Correio da Cidadania

A hora de saber quem somos

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As duas ameaças que pesam sobre a economia capitalista são: o esgotamento das reservas de combustível fóssil e a poluição ambiental causada pelo uso desse combustível.

 

Centenas de bilhões de dólares vêm sendo gastos em pesquisas de fontes alternativas com resultados ainda insuficientes para assegurar a sustentabilidade do sistema. Outras centenas de bilhões são gastos no estacionamento de tropas norte-americanas na região dos maiores depósitos de petróleo e nas guerras que isto ocasiona.

 

Pode-se imaginar, portanto, com que grau de atenção as potências mundiais estão acompanhando o noticiário a respeito da descoberta de enormes reservas de gás na camada de pré-sal situada em frente ao litoral de Santos. Se a notícia for confirmada, a posição atual do Brasil no sistema capitalista será substancialmente modificada - para o bem e para o mal. Não é desarrazoado afirmar mesmo que o Brasil se encontra atualmente numa encruzilhada semelhante à da Venezuela e da Arábia Saudita. Todos nós sabemos o que a riqueza do petróleo trouxe para esses países.

 

Ainda que as reservas não sejam tão fabulosas como à primeira vista parecem ser, elas provocarão alterações importantes na economia do petróleo e na economia brasileira.

 

Estamos, nós brasileiros, mais preparados do que esses países para responder a uma situação que, de um lado, abre perspectivas extraordinárias de crescimento econômico e que, de outro lado, envolve riscos igualmente extraordinários, não só do ponto de vista econômico, mas até mesmo do ponto de vista da soberania nacional?

 

Sob o ângulo técnico, a resposta é positiva. A Petrobrás desenvolveu uma grande capacidade técnica, especialmente no campo da perfuração de poços submarinos.

 

A dúvida surge quando a questão é posta em termos políticos, porque tudo faz supor que falecem às forças integrantes do nosso "establishment" político a honorabilidade e a coragem requeridas para organizar a exploração dessa fonte de riquezas em benefício do conjunto da população. Se esta não participar do embate que será inevitavelmente travado entre a cobiça das grandes potências e os interesses da nação no processo de exploração do gás do pré-sal, o prejuízo será certo.

 

Daí decorre a necessidade de articular urgentemente um movimento de opinião pública semelhante ao que assegurou a existência da Petrobrás nos anos 50 para reivindicar, antes mesmo do posicionamento sobre as modalidades de exploração, a informação cabal sobre a matéria. É inadmissível que assunto de tamanha gravidade seja levado ao público por meio de declarações de ministros de Estado que não querem ser identificados.

 

As entidades da sociedade civil e os partidos progressistas e de esquerda precisam abrir espaços em suas agendas para exigir a instauração imediata de uma CPI sobre o pré-sal como única maneira de possibilitar que todas as forças políticas e sociais da nação tenham acesso ao conhecimento do problema. Só assim poderão participar do debate de forma esclarecida.

 

Precisamos encarar a descoberta do pré-sal como um teste: o da nossa capacidade enquanto povo de administrar autonomamente nossas riquezas e nosso destino.

 

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Comentários   

0 #2 As várias variáveisArmando 30-08-2008 08:44
Muito bem lembrada pelo comentário que me antecede a Questão Ambiental. Dá-se as vantagens dessa descoberta de novas reservas como fato consumado - sem questionar o impacto ambiental - como se tem feito com o bio-combustível, com a construção de novas usinas hidrelétricas, e como se apregoa a ampliação da produção de energia nuclear com Angra 3.
Talvez seja necessária a criação de uma grande CPI (Comissão Popular de Inquérito), em nível nacional, para se investigar, questionar e avaliar todo o Sistema de Produção de Energia do país, que envolve interêsses gigantescos, e trará consequências de igual monta para toda a nação.
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0 #1 a variável ambientalDanilo Pretti Di Giorgi 27-08-2008 13:45
Quando comecei a ler o texto, achei que seria o primeiro até agora que eu leria sobre o tema abordando o ponto mais importante dessa história, apesar de esquecido: a questão ambiental. Qdo a polemica é o tal de pré-sal fala-se de economia, geopolitica, estatismo e privatização, mas ninguem parece lembrar que precisamos reduzir drasticamente a queima de petroleo. Todos partem do principio que as novas reservas de petroleo devem mesmo ser trazidas à tona e queimadas como sempre. Infelizmente o autor do texto não desenvolveu no decorrer do editorial o tema levantado no primeiro paragrafo...
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