Correio da Cidadania

Um desserviço à luta dos trabalhadores

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No dia 24 de outubro, vários movimentos sociais, sob a coordenação da CONLUTAS e da INTERSINDICAL - dois movimentos sindicais que vêm com denodo resistindo aos ataques que o governo Lula desfere contra os direitos da classe trabalhadora –, conseguiram a proeza, apesar da omissão das Centrais Sindicais pelegas, incluída a CUT, de reunir cerca de 15 mil trabalhadores das várias regiões do país para uma grande marcha em Brasília. Marcha que teve seu início no pátio de estacionamento do estádio Mané Garrincha, percorreu a avenida que leva até a Esplanada dos Ministérios, parando em frente ao Ministério da Previdência – comandado pelo ministro Luiz Marinho, antigo presidente da CUT, defensor das propostas de reforma encaminhadas por Lula – e fazendo ali um marcante ato de protesto contra a Reforma da Previdência.

Todos os movimentos que participaram da organização do evento, assim como os partidos de esquerda e outros movimentos que estão na mesma luta, puderam expressar seu descontentamento e sua repulsa à pretensão do governo em arrancar, pela força da corrupção e do entreguismo, direitos inalienáveis de todos aqueles que produzem as riquezas deste país: o direito inalienável em ter uma velhice tranqüila, recebendo em troca um pouquinho do muito que ajudaram a construir com tantos anos de trabalho suado. Mais do que isso, ao longo de tantos anos dando sua contribuição previdenciária – um confisco oficial de parte dos seus salários -, constituindo uma poupança que deve lhes assegurar o justo gozo desta última fase de suas laboriosas vidas.

Deveria ser um ato onde a luta contra a Reforma da Previdência e demais reformas no campo da legislação trabalhista fosse seu centro. Os movimentos cumpriram seus acordos que levaram àquela unidade e ação política; o recado foi dado e a continuidade da luta para impedir tal reforma garantida.

Porém, nem todos deram sua verdadeira contribuição. Infelizmente, setores do PSOL (Partido da Solidariedade?) resolveram agir por conta própria, procurando colocar como centro dessa manifestação os ataques ao corrupto senador Renam Calheiros. Uma equipe organizou uma “pizzataiada”, encenada em frente ao mesmo ministério, com caracterizações do próprio Renan e de vários deputados e senadores. Os organizadores do ato, democraticamente, não impediram a encenação. Porém, pouco mais atrás, ao lado, um carro de som (tipo trio elétrico), com faixa do partido, pedia o corte da cabeça política do senador, para, em meio às falas estabelecidas e realizadas no carro chefe da manifestação, ligar seu som próprio e, unilateral e totalitariamente, tentar interferir no andamento do ato de protesto. Lamentável atitude de um partido que se pretende democrático e solidário com a classe trabalhadora, em nome da qual ousa falar. Procurou transformar uma luta que é de toda a classe em ato político seu, numa demonstração da estreiteza que graça no meio político partidário de nossa triste esquerda.

Como não podia ser diferente, a mídia - o grande baluarte defensor dos interesses do capital – deu destaque aos entreveros e aos ataques a Renan, omitindo descaradamente do conhecimento da opinião pública aquilo que foi a razão de ser da manifestação: o protesto da classe trabalhadora contra os assaltos aos direitos trabalhistas, principalmente aos direitos previdenciários.

Sem dúvidas, os representantes do PSOL prestaram um desserviço à luta de resistência da classe trabalhadora, praticando profundo desrespeito aos milhares de participantes e, neste sentido, se igualando à prática do governo petista. Infelizmente só nos resta lamentar e protestar, porque o estrago já foi feito! 

 

 

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

 

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