Barack Obama
- Detalhes
- Andrea
- 07/11/2008
Barack Obama esbanjou talento e competência na campanha presidencial norte-americana. Se não bastasse seu desempenho nos palanques e debates, só chegar até onde ele chegou, partindo de onde partiu, demonstra que a Casa Branca está sendo ocupada por uma pessoa diferenciada.
A esperança de que ele resolva os graves problemas que preocupam a humanidade explica o enorme entusiasmo com que sua vitória foi saudada em todo o mundo.
O problema é que a solução da enrascada em que o neoliberalismo meteu o mundo não depende de uma pessoa, por mais dotada que ela seja.
A crise econômica e política já adquiriu tais proporções que não será resolvida brevemente e sem muita luta e sacrifício.
Menos ainda se Obama decidir pôr em prática a política que esboçou na campanha para solucionar o impasse do Oriente Médio. Sair do Iraque e entrar no Afeganistão significa trocar seis por meia dúzia. O poderio militar das potências do hemisfério norte, como assinala Eric Hobsbawm, é suficiente para esmagar, em muito pouco tempo e com escassas perdas, os raquíticos exércitos dos países subdesenvolvidos. Porém, como se viu na Somália, na década de 80, e está se repetindo atualmente no Iraque, nenhuma dessas gigantescas máquinas de guerra tem condições de ocupar permanentemente uma nação pobre do hemisfério sul.
Os norte-americanos e o mundo todo agradecerão a Obama se ele esquecer a segunda parte da sua política para o Oriente Médio no exercício do seu mandato.
Esse agradecimento será ainda maior se vier a tomar, de fato, as medidas que prometeu para defender os trabalhadores e a classe média dos efeitos perversos da crise econômica.
E este será o grande teste da sua capacidade política. Mas, se sua equipe econômica for constituída pelos assessores que ele ouviu na campanha - Paul Volcker, Robert Rubin, L. Summers -, vai se dar mal.
A crise econômica é um episódio daquilo que Phillip Bobbit denomina "guerra epocal". Trata-se do embate das forças do mercado contra o Estado-Nação, a fim de implantar o sucessor deste: o Estado-Mercado do século XXI. Não é com figuras estelares do mercado que Obama poderá vencer essa guerra e realizar a mudança que ele, embora sem detalhar, afirmou tantas vezes ter o povo norte-americano condições de realizar - "Yes, we can".
A crise de 1929, cuja origem Bobbit situa nos problemas que provocaram a Primeira Grande Guerra, só foi resolvida após a Segunda Grande Guerra, em 1947, no acordo de Bretton Woods.
É um processo dessa magnitude que estamos enfrentando agora. A consciência de tal realidade nos ajuda a colocar numa perspectiva correta a vitória de Obama em 4 de novembro, sem frustrar a alegria que este sopro de esperança despertou em todo o mundo.
Império é sempre império, mas evidentemente é melhor ter um Marco Aurélio do que um Nero no comando.
{moscomment}
Comentários
todos os problemas do mundo! hum pq os de honduras ele não quis resolver.
Assine o RSS dos comentários