Correio da Cidadania

Bom senso militar

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O diálogo abaixo reproduz a conversa entre um deputado e um ministro da Marinha, há alguns anos atrás.

 

Deputado: "Ministro, se o Brasil for agredido por um país desenvolvido, nossas Forças Armadas têm algum poder de resistência?".

 

Ministro: "Não. É verdade que nenhum deles terá condições de ocupar nosso território permanentemente. Mas todos eles derrotarão nossas forças".

 

Deputado: "Mesmo países pequenos como a Holanda, a Bélgica, Portugal?".

 

Ministro: "Sim. O que nós, militares, queremos não são vultosos recursos para fazer frente aos países desenvolvidos. O que queremos é dispor de forças suficientes para causar estragos em qualquer país que nos ataque. Sabendo que terão de levar cadáveres para casa, os países militarmente poderosos com certeza buscarão solução diplomática para as pendências que puderem vir a ter conosco, sem logo agir com prepotência e sem impor fatos consumados. O Brasil não conta com recursos suficientes para montar uma grande força bélica, sem consumir recursos necessários para o desenvolvimento econômico e social do país. O máximo que podemos almejar é alcançar um efeito dissuasório com forças armadas bem treinadas e abastecidas".

 

O diálogo acima esclarece bem o assunto. É ridícula a idéia de que precisamos ter Forças Armadas de grande porte a fim de nos equiparar ao poderio militar venezuelano. Não temos adversários no mundo subdesenvolvido, e menos ainda na América Latina, que justifique esse esforço.

 

O lamentável argumento de que precisamos nos emparelhar com as forças armadas venezuelanas visa apenas demonizar a figura de Chávez. Ao comprar armamento para suas forças armadas, Chávez está apenas substituindo armas de fabricação norte-americana por outras provenientes de fontes diversas, a fim de não ficar nas mãos do único país que está hostilizando concretamente o processo bolivariano.

 

Na verdade, as únicas agressões que, de fato, poderemos eventualmente sofrer virão de países desenvolvidos que se considerem prejudicados por alguma posição brasileira e resolvam vir até aqui decidir militarmente a questão. Não devemos nos esquecer de que a maioria deles dispõe de forças especialmente preparadas para essas hipóteses. Há uns cinco anos atrás, o ex-presidente da França, Jacques Chirac, promoveu uma grande reforma nas forças armadas francesas com o objetivo declarado de capacitá-las a enviar, em 48 horas, a qualquer parte do mundo, 80.000 homens totalmente equipados para a guerra moderna.

 

A ponderação daquele Ministro da Marinha, hoje aposentado, é do mais puro bom senso. O Jobim ganharia muito em ter uma prosa com ele.

 

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