Correio da Cidadania

Coragem de pensar grande

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O Brasil deve a alguns lúcidos brigadeiros do ar a existência de uma das mais importantes indústrias aeronáuticas do mundo.

 

A história dessa empreitada já é bem longa. Começou em São José dos Campos, passou por vários estágios, e culminou com a construção da Embraer – uma empresa de ponta que trouxe bilhões de dólares ao país.

 

Pois bem, a crise atingiu a empresa e o flagelo do desemprego já desabou sobre os operários.

 

As soluções aventadas até agora são: aceitar as demissões como algo inevitável ou fazer pequenos repasses de dinheiro público à companhia (cuja maioria de capital é estrangeira) para que ela retenha os funcionários mais alguns meses. São duas alternativas derrotistas.

 

A única alternativa real para o problema criado é a reestatização, medida que se justifica não apenas pela manutenção do emprego. Mas porque, como os economistas ensinam nos cursos de graduação, a parcela mais importante do capital de uma empresa é o conhecimento técnico que ela vai acumulando, ao longo do tempo, na memória dos seus empregados.

 

A demissão em massa dos seus empregados é, para a memória industrial da Embraer, o mesmo que espalhar ao vento as plumas de uma almofada. Quando a crise for superada, não haverá como reverter a debandada dos funcionários e, portanto, não será possível recuperar essa memória. O que restar da companhia não terá como manter a posição de ponta que ela ostenta atualmente. O Brasil estará mais pobre.

 

Dir-se-á que não tem sentido manter ocioso o pessoal de uma fábrica que não consegue vender a sua produção. Essa é a lógica da empresa privada. Não a lógica de um povo que aspira construir um estado nacional autônomo.

 

Neste contexto, tem toda justificativa lógica o gasto público requerido para conservar os empregados da empresa, pois isto permitirá converter parte das suas atividades à pesquisa tecnológica, a fim de aumentar a porcentagem dos componentes de fabricação que hoje são importados e, portanto, de aumentar a presença do Brasil nesse mercado.

 

Além disso, como todos sabem, também se localizam em São José dos Campos duas importantes instituições - o ITA (Instituto Técnico da Aeronáutica) e o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) – que reúnem cientistas e técnicos da mais alta qualificação.

 

Se a coragem de pensar grande vencer o derrotismo, será possível estabelecer uma parceria da Embraer com essas instituições a fim de executar, nestes tempos de vacas magras, experimentos que trarão ao país, quando as chuvas voltarem a irrigar os pastos, um rendimento exponencialmente superior ao gasto com a manutenção integral da fábrica.

 

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