sido eleito no lugar dela, contaminados pela ilusão pequeno-burguesa sobre as possibilidades de transformar o Brasil pela via institucional.
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