Correio da Cidadania

O ano de 2008 será de ilusões – oops, eleições

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Já sabemos o que vai acontecer: no primeiro semestre, haverá intensa movimentação nos bastidores dos partidos - paraíso das colunas de intrigas políticas e das revistas que vivem do negócio de denunciar candidatos; no segundo semestre, todos os políticos irão para as ruas, à cata de votos para seus candidatos.

 

Há um quê de patético nessa repetição enfadonha do ritual eleitoral, porque se sabe, de antemão, que o palavrório todo não irá mudar substancialmente nada. Alteração mesmo, só haverá é no cacife dos partidos e dos seus respectivos caciques - elemento importante na hora de negociar com Lula o lugar de cada um no vagão do oficialismo.

 

O problema não consiste na intenção dos candidatos ou na falta de atributos para exercer os cargos que pleiteiam. O obstáculo às alterações é de natureza estrutural: as carências acumuladas pelas populações pobres dos municípios (e elas estão presentes em todos eles) superam de muito os recursos que as prefeituras podem arrecadar para supri-las. Só uma reforma estrutural poderia remediar as limitações dos orçamentos municipais. Mas sobre isto, os candidatos não dirão palavra.

 

Este quadro dramático recomendaria, a rigor, o voto nulo. Contudo, não é o caso de fazê-lo, porque a campanha eleitoral pode ter uma serventia. Quem estiver disposto e souber aproveitá-la terá, lá por agosto ou setembro - quando a população começar a se interessar pela eleição -, oportunidade de usar o horário eleitoral e, sobretudo, o debate entre os candidatos, para fazer a denúncia da farsa eleitoral e do sistema capitalista.

 

Embora a grande maioria da população deteste o horário eleitoral e as redes de televisão fixem o horário dos debates para as horas em que a grande massa está dormindo, sempre haverá meios de atingir um número relativamente grande de pessoas. No clima de marasmo que tomou conta da sociedade brasileira, esta perspectiva, embora pequena, já é um avanço.

 

Quanto ao resto, ou seja, à economia, à segurança, à ecologia, à autonomia do país, à educação, à saúde, cabe apenas assinalar que, enquanto os políticos estiverem dedicados a criar ilusões que, sabem, não poderão ser concretizadas, o mercado capitalista, livre de quaisquer peias, se encarregará de aprofundar a reversão da sociedade brasileira à condição neocolonial. Poderemos acabar tendo saudades de 2007!

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Comentários   

0 #4 eleiçõesazarias esaú dos santos 07-01-2008 11:06
Voto obrigatorio,só para reafirmar nosso papel de bobo.Na baixada santista, os votos são determinados pelo monopolio do transporte público; pelas firmas que ganharam a privatização do porto; pelo complexo de shopping e supermercados; pelas grandes construtoras de espigões e pela Associação de Faculdades(privadas). O pequeno comércio, os trabalhadores e desempregados(40% da população da baixada,entre l6 e 50 anos)são robots em filas indianas em dia de eleição. Não citei ainda as firmas terceirizadas dentro das áreas da Petrobas e Cosipa.Abraços.Azarias.
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0 #3 Acorda povo brasileiroLuciana Oliveira 05-01-2008 10:08
É preciso que o povo(digo em sua grande massa, aquela que elege com milhões de votos)saia do seu estado de letargia, acorde para a realidade de sua responsabilidade enquanto eleitor, enquanto indicador dos rumos deste país. O ano de 2008 será regado de promessas e ludibriações mais uma vez, vamos mostrar que somos inteligentes e podemos mudar o rumo das coisas nesse país, vamos nos movimentar, alertar os desavisados, conscientizar os inertes, vamos agir. Eu quero deixar para meu filho e meus netos um país de pessoas conscientes e honestas que eu acredito que exsistem no Brasil. Eu luto pela conscientização.
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0 #2 Dimas 03-01-2008 18:33
Acredito que a população nao esteja mais embarcando nas ilusoes criadas pelos politicos.Mas cabe lembrar,que mesmo assim,os politicos nao acordaram para essa realidade e continuam com um discurso desatualizado e enfadonho.Na verdade está mais do que na hora de a sociedade civil tomar nas maos o seu destino e fazer historia.So assim poderemos visualizar uma luz no fim do tunel.
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0 #1 eleiçoes 2008jose carlos tisiu 03-01-2008 13:56
compriendo que para os trabalhadores,a luta por transformações estruturais da sociedade brasileira,não se dara nos moldes de uma eleição ,cuja principal base,de sustentação politica e o poder de buscar grandes financiadores privados, para apoiar o partido a ou o partido b,numa sociedade capitalista, porem entendo tambem que pregar a abstinencia, ou o voto nulo não ajuda a educar, os trabalhadores, o papel daqueles que dizem de esquerda ,é aproveitar os limitados espaços de democracia, no pleito eleitoral e fazer uma profunda denuncia da sociedade burguesa, e que as mudanças só ocorreráo com uma ampla tomada de consciencia do pertencimento de classe dos trabalhadores e trabalhadoras e a necessidade da construção de uma outra sociedade.
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